terça-feira, 4 de março de 2014

Creio em um só Deus eternamente subsistente em três pessoas : O Pai , o Filho e o Espírito Santo.”

A Paz do Senhor
Prezados irmãos, no espaço “Estudos” nós iniciaremos uma série de estudos bíblicos, para melhor compreensão dos Artigos de Fé. Este é o segundo da série de dezenove estudos programados.

Introdução

Deus é um ser de tal magnitude , que ninguém pode no passado , ou no presente e nunca poderá no futuro , desvendá-Lo ,compreendê-Lo ,entendê-Lo ou descrevê-Lo como se o Mesmo fosse parte das coisas criadas. Quando um homem se sente no direito e com a capacidade de explicar a Divindade , já demonstra a sua ignorância sobre o tema. Em todas as épocas que isso foi tentado apareceram heresias, demonstrando a total incapacidade do homem em tentar compreender a Divindade, e não aceitar pela fé , conforme revelado nas Escrituras; e seguir as orientações do Espírito Santo.
 Pois o primeiro cuidado que devemos ter em mente é que, a nossa mente, a nossa lógica e os nossos pensamentos são finitos , e Deus é por definição infinito; são conceitos excludentes . dentro dessa realidade temos que nos submeter à uma lógica espiritual , cujas premissas nem sempre são coincidentes com a lógica humana, filosófica ou em alguns casos até mesmo com a lógica teológica.


¨A  Existência De Deus ¨   ( ¹ )
A Bíblia não procura oferecer-nos qualquer prova racional quanto a existência de Deus. Pelo contrário: Ela já começa tomando a sua existência como pressuposição básica: ¨No princípio , Deus¨ ( Gn 1.1 ). Deus Existe! Ele é o ponto de partida. Por toda a Bíblia há evidências substanciais em favor de sua existência. Se de um lado ¨disseram os néscios no seu coração: Não há Deus¨ ( Sl 14.1 ); por outro: ¨ os céus manifestam a glória de Deus,e o firmamento anuncia as obras das suas mãos¨ ( Sl 19.1 ). Deus se tornou conhecido mediante o seu ato de criar e de sustentar tudo quanto existe. Ele dá vida , alento ( At 17. 24-28 ), alimento e alegria ( At 14. 17 ).
 Essas ações são acompanhadas por palavras que interpretam o seu significado e  relevância, favorecendo um registro que explica sua presença e propósito. Deus também revela a sua existência através do ministério dos profetas, sacerdotes , reis e servos fiéis.Finalmente, Deus se revelou claramente a nós mediante o Filho e por intermédio do Espírito Santo que em nós habita. Os que ,  entre nós, acreditam que Deus haja se revelado nas Escrituras , descrevem a Deidade única e verdadeira tendo como base sua auto-revelação.
 Vivemos , todavia, num mundo que , via de regra, não aceita esse conceito da Bíblia como fonte primária de informação. E são muitas as pessoas que preferem confiar na engenhosidade e  percepção humanas para lograrem alcançar uma descrição particular da Deidade. Para acompanharmos os passos do apóstolo Paulo na obra de se conduzir a humanidade das trevas para a luz, precisamos ter consciência das categorias gerais dessas percepções terrenas.  Sob o ponto de vista secular de se entender a história, a ciência e a religião, a teoria da evolução tem sido aceita por muitos como fato fidedigno. Segundo esta teoria , à medida que os seres humanos foram evoluindo, também evoluíram suas crenças religiosas e seus modos de expressá-las. A religião é apresentada como um movimento que parte de práticas e crenças simples para as mais complexas.
 Os seguidores da teoria da evolução dizem que a religião começa no nível do animismo ( A crença de que poderes sobrenaturais, ou espíritos desencarnados, habitam nos objetos naturais ou físicos. Tais espíritos, segundo as suas próprias vontades malignas , teriam influência sobre a vida humana ) . O animismo evoluiu-se até transformar-se no politeísmo simples, no qual certos poderes sobrenaturais são considerados deidades. O passo seguinte , ainda segundo os evolucionistas, é o henoteísmo: Uma das deidades atinge uma posição de supremacia sobre todos os demais espíritos, e é adorada em detrimento das outras. Segue-se então a monolatria, quando as pessoas optam por adorar um só dos deuses , sem , porém, negar a existência dos demais.
 A conclusão lógica ( segundo essa teoria ) é o monoteísmo que surge somente quando as pessoas evoluem-se ao ponto de negar a existência de todos os demais deuses e de adorar uma única deidade.  As pesquisas realizadas pelos antropólogos e pelos missiologistas neste  século , demonstram com clareza que essa teoria não é corroborada pelos fatos históricos,  nem pelo estudo cuidadoso das culturas ¨primitivas¨contemporâneas. Quando os seres humanos criam um sistema de crenças segundo os seus próprios desígnios, ele não tende a se desenvolver em direção ao monoteísmo, mas, sim, ao animismo e a crença em vários deuses.  A tendência é cair no sincretismo, acrescentando-se a este deidades recém-descobertas ao conjunto das que já são adoradas.
 Em contraste com a evolução , temos a revelação. Servimos a um Deus que tanto age como fala. O monoteísmo não é o resultado do caráter humano evolucionário , mas do desvendamento que Deus fez de si mesmo. A revelação divina é progressiva na sua natureza à medida que Deus se revelou através dos registros  bíblicos . Já no dia de Pentecostes, após a  ressurreição e ascensão de Cristo, temos a prova de que Deus realmente se manifesta ao seu povo em três Pessoas distintas.
 Nos tempos do Antigo Testamento, porém ,  a  prioridade era estabelecer o fato de que há um só Deus em contraste com os inúmeros deuses cultuados pelos vizinhos de Israel, em  Canaã, no Egito e na Mesopotâmia.  Através de Moisés , essa verdade foi proclamada: ¨Ouve, Israel, o SENHOR , nosso Deus , é o único SENHOR¨ ( Dt 6.4 ). A existência de Deus e a sua atividade contínua não do seu relacionamento com qualquer outro deus, ou criatura. Pelo contrário: nosso Deus podia simplesmente ¨ser¨, optando por chamar o homem a estar ao seu lado ( não porque Ele precisasse de Adão , mas porque este precisava de Deus ).

O Ser De Deus ( ² )

