terça-feira, 4 de março de 2014

Não Há Salvação sem Senhorio

Nunca devemos subestimar a Capacidade dos  seres  humanos  para meter-se em confusão. Parece que a humanidade tem um imperativo gênio para torcer a verdade até que ela deixa de ser verdade e se torna falsidade completa. Dando-se ênfase demais a um ponto e de menos a outro, todo o esquema da verdade pode ser tão modificado que resulta numa conceituação completamente falsa, sem que o percebamos. Este fato se impôs a minha mente há pouco tempo, quando tornei a ouvir  a desacreditada doutrina de um Cristo dividido, doutrina tão amplamente generalizada há poucos anos e ainda  Aceita em muitos círculos religiososEssa doutrina corre mais ou menos assim; Cristo é Salvador e Senhor. O pecador pode ser salvo aceitando-o como Salvador, sem render-se a Ele como Senhor. A sequela prática dessa doutrina é que o evangelista apresenta, e o interessado aceita, um Cristo dividido. Todos nós temos ouvido o lacrimoso apelo feito a pessoas já salvas  para aceitar a Cristo como Senhor e assim adentrarem a vida vitoriosa. Quase todo o ensino sobre a vida mais profunda baseia-se nessa falácia, mas porque contém um germe da verdade, sua validez não é questionada. De qualquer forma, é extremamente simples e bastante popular e, em acréscimo a esses pontos que o tornam vendável, vem quase pré-fabricado para o orador e para o ouvinte, e não exige pensamento nem de um e nem de outro. Assim, os sermões que incorporam essa heresia são pregados livremente, livros são escritos e cânticos são compostos, todos dizendo a mesma coisa; e todos dizendo a coisa errada, exceto, como já disse, por um frágil germe da verdade inerte no fundo.
Ora parece estranho que nenhum desses mestres nunca tenha notado que o único objeto verdadeiro da fé salvadora não é outro que Jesus Cristo mesmo; não a natureza salvadora da obra de  Cristo, nem o ``senhorio´´ dele, mas Cristo mesmo. Deus não oferece salvação a alguém que crê num dos ofícios de Cristo, e nenhum ofício de Cristo jamais foi apresentado como objeto de fé. Tampouco somos exortados a crer na expiação ou na cruz ou no sacerdócio do Salvador. Todos estes são encarnados na pessoa de Cristo, mas nunca se separam, nem jamais um deles fica isolado dos restantes. Muito menos se nos permite aceitar um dos ofícios de Cristo e rejeitar outro ou outros.

A noção de que isto nos é permitido é uma heresia dos dias modernos, repito, e como toda heresia, teve más consequências entre os cristãos. Nenhuma heresia é acolhida impunemente pagamos em fracasso prático por nossos erros teóricos. É completamente duvidoso que seja salvo alguém que venha a Cristo em busca de Seu socorro sem nenhuma intenção de lhe obedecer. A obra salvadora de Cristo está unida para sempre a seu senhorio. Vejam nas Escrituras: `` Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres em Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo... uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que  invocar o nome do Senhor, será salvo” (Rom. 10:9-13 ). Aí o Senhor é o objeto da fé para salvação. E quando o carcereiro de Filipos perguntou como seria salvo, Paulo respondeu: “Crê no Senhor Jesus ,e serás salvo, tu e tua casa” (At 16:31 ). Não lhe disse que cresse no Salvador com a idéia de que poderia mais tarde tomar a questão do Seu senhorio e decidi-la de acordo com a sua conveniência. Para o apóstolo Paulo não podia haver divisão de ofícios. Cristo terá que ser Senhor, ou não será Salvador. Não há intenção de ensinar aqui que o mais zeloso crente não pode ir avante para explorar as sempre crescentes significações de Cristo, nem afirmamos que o nosso primeiro contato comCristo produz perfeito conhecimento de tudo o que Ele é para nós. A verdade é o contrário. Séculos e mais séculos dificilmente serão suficientemente longos para permitir-nos experimentar todas as riquezas da Sua graça. Quando descobrirmos novos significados em Seus títulos e os  fizermos nossos, cresceremos no conhecimento de nosso Senhor e na apreciação pessoal dos múltiplos ofícios que Ele  exerce e das muitas formas de amor que Ele utiliza em Seu exaltado trono. Essa é a verdade que tem sido deformada e reduzida à impotência pela doutrina que podemos crer na Sua obra salvadora, rejeitando embora o Seu senhorio.


Bibliografia

A Raiz Dos Justos   1ª edição brasileira,1983

A.W.Tozer

Editora Mundo Cristão – pag. 56-58

Com Amor Em Cristo, Nosso Senhor

Veredarius

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