Nunca devemos subestimar a Capacidade dos seres humanos para
meter-se em confusão. Parece que a
humanidade tem um imperativo gênio para torcer a verdade até que ela deixa de
ser verdade e se torna falsidade completa. Dando-se ênfase
demais a um ponto e de menos a outro, todo o esquema da verdade pode ser tão
modificado que resulta numa conceituação completamente
falsa, sem que o percebamos. Este fato se impôs a minha mente há pouco tempo,
quando tornei a ouvir a desacreditada doutrina de um Cristo
dividido, doutrina tão amplamente generalizada há poucos anos e ainda Aceita
em muitos círculos religiosos. Essa doutrina corre mais ou menos assim; Cristo é Salvador e Senhor. O pecador pode ser salvo
aceitando-o como Salvador, sem render-se a Ele como Senhor. A sequela prática
dessa doutrina é que o evangelista apresenta, e o interessado aceita, um Cristo
dividido. Todos nós temos ouvido o lacrimoso
apelo feito a pessoas já salvas para aceitar a Cristo como Senhor e
assim adentrarem a vida vitoriosa. Quase todo o ensino sobre a vida mais
profunda baseia-se nessa falácia, mas porque contém um germe da verdade, sua validez não é questionada. De
qualquer forma, é extremamente simples e bastante popular e, em acréscimo a
esses pontos que o tornam vendável, vem quase pré-fabricado para o orador e
para o ouvinte, e não exige pensamento nem de um e nem de outro. Assim, os sermões que incorporam essa heresia são pregados livremente, livros são escritos e
cânticos são compostos, todos dizendo a mesma coisa; e todos dizendo a coisa
errada, exceto, como já disse, por um frágil germe da verdade inerte no fundo.
Ora parece estranho que nenhum desses
mestres nunca tenha notado que o único objeto verdadeiro da fé salvadora não é
outro que Jesus Cristo mesmo; não a natureza salvadora da obra de Cristo,
nem o ``senhorio´´ dele, mas Cristo mesmo. Deus não oferece salvação a alguém que crê num dos ofícios de Cristo, e nenhum ofício de Cristo jamais foi apresentado como objeto de fé. Tampouco
somos exortados a crer na expiação ou na cruz ou no sacerdócio do Salvador.
Todos estes são
encarnados na pessoa de Cristo, mas nunca se separam, nem jamais um deles fica
isolado dos restantes. Muito menos se nos permite aceitar um dos ofícios de
Cristo e rejeitar outro ou outros.
A noção de que isto nos é permitido é
uma heresia dos dias modernos, repito, e como toda heresia, teve más
consequências entre os cristãos. Nenhuma heresia é acolhida
impunemente pagamos em fracasso prático por nossos erros teóricos. É completamente duvidoso que seja salvo alguém que venha a Cristo em
busca de Seu socorro sem nenhuma intenção de lhe obedecer. A obra salvadora de
Cristo está unida para sempre a seu senhorio. Vejam nas Escrituras: `` Se com
tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres em Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo... uma vez que o mesmo é o Senhor de
todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar
o nome do Senhor, será salvo” (Rom. 10:9-13 ). Aí o Senhor é o objeto da fé
para salvação. E quando o carcereiro de Filipos perguntou como seria salvo,
Paulo respondeu: “Crê no Senhor Jesus ,e serás salvo, tu e tua casa” (At 16:31
). Não lhe disse que cresse no Salvador com a idéia de que poderia mais tarde tomar a questão do Seu
senhorio e decidi-la de acordo com a sua conveniência. Para o apóstolo
Paulo não podia haver divisão de ofícios. Cristo terá que ser Senhor, ou não
será Salvador. Não há intenção de ensinar aqui que o
mais zeloso crente não pode ir avante para explorar as sempre crescentes
significações de Cristo, nem afirmamos que o nosso primeiro contato comCristo
produz perfeito conhecimento de tudo o que Ele é para nós. A verdade é o
contrário. Séculos e mais séculos dificilmente serão suficientemente longos
para permitir-nos experimentar todas as riquezas da Sua graça. Quando
descobrirmos novos significados em Seus títulos e os fizermos
nossos, cresceremos no conhecimento de nosso Senhor e na apreciação pessoal dos
múltiplos ofícios que Ele exerce e das muitas formas de amor que Ele
utiliza em Seu exaltado trono. Essa é a
verdade que tem sido deformada e reduzida à impotência pela doutrina que
podemos crer na Sua obra salvadora, rejeitando embora o Seu senhorio.
Bibliografia
A Raiz Dos Justos 1ª edição brasileira,1983
A.W.Tozer
Editora Mundo Cristão – pag. 56-58
Com Amor Em
Cristo, Nosso Senhor
Veredarius
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