É verdade que as Escrituras nunca discutem o Ser de Deus separadamente dos seus atributos, visto que Deus é aquilo que Ele se revela ser. É possível, no entanto, conceber o Ser de Deus em relação com o nossos  próprios  seres, quer em termos de semelhança quer em termos de contraste, ainda que a sua essência tenha que permanecer incompreensível para nós. Podemos dizer que Deus é Espírito, é Puro, é Pessoal  e é Espírito Infinito.De conformidade com a revelação de Cristo à mulher samaritana, Deus é Espírito  ( Jo 4.24 ), e precisamos concebê-lo como Espírito Puro no sentido que Ele não é complexo ou composto por partes, ainda que sem corpo ou presença corporal ,sendo, portanto, invisível  e imperceptível para os sentidos físicos Jo 1.18 . Fica igualmente claro pelas Escrituras que Deus é um Espírito racional , auto – consciente, auto-determinador, um agente moral inteligente. Deus é a Mente suprema e a origem de toda a racionalidade em suas criaturas.
 Deus é Espírito Infinito , sem fronteiras ou limites tanto quanto ao seu Ser como aos seus atributos, e cada aspecto e elemento de sua natureza é infinito. Essa natureza infinita , em relação ao tempo, é chamada de eternidade, e em relação ao espaço é chamada onipresença . Em relação ao universo , ela implica tanto em transcendência como em imanência. Por transcendência de Deus se entende que Ele está separado de toda a sua criação como um Ser independente e autoexistente. Ele não está limitado pela natureza, mas existe infinitamente exaltado sobre ela. Até mesmo aquelas passagens das Escrituras que salientam Suas manifestações temporais e locais dão ênfase à Sua exaltação e Onipotência como Ser externo ao mundo como seu soberano Criador e Juiz  ( Is 40. 12-17 ).
 Por imanência de Deus se entende Sua presença difundida e Seu poder dentro de Sua criação. Deus não fica apartado do mundo , como se fosse um mero espectador das obras de Suas mãos; mas interpenetra cada coisa orgânica e inorgânica , agindo de dentro para fora,do centro década átomo e das fontes mais íntimas do pensamento , da vida e dos sentimentos, uma sequência contínua de causa e efeito. Em  Is  57. 15 temos uma expressão de transcendência de Deus: `` o  Alto , o Sublime, que habita a eternidade , o qual tem o nome de Santo´´ , bem como de Sua imanência como Aquele que habita `` também com o contrito e abatido de espírito´´.

O  Caráter  De  Deus ( ³ )

Se Deus é uma Pessoa então Ele é um agente moral que possui caráter. Assim sendo , podemos falar sobre os `atributos´ de Deus, referindo-nos às qualidades que podemos atribuir ao caráter divino. Embora não exista atributo que possa expressar adequadamente o Ser de Deus , contudo muitos dos atributos apresentados nas Escrituras servem ao propósito de transmitir uma digna impressão tanto de Sua  transcedência como de Sua imanência. Todavia , precisamos trazer sempre em mente o fato que os atributos de Deus pertencem à própria essência do Seu Ser , e que , dessa maneira , são co-extensivos  com Sua natureza. Em outras palavras , em Deus atributos e ser são uma só coisa. Isso não é assim no caso do homem.
 Os atributos do caráter humano visto que o homem é finito são sujeitos á limitações. No homem há diferença entre ser , viver , conhecer e querer , e o máximo que podemos esperar  é que essas coisas sejam bem equilibradas no indivíduo. Em Deus,  pelo contrário , os Seus atributos são todo-difundidos ,  e cada um deles é infinito e não conhece limitação.  Por exemplo não podemos dizer que Deus é parte amor e parte justiça, pois Ele  é todo amor e todo justiça.  Cada atributo por si mesmo é Deus, e Deus é completamente expresso por cada um dos Seus atributos .
 Novamente, o homem permanece homem mesmo que não possua certos atributos humanos ;  Deus já não seria Deus sem todos os Seus atributos.  Tem sido achado conveniente classificar os atributos de Deus em duas espécies --- comunicáveis e incomunicáveis ( algumas vezes chamados relacionados  e não – relacionados, respectivamente ). Os atributos comunicáveis são aquelas qualidades que podem, em certa medida, ser transmitido às Suas criaturas racionais e morais , tais como sabedoria, amor, ou seja, atributos que expressam a imanência de Deus.
 Os atributos incomunicáveis são aquelas perfeições divinas que não encontram analogia no caráter humano, tais como auto-existência, imutabilidade, onisciência, eternidade, ou seja, os atributos que salientam a Sua transcedência.  Esses são capazes de definição pelo menos em parte. Por auto-existência de Deus queremos dizer que ele possui existência independente devido á própria necessidade do Seu Ser, diferentemente de Suas criaturas, Ele não depende de ninguém  fora de Si mesmo para continuar existindo.  Por Sua imutabilidade queremos dizer que Ele não conhece qualquer alteração em Seu Ser, perfeições, propósitos e promessas. Todas as sugestões de alteração que as Escrituras Lhe atribuem são figuras de linguagem, acomodações ao nosso ponto de vista humano. Por Sua eternidade queremos dizer que Deus está acima de qualquer limitação de tempo, sem princípio e sem fim , e sem sucessão de momentos.  Isso pode ser mais facilmente compreendido se lembrarmos que o tempo não existe por si mesmo, mas é um acompanhamento inseparável da existência criada.
 Em Deus não existe nem tempo nem nem início de ser.  Ele é o eterno ` Eu Sou ´ , e Seu presente é a eternidade.  Por onisciência e onipresença de Deus queremos dizer que Ele está acima das limitações de espaço. O conhecimento de Deus faz parte de Sua própria natureza , e não é adquirida como a nossa.  Seu conhecimento , portanto, é completo e absoluto , e se estende para o passado e para o futuro. A onisciência traz juntamente consigo a onipresença , visto que o conhecimento de Deus envolve a presença de Deus em todos os lugares e em todos os tempos. Não é tanto que Deus esteja em todos os lugares ; Ele  é Todos os  Lugares . Além disso , Ele está inteiramente , e não apenas parcialmente, presente Em todos os lugares. Por onipotência de Deus queremos indicar algo bem diferente do poder que o homem possui.
 No homem, o poder é um esforço da vontade que emprega ou lança mão de poder pré-existente; em Deus o poder é um atributo criador, é a energia que faz surgir a criação do nada.  Em Deus todo o poder é criador. Pode-se dizer que a santidade é o atributo distintivo por excelência de Deus, o resplendor de tudo quanto Deus é . É a Sua santidade que o separa particularmente de toda a Sua criação --- pois somente Ele é santo --- e isso o torna inabordável em todas as Suas perfeições.  É seu esplendor intelectual e moral, a pureza ética em virtude da qual Ele se deleita no bem e abomina o mal.

A  Vontade De Deus  ( ¹ * )

A vontade de Deus expressa primariamente Seu atributo de auto-determinação mediante o qual Ele age de conformidade com Seu eterno poder e Deidade.  Embora não se possa dizer que a vontade de Deus está limitada seja em que sentido for , Suas perfeições asseguram que Ele nunca desejará qualquer coisa incompatível com Sua natureza.  Os teólogos distinguem entre a vontade decretiva de Deus, pela qual Ele decreta tudo quanto deve acontecer, e Sua vontade preceptiva , mediante a qual Ele ordena às Suas criaturas os deveres que lhes pertencem.  A luz dessa definição , pode-se compreender que a vontade decretiva é sempre realizada, enquanto que a vontade preceptiva é frequentemente desobedecida.
  Quando imaginamos o alcance soberano da vontade divina, reconhecemos que ela apresenta Deus como fundamento final de toda existência e de tudo quanto acontece, ou fazendo ativamente cada coisa suceder, ou passivamente permitindo que certas coisas aconteçam.  Assim é que a entrada do pecado no mundo é atribuída à vontade permissiva de Deus.  As características da vontade de Deus são tais que por traz dela existem  sabedoria infinita e santidade, que ela é graciosa e bondosa em sua operação , e que ela é incondicional em Suas ações por não ser dependente de qualquer coisa fora do próprio Deus.  Sua finalidade é declaradamente a Sua própria glória , o que, dito em outras palavras, é a manifestação de Sua glória, na qual jaz a bem-aventurança completa de Suas criaturas.
 O aspecto da vontade de Deus mais aludido nas Escrituras é o Seu propósito soberano.  O propósito de Deus é todo- abarcador e todo- compreensivo.  Isso se origina na própria natureza de Deus, visto que o seu conhecimento é imediato e completo e que Ele não necessita esperar pelo desenrolar dos acontecimentos como nós . Dessa maneira , Ele é capaz de abarcar tudo num único plano compreensivo.  É dito na Bíblia que Seu propósito é livre, soberano e imutável – livre no sentido que não pode estar debaixo da influência de qualquer coisa nem de ninguém fora  Dele mesmo; soberano em vista de Deus possuir o poder de levar a efeito os seus propósitos; imutável visto que não pode haver variação em Deus , pois qualquer variação deixaria subentendida falta de sabedoria no planejamento, ou falta de poder na execução.  Segue-se por conseguinte , que visto não poder haver emergência imprevista nem qualquer falta de meios adequados, as causas de alteração não tem origem Nele.
  Se não somos capazes de reconciliara soberania de Deus com a responsabilidade humana, é porque não compreendemos a natureza do conhecimento divino e Sua compreensão sobre todas as leis que governam a conduta humana.  A Bíblia do princípio ao fim ensina que a vida inteira é vivida no poder sustentador e mantenedor de Deus, ``pois Nele vivemos , e nos movemos e existimos ´´ , e assim como um pássaro é livre no ar e como um peixe é livre no mar , cada qual em seu elemento nativo, semelhantemente o homem tem sua verdadeira liberdade na vontade de Deus, que o criou para Si mesmo. 

A  Paternidade  De Deus  ( ² * )

A revelação cristã sobre Deus é que Ele é supremamente um Pai.Essa era a designação de Deus mais comum nos lábios de Jesus. Na teologia cristã a designação `` Pai ´´ é reservada especialmente para a Primeira Pessoa da Trindade.  Porém , visto que a Primeira Pessoa é reputada como a fonte da Deidade , Aquele que representa a dignidade , a honra e a glória da Trindade , essa designação é algumas vezes empregada em referência a à Deidade ou ao Deus Supremo ( I Ped. 1.17; Tg 1.27; também Is 9.6, onde o Messias é chamado de  `` Pai da Eternidade´´, como designação Da Deidade suprema ).
 O conceito de Deus como Pai não se originou com o ensinamento de Jesus, embora Ele lhe tenha dado uma nova profundeza e significado. Esse pensamento também se faz presente no Antigo Testamento , onde expressa tanto uma relação criativa como teocrática . A relação fundamental de Deus para com os homens, aos quais criou conforme sua própria imagem , encontra sua mais completa e apropriada ilustração na relação natural que envolve a doação da vida .  Malaquias faz a pergunta: `` Não temos todos nós o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?  ( 2. 10 ). Isaías igualmente exclama : ``Mas agora , Ò Senhor, tu és o nosso Pai, nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obras de tuas mãos´´ ( 64.8 ).  Mas, é mais particularmente no caso da natureza espiritual do homem que essa relação é reivindicada . Em Hb 12.9 Deus é chamado de `` Pai dos espíritos´´, e em Nm 16.22 , de `` Autor e Conservador de toda vida´´. Paulo ao falar no areópago , empregou esse argumento para impressionar a irracionalidade do homem racional que adora ídolos de madeira e pedra, citando o poeta Árato ( ``porque dele também somos geração´´) a fim de indicar que o homem é uma criatura de Deus . Dessa maneira , a natureza de criatura que o homem tem é o paralelo da Paternidade geral de Deus .  Sem o Pai Criador não haveria raça humana, não haveria humanidade.
  A designação `` Pai ´´ é usada igualmente no Antigo Testamento para expressar a relação de aliança entre Deus e Seu povo de Israel . Nesse sentido, trata-se de uma relação coletiva que é indicada mais claramente que uma relação individual .  Israel era uma nação em aliança com Deus , e nesse sentido era filha de Deus , e foi desafiada a reconhecer e a corresponder a essa relação filial: `` se eu sou o Pai , onde está a minha honra ?´´ ( Ml 1. 6 ).  Porém visto que a relação de aliança era redentora em sua significação espiritual, isso pode ser considerado como uma prefiguração da revelação neotestamentária sobre a Paternidade de Deus.
No Novo Testamento a designação: Pai é usada em sentido específico e pessoal .  Cristo a aplica , antes de mais nada, a relação que Ele mesmo sustentava com o Deus. Há toda evidência que essa relação é sem paralelo , e que não pode ser compartilhada por qualquer criatura .  Deus era Pai de Cristo por geração eterna , expressão de uma relação essencial e desligada do tempo.  É significativo que Jesus em seu ensino aos Doze , nunca tenha empregado a expressão ``nosso Pai´´ incluindo a Ele mesmo e a eles .  Em Sua mensagem depois da ressurreição indicou duas relações distintas : `` meu Pai e vosso Pai´´ ( Jo 20. 17 ) ; porém essas duas relações tão intimamente ligadas que uma se torna a base da outra.
 Sua filiação embora num nível inteiramente sem igual , era a base da filiação deles .Ora, essa é a relação redentora que pertence a todos os crentes, e no contexto da redenção esta relação é vista de dois aspectos diferentes , o da posição deles em Cristo e o da obra regeneradora do Espírito Santo neles . Conforme um desses aspectos em união viva com Cristo , foram adotados na família de Deus e receberam todos os privilégios que pertencem a sua relação filial --- ``se somos filhos somos também herdeiros ´´ ( Rm 8. 17 ), essa é a sequência .  Conforme o outro aspecto os crentes são considerados nascidos na família de Deus por virtude de regeneração .  O primeiro é o aspecto objetivo e o segundo é o aspecto subjetivo.
  Por causa de sua nova posição ( justificação ) e relação ( adoção ) para com Deus Pai em Cristo, tornaram-se participantes da natureza divina e nasceram na família de Deus. Torna-se claro que o ensino de Cristo sobre a paternidade de Deus restringe a revelação a seu povo crente. Em caso algum Jesus da a entender que esta relação existe entre Deus e os incrédulos e não somente Ele não fornece qualquer indicação de uma Paternidade redentora  da parte de Deus para com todos os homens , como também disse de forma inteiramente franca aos judeus zombadores : `` Vós sois do diabo , que é vosso pai´´( Jo 8.44 ).  
É debaixo dessa relação de Pai que o Novo Testamento apresenta os aspectos mais ternos do caráter de Deus, ou seja.  Seu amor ,Seu vigilante cuidado, Sua superabundância, e Sua fidelidade.  Ao treinar os doze, Cristo empregou a ilustração das relações de um pai para com seus filhos, e dali prosseguiu para níveis mais elevados: ``...Quanto mais o Pai celestial ...´´ ( Lc 11.13 ).

Os  Nomes  De  Deus   ( ³ * )

Em nossa cultura , os pais usualmente escolhem nomes para seus filhos, tendo por base a estética ou a eufonia.  Nos tempos bíblicos, porém , dar nomes era uma ocasião de considerável relevância.  O nome era uma expressão do caráter, natureza ou futuro do indivíduo (ou pelo menos uma declaração do que se esperava de quem o recebeu) Nas Escrituras Deus demonstrou que o Seu nome não era mera etiqueta para distinguí-lo das demais deidades das culturas em derredor .  Pelo contrário : cada nome que Ele usa e aceita revela alguma faceta do seu caráter, natureza, vontade ou autoridade.
Pelo fato de o nome representar a Pessoa e a presença de Deus, `` invocar o nome do Senhor ´´ veio a ser um meio de entrar em íntima comunhão com Deus.  Esse era um tema comum às religiões do Oriente Médio antigo . As religiões em derredor , porém , tentavam controlar as suas deidades mediante uma manipulação de nomes , ao passo que os israelitas eram proibidos de usar o  nome de seu Deus em vão ou com maus propósitos ( Êx  20.7 ). Pelo contrário, deviam manter um relacionamento puro com o Seu nome, como estabelecido por Deus, pois isso trazia consigo a providencia e a salvação.

Nomes  Do   Antigo   Testamento

A palavra original para a deidade que se achava em todos os idiomas semíticos era :  EL, que possivelmente tenha se derivado de um termo que significava poder ou proeminência.  Entretanto é incerta a origem exata da palavra.  Posto que era usada por várias religiões e culturas diferentes , em comum, pode ser classificada como um termo genérico para: ``Deus´´ ou ``deus´´  ( o que depende do contexto, pois as Escrituras hebraicas não fazem distinção entre letras maiúsculas ou minúsculas ) . Para Israel , havia um só Deus verdadeiro ; logo, o emprego do nome genérico por outras religiões era vão e vazio, pois Israel tinha de crer em ‘El ‘Elohe Yisra ‘el:  “ Deus o Deus de Israel “ ( ou, possivelmente: Poderoso é o Deus de Israel ) Gênesis 33.20.
Na Bíblia , esse nome forma muitos termos descritivos compostos, tais como: “ Deus [ El] da glória” ( Sl 29.3 ), “ Deus [ ‘El ] do conhecimento” ( ISm 2.3 ), “ Deus [‘ El ] da vingança” ( Sl 94.1 ), “ Deus [‘ El ] grande e terrível” ( Ne 1.5; 4.14;9.32; Dn 9.4 ).
A forma plural ‘elohim, acha-se quase 3000 vezes no Antigo Testamento, e pelo menos 2300 dessas referências  falam do Deus de Israel ( Gn 1.1; Sl 68.1 ). O termo ‘elohim, no entanto , tinha uma gama suficientemente ampla de significados , podendo referir-se também  aos ídolos ( Êx 34.17 ), aos juízes ( Êx 22.8 ) , aos anjos ( Sl 8.5 ) ou aos deuses de outras nações  ( Is 36.18; Jr 5.7 ). A forma plural ao ser aplicada ao Deus de Israel , pode ser entendida como a maneira de significar que a plenitude da deidade acha-se dentro do único Deus verdadeiro , com todos os atributos , virtudes e poderes. O sinônimo de ‘ Elohim é  sua forma singular , ‘Eloah, que também é usualmente traduzida por “ Deus” .
 Um  exame dos trechos bíblicos onde o nome ocorre , sugere que este assume um significado adicional : reflete a capacidade de Deus em proteger ou destruir  ( o que depende do contexto específico ). É usado em paralelo com rocha-refúgio ( Dt 32.15; Sl 18.31; Is 44.8 ). Os que se refugiam nEle descobrem que ‘Eloah é um escudo de proteção ( Pv 30.5 ), mas um terror para os pecadores: ” Ouvi, pois, vós que vos esqueceis de Deus [‘ Eloah ]; para que vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre” ( Sl 50.22; ver também 114.7; 139.19 ). Esse  nome portanto, é um consolo para os que se humilham e nEle buscam o refúgio , mas castiga os que praticam a iniquidade. O nome é um desafio para as pessoas decidirem qual aspecto de Deus querem experimentar, porque “ bem-aventurado é o homem a quem Deus [‘Eloah ] castiga ( Jó 5.17 ). Jó acabou reverenciando a Deus na sua majestade , arrependendo-se das palavras inúteis que havia proferido ( 37.23; 42.6 ).
 Deus frequentemente revelava uma faceta a mais do seu caráter, fornecendo frases ou locuções descritivas em conexão com seus vários nomes.  Ao renovar sua aliança com Abrão [Abraão ], identificou-se como ‘El  Shaddai  ( Gn 17.1 ). Nalgumas passagens bíblicas , shaddai parece transmitir a idéia de alguém que tem o poder de devastar e destruir.  No Salmo 68.14 , oShaddai  “espalhou os reis” ; idéia semelhante é apresentada pelo profeta Isaías : “ Uivai, porque o dia do SENHOR está perto; vem do Todo-poderoso [Shaddai ] como assolação ( Is 13.6 ) . Noutros textos, porém, a ênfase parece recair em Deus como aquele que é auto-suficiente em tudo : “ O Deus Todo-poderoso  [ ‘ El Shaddai ] me apareceu em Luz na terra de Canaã, e me abençoou, e me disse : Eis que te farei frutificar e multiplicar” ( Gn 48 3,4; ver também 49.24 ).
  Os eruditos usualmente optam por traduzir ‘ El shaddai como “ Todo- poderoso” ou “ Onipotente “ , reconhecendo a capacidade de Deus em abençoar ou  castigar , conforme a situação, posto que ambas as características encontram-se incluídas no caráter e no poder que é peculiar a esse nome.  Outras posições ajudam a revelar o caráter de Deus Sua natureza exaltada é demonstrada em  ‘El ‘Elyon , “ Deus Altíssimo”( Gn 14.22; Nm 24.16; Dt 32.8 ). A natureza eterna de Deus è representada por  ‘El ‘Olam, “ perpétuo” ou “ eterno”; quando Abraão se estabeleceu em Berseba, “ invocou lá o nome do SENHOR , Deus eterno” ( Gn 21.33 ; cf. Sl 90.2 ) . Todos os que vivem sob o domínio do pecado e que precisam da libertação, invocam  ‘Elohim yish’ enu, “ Deus nosso Salvador”  ( I Cr 16.35; Sl 65.5; 68.19; 79.9 ).  O profeta Isaías foi grandemente usado pelo Senhor para falar aos seus contemporâneos tanto palavras de juízo como palavras de consolação.  Tais palavras não resultavam de especulações nem de análise feita por alguém sobre a condição social do povo.
 O profeta viu o recado do Deus que se revelou.  Seu comissionamento, em Isaías 6 , pode ajudar-nos a conhecer um pouco mais sobre a Sua Pessoa .  Ali, Deus se revelou exaltado sobre  num trono real.  O comprimento das suas vestes confirmava a sua majestade .  Os serafins declaravam a sua santidade  e pronunciavam o nome pessoal de Deus: Yahweh.  O nome Yahweh  aparece 6828 vezes em 5790 versículos no Antigo Testamento , e é a designação mais frequente de Deus na Bíblia . É provável que esse nome se derive do verbo hebraico que significa “ tornar-se” , “ acontecer”, “ estar presente”.  Quando Moisés tinha diante de si o dilema de como convencer os escravos hebreus a acolhê-lo como mensageiro da parte de Deus, quis saber o nome do Senhor.
A forma que sua pergunta assume é realmente uma busca da descrição do caráter , e não de um título ( Êx 3 11-15 ). Moisés não estava perguntando : “ Como te chamarei?” mas:” Qual é o teu caráter; como és tu?” Deus respondeu: “ EU SOU O QUE SOU” ou “ SEREI O QUE SEREI” ( v. 14 ). Em hebraico ‘ ehyeh ‘asher ‘ehyeh ‘ que indica a existência em ação.  Na frase seguinte , Deus se identifica como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, que doravante será conhecido como YHWH . Essa expressão hebraica , que consiste de quatro consoantes é conhecida como o tetragrama, e é usualmente traduzida nas nossas Bíblias como SENHOR  ( em letras maiúsculas ). O senhorio , porém , não é um aspecto essencial  desse termo. Pelo contrário : é uma declaração de que Deus é alguém que tem existência em si mesmo   (o EU SOU ou  EU SEREI ) , que faz com que todas as coisas venham a existência , e que optou por escolher um povo para si , estando fielmente ao seu lado.
  Nos tempos do Antigo Testamento , esse nome era pronunciado livremente pelos israelitas.  O terceiro mandamento ( Êx 20.7 ) era claro: “ Não tomarás o nome do  SENHOR  ( YHWH ) , teu Deus em vão “. Este nome não poderia ser citado levianamente, visando prestígio ou vantagens imerecidas. No decorrer dos séculos porém, os escribas e os rabinos desenvolveram uma estratégia para sustentar tal proibição.  Inicialmente , os escribas escreviam a palavra hebraica ‘ adonai ,“ meu Senhor “, “ meu Mestre”, na margem do rolo, todas as vezes que a palavra  YHWH aparecia no texto inspirado das Escrituras.  Sinais avisavam que se devia ler ‘adonai em vez do Nome Santo que se encontrava no texto bíblico.  A idéia era que se ninguém pronunciasse o Nome Santo, este não poderia ser tomado em vão.  Mas esse método não era infalível , e alguns leitores pronunciavam o Nome ( sem querer ) ao lerem as Escrituras publicamente na sinagoga.  Mas a grande reverência pelo texto bíblico
Impedia que os escribas e rabinos chegassem ao ponto de retirar deste o nome divino, YHWH , e substituí-lo por termos menos importantes, como é o caso de ‘adonai. Finalmente, os rabinos concordaram em usar vogais  no texto hebraico ( uma vez que o texto inspirado consistia originalmente, só de consoantes ).  Tiraram as vogais de ‘adonai e as  modificaram para ajustar-se às exigências gramaticais de YHWH , encaixando-as entre as consoantes do Nome Divino.  E, assim, foi criada a fórmula híbrida YeHoWaH .  As vogais serviriam então para lembrar o leitor a pronunciar ‘Adonai .  Algumas Bíblias transliteram essa forma híbrida por  “ Jehovah”        (aportuguesado “ Jeová” ), criando uma palavra composta com as consoantes de um nome pessoal e as vogais de um título que nunca teve existência real na língua hebraica.
Já nos tempos do Novo Testamento , o costume de substituir o Nome inefável por “Senhor” foi aceita por seus escritores ( e nisto foram seguidos em muitas traduções modernas da Bíblias ).  Assim é aceitável . Mas devemos ensinar e pregar que o caráter do “ Senhor/Yahweh/Eu Sou/Eu Serei” é a sua presença ativa e fiel.  Se” Yahweh”  for a pronúncia original, o significado gramatical seria “ aquele que continuamente causa a existência”.  “Porque os povos andarão , cada um em nome do seu deus ; mas nós andaremos no nome do SENHOR [ Yahweh ], nosso Deus, eternamente e para sempre” ( Mq 4.5 ).  Os serafins na visão de Isaías , combinam o nome pessoal de Deus de Israel com o substantivo descritivo  tseva’oth , “ exércitos “ ou “hostes”.  Essa combinação entre Yahweh e tseva’oth ocorre em 248 versículos da Bíblia ( 62 vezes em Isaías, 77 vezes em Jeremias, 53 em Zacarias ) e é usualmente traduzida por “ SENHOR dos Exércitos “ ( Jr 19.3, Zc 3. 9,10 ).  Trata-se da afirmação de que Yahweh (aportuguesado Javé )  era o verdadeiro líder dos exércitos de Israel, bem como das hostes dos céus , inclusive os anjos e as estrelas, reinando universalmente como Supremo Comandante do universo inteiro.
  A forma como é empregada a expressão em  Isaías 6.3 , contrapõe-se ao postulado das nações em derredor, de que cada deus regional  era o deus guerreiro que mantinha domínio exclusivo naquele país .  Mesmo se Israel fosse derrotado , não seria porque Javé fosse mais fraco do que outro deus guerreiro, mas porque Javé estava usando os exércitos dos países vizinhos  ( que Ele mesmo criara ) para castigar o seu povo impenitente.  No Oriente Médio antigo, o rei também era o líder de todas as operações militares.  Por isso , esse título , Yahweh  Tseva’oth, é outra maneira de exaltar a realeza de Deus: “ Levantai , ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas , e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória?  O SENHOR dos Exércitos [Yahweh  Tseva’oth ] , ele é o Rei da Glória” ( Sl 24. 9,10 ).
Os serafins , na visão de Isaías, também confessam que “ toda terra está cheia da sua glória”.  Esta glória ( hb. Kavodh ) contém o conceito de posição privilegiada.  O uso do vocábulo “ glória”, neste contexto, indica alguém que possui uma posição de grande destaque ,publicamente reconhecida.  Essa “glória” pertence a quem é honrado, impressionante e digno de respeito. A revelação que Deus faz de si mesmo  está relacionada ao seu propósito de habitar entre os seres humanos.  Ele deseja que  a  sua realidade e o seu esplendor sejam devidamente conhecidos.  Mas isso é possível somente quando as pessoas compreendem  a qualidade indelével de sua santidade (inclusive a importância de cada um dos seus atributos ), e se revestem de fé e de obediência a fim de que essa faceta do caráter divino seja nelas manifestada.  Deus não se manifesta de modo físico, porém muitos cristãos podem testemunhar da sensação subjetiva e espiritual de haverem experimentado a presença poderosa do Senhor.  É exatamente essa experiência de Isaías .  Somente Deus é digno de  toda grandeza , e de glória, do reino e do poder.  Mas não é somente essa única reputação divina que enche a terra ; a própria realidade de sua presença e a plena posição de destaque de sua glória acham-se por toda parte ( cf. II Co 4.17 ).
O desejo de Deus é que todas as pessoas reconheçam espontaneamente a sua glória. Ele habitou progressivamente em glória entre os seres humanos ; primeiramente na coluna de fogo e de nuvem , no Tabernáculo, no Templo em Jerusalém, e posteriormente, na carne , como seu Filho, Jesus de Nazaré. E, agora, em nós, pelo seu Espírito Santo.  “ Vimos a sua glória , como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” ( Jo 1.14 ). Hoje, temos a certeza de que todos somos templo do Espírito Santo de Deus ( I Co 3. 16,17 ).  O nome  “ Eu Sou/ Eu Serei”, em conjunção com determinados termos descritivos, serve frequentemente como a confissão de fé que revela ainda mais a natureza de Deus. Quando Isaque perguntou ao seu pai : “ Eis aqui o fogo e a lenha mas onde está o cordeiro para o holocausto?” , Abraão garantiu ao seu filho que Deus o proveria [ yireh ] ( Gn 22. 7,8 ). Depois de sacrificar o cordeiro substituto que ficara preso entre os arbustos,  Abraão chamou aquele local de  Yahweh yireh, “ o SENHOR proverá” ( v. 14 ).  
A fé de Abraão , contudo, ía além de uma simples confissão de que Deus provê o material.Para o patriarca , Deus era aquEle que estava pessoalmente envolvido e disposto a dar uma solução ao problema. E este foi resolvido ao prover Deus um substituto para Isaque, como oferta sacrificial aceitável.  Depois do acontecido, podemos testificar que o Senhor realmente provê. Mas Abraão , mesmo durante a subida ao monte, estava confiante de que Deus Iria prover uma solução , pois tinha assegurado aos servos que tanto ele quanto Isaque voltariam.  A fé de Abraão permitiu que ele se lançasse por completo aos cuidados de Deus. Pois acreditava que o Senhor era capaz de dar uma solução para todo e qualquer problema, segundo a sua sabedoria e seus propósitos .  Mesmo que isso envolvesse o sacrifício de seu filho Deus o ressuscitaria dentre os mortos ( ver Hb 11. 17-19 ).
O nome sagrado de Deus também é empregado em combinação com vários outros termos usados para descrever muitas facetas do caráter, da natureza , das promessas
E das atividades do  Senhor. Yahweh  Shammah, “ O Senhor Está Ali “, serve como promessa da presença e do poder de Deus na cidade profetizada por Ezequiel  Ez 48.35. Yahweh ‘osenu, “ o Senhor nosso Criador” , é uma declaração da sua capacidade e disposição para lançar mãos das coisas que existem e torná-las úteis ( Sl 95.6 ). Os hebreus , no deserto, experimentariam o cuidado de Yahweh roph’ ekha  “ o Senhor teu médico “ ou “o Senhor que sara” , se escutassem e obedecessem aos seus mandamentos ( Ex 15.26 ).  Desta maneira , conseguiriam evitar as pragas e as enfermidades que Deus enviara sobre o Egito.  Nosso Senhor , pela sua natureza , é quem cura aqueles que se submetem ao seu poder e a sua vontade.  Após ter comandado com êxito total a batalha contra os amalequitas , Moisés levantou um altar dedicado a Yahweh nissi, “ o Senhor é minha bandeira” ( Ex 17.15 ). A bandeira servia de baliza para o reagrupamento durante a batalha ou em qualquer outra atividade coletiva.  Essa função da bandeira aparece simbolicamente na serpente de bronze erguida numa haste , e no Salvador que serviria de bandeira para os povos  ( Nm 21.8-9; Is 62.10,11; Jo 3.14; Fp 2.9 ).
 Quando Deus falou a Gideão , este edificou um altar a  Yahweh Shalom: “ o Senhor é paz” ( Jz 6.23 ).  A essência do Deus de paz é inteireza, integridade, harmonia ,realização , no sentido de lançar mão daquilo que é incompleto ou quebrado e deixá-lo completo mediante um ato soberano.  Podemos enfrentar desafios difíceis , assim como aconteceu a Gideão ao confrontar os midianitas, sabendo que Deus nos outorga paz: essa é uma das maneiras de Ele manifestar a sua natureza. O povo de Deus precisa de um provedor e protetor. E, assim, Deus se revelou como  Yahweh  ro’i,  “ o Senhor é meu pastor” (Sl 23.1 ). Todos os aspectos positivos do pastoreio no Oriente Médio antigo acham-se aplicados no Senhor ( guiar,alimentar, defender, cuidar, curar, treinar,corrigir e dispor-se a morrer pelas ovelhas , se necessário for ).  Quando Jeremias profetizou a respeito do rei vindouro, o rebento justo de Davi , que Deus suscitaria , o nome pelo qual esse rei seria conhecido era Yahweh tsidkenu: “ o Senhor justiça nossa” ( Jr 23.6; ver também 33.16 ).
  É da natureza divina agir com justiça e juízo para que nos coloquemos diante dEle como justos.  Deus torna-se a norma e o padrão para pautarmos a nossa vida. Pois se Ele fez de Cristo , “que não conheceu o pecado” , “ pecado por nós “ ( IICo 5.21 ), podemos , então , ser participantes de sua promessa que nos declara justos. “ Mas vós sois dEle , em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” ( I Co 1.30 ).  Umas das maneiras de Deus demonstrar o seu propósito em ter um relacionamento com seu povo é mediante a sua descrição como “Pai”.  O conceito de Deus como Pai está mais desenvolvido no Novo que no Antigo Testamento, ocorrendo 65 vezes nos três primeiros Evangelhos, e mais de 100 vezes só no Evangelho de João. O Antigo Testamento identifica Deus como Pai somente 15 vezes ( usualmente com relação à nação ou ao povo de Israel ). Os aspectos específicos da paternidade divina, sempre enfatizados , incluem a criação ( Dt 32.6 ), a responsabilidade pela redenção ( Is 63.16 ), a formação de uma nova personalidade ( Is 64.8 ), a amizade familiar ( Jr 3.4 ), o repassar a herança ( Jr 3.19 ), a liderança ( Jr 3.19 ) o prestar a honra ( Ml 1.6 ), e estar disposto a castigar a transgressão ( Ml 2.10,12 ). Deus também é visto como Pai de indivíduos específicos, especialmente dos reis Davi e Salomão.  No tocante a eles o Pai está disposto a castigar o erro ( IISm 7.14 ), sem deixar de ser fiel ao seu amor ( ICr 17.13 ).  Acima de tudo Ele promete ser fiel para sempre, garantindo a sua proteção como Pai, por toda eternidade ( I Cr 22.10 ).


Nomes No Novo  Testamento

O Novo Testamento oferece uma revelação muito mais clara do Deus Trino e Uno do que o Antigo Testamento. Deus é Pai ( Jo 8.54; 20.17 ), Filho ( Fp 2.5-7; Hb 1.8 ) e Espírito Santo ( At 5.3,4; ICo 3.16 ). Grande parte dos nomes , títulos e atributos encaixam-se mais apropriadamente nas categorias de “ Trindade”, “Cristo” e “ Espírito Santo”. O que se segue focalizará apenas os nomes e títulos que falam mais diretamente a respeito do único e verdadeiro Deus.  O termo “teologia” deriva-se da palavra grega “theos”. Os tradutores da Septuaginta adotaram-na como a palavra apropriada para representar o vocábulo hebraico ‘elohim e seus sinônimos correlatos. Os escritores do Novo Testamento seguiram a mesma orientação. Theos  também era o termo genérico para os seres tidos como divinos .
 Na ilha de Malta por exemplo, Paulo foi chamado deus por ter sobrevivido a uma mordida de uma víbora ( At 28.6 ). O termo pode ser traduzido , de acordo com o contexto literário , por “deus” , “deuses” ou “Deus”, a exemplo do que acontece com o termo hebraico  ‘El ( Mt 1.23;   I Co 8.5; Gl 4.8 ). Mesmo assim o emprego dessa palavra grega não faz a mínima concessão à existência de outros deuses, posto que o contexto literário não é idêntico ao contexto espiritual. Dentro da realidade espiritual há um só Ser Divino : “ Sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro   [Theos ], senão um só” ( ICo 8.4 ).  Deus tem o direito exclusivo a esse termo , como revelação adicional de si mesmo.  Podemos dizer o mesmo a respeito do termo grego Logos , “ Verbo” ou “Palavra” ( Jo. 1. 1,14 ).  O Antigo Testamento introduz o conceito figurativo de Deus como Pai; o Novo Testamento demonstra como esse relacionamento pode ser experimentado.  Jesus fala frequentemente a respeito de Deus, utilizando termos que caracterizam intimidade.  Nenhuma oração no Antigo Testamento dirige-se a Deus como “Pai”. Jesus porém ao ensinar os seus discípulos a orar, esperava deles que adotassem a postura de filhos, e dissessem: “Pai nosso , que estás nos céus, santificado seja o teu nome” ( Mt 6.9 ).
 Nosso Deus é o “Pai “ Todo-poderoso que se acha nos céus ( Mt 26.53; Jo 10.29 ); e Ele utiliza seu poder para conservar, sustentar, chamar, amar, preservar,prover e glorificar ( Jo 6.32; 8.54;12.26; 14.21,23;15.1;16.23 ).  O apóstolo Paulo resumiu a sua própria teologia, focalizando a nossa necessidade de favor e integridade imerecidos.
Ele inicia a maioria das suas epístolas com essa declaração de invocação : “ Graça e paz de Deus , nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” ( Rm 1.7; ver também ICo 1.3; IICo 1.2; Gl 1.3; etc. ).  Na filosofia grega os seres divinos eram descritos  como “motor imóvel”, “ a causa de toda existência”, “a existência pura”, “ a alma universal” e por outras expressões impessoais.  Jesus seguia a forma da revelação do Antigo Testamento, e ensinava que Deus é pessoal.  Embora Jesus falasse do Deus de Abraão,de Isaque e de Jacó ( Mc 12.26 ); do Senhor ( Mc 5.19; 12.29; Lc 20.37 ); do Senhor do céu e da terra  (Mt 11.25 ); do Senhor da seara ( Mt 9.38 ); do único Deus ( Jo 5.44 ); do Altíssimo  ( Lc 6.35 ); do Rei ( Mt 5.35 ) ; seu título predileto para Deus era “Pai” , que no Novo Testamento é o grego : pater ( daí derivam as palavras “ patriarca” e “ paterno”).  Surge uma exceção em Marcos 14.36 , onde o termo aramaico ‘abba, que Jesus usou para dirigir-se a Deus, foi conservado.
Paulo designou Deus como ‘abba em duas ocasiões: “Porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho , que clama : Aba, Pai [Gr. Ho pater].
( Gl 4.6 ). “ Não recebeste o espírito de escravidão,para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos : Aba Pai [ ho pater ]. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” ( Rm 8.15,16 ). Isto é : na Igreja Primitiva, os cristãos judaicos estariam invocando Deus, dizendo: ‘ Abba, “ Ó Pai!” e os cristãos gentios estariam exclamando: Ho Pater, “Ó Pai!”. Ao mesmo tempo o Espírito Santo estaria tornando real para eles que Deus é, de fato , o Pai de todos.  A qualidade incomparável do termo acha-se no fato de que Jesus lhe atribuiu uma ternura incomum. Além do mais , caracterizava muito bem o seu próprio relacionamento com Deus, e também o tipo de relacionamento que Ele queria em última análise , que os seus discípulos tivessem com o Pai.

As  Opiniões  Do  Mundo  Não  Cristão  ( ¹ ** )

A qualquer pessoa que considerar cuidadosamente as provas da existência de Deus já apresentadas, a evidência parece conclusiva. Ela pode apenas exclamar: Certamente existe um Deus!  O próprio Deus considera a evidência como conclusiva.  Deduzimos isto não apenas pelo fato de que se não o considerasse assim, Ele nos teria dado mais, como também por expressas declarações a esse respeito ( Rm 1.18-20; Atos 14.17; 17.24-29 ).  Acreditar na existência de Deus é, portanto,  a coisa normal e natural a ser feita, e o agnosticismo e ateísmo são as posições anormais e contrárias à natureza.  Na realidade, as últimas equivalem a dizer que Deus não nos forneceu evidência suficiente de sua existência.  Tais atitudes são uma crítica a um Deus benevolente e santo, e são pecaminosas.


O  Ponto  De  Vista  Ateístico

  Em certo sentido, todas as religiões não cristãs são ateístas: no sentido de que não reconhecem o único Deus verdadeiro.  Mas em um sentido mais restrito, o termo “ateísmo” é limitado a três tipos distintos: Aquele que é conhecido como ateísta prático, o ateísta dogmático e o ateísta virtual. Vamos notar as diferenças entre eles. O Ateísmo Prático é encontrado entre muitas pessoas iletradas.  Elas ficam desapontadas com certos “cristãos” e decidem precipitadamente que toda religião é falsa. Porém, não é tanto que elas tenham perdido a fé na existência de Deus, mas sim nas pessoas que se dizem seus filhos e deixam de corresponder a essa posição nas suas vidas. Pessoas assim não são ateístas confirmadas; elas simplesmente desculpam a sua indiferença baseando-se na inconsistência de certos cristãos professos. Elas podem, entretanto, ser chamadas ateístas práticos no que toca a seus interêsses religiosos.
O Ateísmo Dogmático é o tipo que professa o ateísmo abertamente.  A maior parte das pessoas não alardeiam atrevidamente seu ateísmo diante dos homens, pois é um termo de reprovação, mas há alguns que não se intimidam em declarar-se ateístas.  Em anos recentes tem havido um reavivamento deste tipo de ateísmo na América. Em 1925, Charles Smith, um ex-estudante de teologia, fundou a Associação Americana Para o Progresso do Ateísmo, ela tem conseguido algum êxito em nossas faculdades e universidades.  Mas no número de agosto de 1944 da revista Scientific Monthly , A. J. Carlson, presidente da Associação Americana para o Progresso da Ciência, ele próprio um descrente confesso, diz: “ O pequeno grupo de pessoas liberais e informadas que conseguiram sair de um casulo de supernaturalismo , nem mesmo constitui um fermento respeitável no grupo de bacharéis”.  Paul B. Anderson , People, Church, and State in Modern Russia ( Povo, Igreja e Estado na Rússia Moderna ) ( New York:The Macmillan Company, 1944 ), pag. 115. Durante os anos 1933-37, o rol dos membros da Liga de Ateístas Militantes diminuiu na realidade de cinco milhões para dois milhões.    
O Ateísmo Virtual  é o tipo que se firma em princípios que não são consistentes com a crença em Deus ou que O define em termos que violentam o uso comum da  linguagem.  A maioria dos naturalistas consumados do passado e do presente pertencem a primeira destas  variedades . O naturalismo afirma que a natureza é o todo da realidade.  Em tempos recentes, tem aparecido como materialismo, positivismo e energismo. O materialismo se desprestigiou recentemente junto ao cientista e ao filósofo pela decomposição do átomo e pela descoberta de que a realidade última não é sólida , mas uma carga, uma carga elétrica.  O positivismo é na realidade um tipo agnóstico e será anotado sob esse título. O Energismo ainda não formulou uma filosofia completa ; ainda não conseguiu explicar a mente em termos de energia pura.  Os que definem Deus com abstrações tais como : “ um princípio ativo na natureza”, a “ordem moral do universo”, o “fluxo Cósmico”, a “ consciência moral”, o “incognoscível”, são ateístas da segunda dessas variedades. Eles estão  , na realidade, violentando ao significado estabelecido do termo “Deus”.  Também o teísmo tem sua nomenclatura bem estabelecida e ela não pode ser manipulada à vontade para servir aos caprichos da crença moderna.
A posição ateísta é muito insatisfatória, instável e arrogante.  É insatisfatória porque falta a todos os ateístas a garantia do perdão dos seus pecados, todos levam uma vida fria e vazia e nada sabem a respeito de paz e comunhão com Deus.  É instável porque é contrária as convicções mais profundas do homem.  Tanto a Escritura como a história mostram que o homem acredita necessariamente e universalmente na existência de Deus.  O ateísta virtual testifica este fato por adotar uma abstração para explicar o mundo e sua vida. É arrogante porque realmente pretende ser onisciente. Conhecimento limitado pode deduzir a existência de Deus, mas conhecimento pleno de todas as coisas, inteligências e tempos é exigido para declarar dogmaticamente que nenhum Deus existe.  O ateísta dogmático deve ser explicado como estando em uma posição anormal. Assim como um pêndulo de um relógio pode ser empurrado para fora do centro por uma força externa ou interna, assim pode a mente do homem ser empurrada para fora de sua posição normal por uma filosofia falsa.  Quando a força é removida , tanto o pêndulo como a mente humana retornam a sua posição normal.     


O  Ponto  De  Vista  Agnóstico

O termo “agnóstico” é aplicado as vezes a qualquer doutrina que afirma a impossibilidade de qualquer conhecimento verdadeiro, afirmando que todo conhecimento é relativo, e portanto incerto.  Neste sentido os sofistas e céticos gregos bem como todos os empiricistas desde Aristóteles até Hume foram agnósticos. Entretanto na teologia, o termo é limitado aos  pontos de vista que afirmam que nem a existência nem a natureza de Deus, nem ainda a natureza suprema do universo são conhecidos ou cognoscíveis.  Herbert Spencer ( 1820-1903 ) e Thomas H. Huxley ( 1825-1895 ) são frequentemente chamados de agnósticos no sentido teológico do termo.  É claro que é verdade quanto a Huxley, mas Spencer foi , na realidade , uma combinação de positivista-panteísta. Geo. P. FisherGrounds of Theistic and Christian Belief ( Fundamentos da Crença Teística e Cristã ) ( New York: Charles Scribner’s sons,1902 ), pág. 81. Albert Ritschl ( 1822-1889 ) e seus seguidores também foram agnósticos.
O positivismo na ciência e o pragmatismo na filosofia e na teologia são os mais importantes tipos de agnosticismo em tempos recentes.  Auguste comte ( 1798-1859 ), o fundador dopositivismo , decidiu nada aceitar como verdadeiro além dos detalhes  dos fatos observados , e como a idéia de Deus não poderia assim ser submetida a um exame, ele a omitiu e se devotou inteiramente ao estudo dos fenômenos.  Mas a teoria da relatividade de Einstein mostrou que temos que levar intangíveis em consideração , por exemplo , tempo e espaço, até mesmo o estudo do mundo físico. Sua teoria desferiu um golpe mortal no positivismo. O pragmatismo na filosofia e na teologia , como o positivismo na ciência, rejeita uma revelação especial e a competência da razão no estudo da realidade suprema.  Ele argumenta, entretanto, que como a incerteza do julgamento é não apenas dolorosa, mais muitas vezes custosa e impossível , deveríamos adotar o ponto de vista que de melhor resultado. De acordo com isso, Albert Ritschl e William James ( 1842-1910 ) adotam um Fiat Deus , uma postulação pragmática de Sua existência para poder obter certos resultados desejáveis. John Dewey ( 1859 ) se contenta em postular abstrações vagas.
A posição agnóstica também é altamente insatisfatória e instável e frequentemente demonstra uma falsa humildade. É insatisfatória por sofrer o mesmo empobrecimento espiritual que a ateísta , mas também é insatisfatória do ponto de vista intelectual. O agnosticismo prova isso em sua adoção de opiniões tentativas como premissas básicas.É instável por admitir que não conseguiu chegar à certeza absoluta. Ritschl e James diziam ter chegado a uma estabilidade razoável em suas crenças , mas Dewey afirma que suas crenças são bem temporárias. E frequentemente demonstra falsa humildade , por dizer conhecer tão pouco. Outros, alguns agnósticos acusam, orgulhosamente, fingem ter uma compreensão superior, mas eles francamente reconhecem as verdadeiras limitações do conhecimento!  Ora, do ponto de vista cristão, esta é uma falsa humildade pois ele considera a evidência em favor da existência de um Deus pessoal , extra-terreno, todo-poderoso e santo como ampla e conclusiva.
O  Ponto De  Vista  Panteísta

Flint define Panteísmo como “a teoria que considera todas as coisas finitas simplesmente como aspectos, modificações ou partes de um ser eterno e auto-existente; que enxerga todos os objetos materiais, e todas as mentes particulares, como sendo necessariamente derivadas de uma única substância infinita.” Robert Flint, Anti-Theistic Theories ( Teorias Anti-Teísticas ) (Edingurgh: Wm. Blackwood and sons, 1889 ) , pág. 336. Ela aparece em uma variedade de formas hoje, algumas das quais também possuem elementos  ateísticos, politeísticos e teísticos. Os seguidores do panteísmo geralmente consideram suas crenças como uma religião , dando-lhes uma espécie de submissão reverente. Por esse motivo , a insuficiência do panteísmo precisa ser aprendida ainda com mais clareza. Vamos mostrar de maneira mais breve possível , a natureza dos principais tipos de panteísmo e então apresentar  a réplica cristã a eles.

Os Principais  Tipos  De  Panteísmo

    ( 1 ) O Panteísmo Materialista afirma que a matéria é a causa de toda vida e mente. David Strauss  ( 1808-1874 ) acreditava na eternidade da matéria e na geração espontânea da vida. Ele afirmava que o universo, a totalidade da existência que chamamos de natureza , é o único Deus que o homem moderno, iluminado pela ciência pode consentir em adorar. Joseph Ernest Renan ( 1823-1892 ) e  Ernst Haeckel ( 1834-1919 ) também foram panteístas materialistas. Mas a crença na eternidade da matéria é uma suposição ilógica e a doutrina da geração espontânea já foi abandonada pelos cientistas.
( 2 ) Hilogoismo e Panpsiquismo são mais antigos e mais recentes nomes para a mesma coisa. Há, entretanto, dois tipos desta teoria .  O primeiro afirma que toda a partícula de matéria tem, além de suas propriedades físicas , também, um princípio de vida.  A forma mais antiga enfatizava as propriedades físicas e era praticamente um tipo de materialismo.  A forma moderna se reporta a G. W. Leibnitz ( 1646-1716 ) que enfatizou as propriedades físicas .  Ele afirmou que as unidades finais não são os átomos mas sim os nômades, pequenas almas , com poder de percepção e apetite. A segunda afirmação que a mente e a matéria são distintas mas íntima e inseparavelmente unidas.  Deus por esse ponto de vista , é a alma do mundo. Os estóicos  afirmavam essa forma de hilozoísmo .  Gustav T. Feshner ( 1801-1887 ) reviveu esta forma de panpsiquismo.  Os dois tipos são formas de panteísmo.
( 3 ) O Neutralismo é uma forma de monismo que afirma que a realidade última não é nem a mente nem a matéria , mas algo neutro do qual a mente e a matéria são apenas aparências ou aspectos.  Baruch Spinoza ( 1632-1677 ) é o melhor representante desse tipo.  Ele afirmou que só havia uma substância com dois atributos , pensamento e extensão , ou mente e matéria , e a totalidade dos dois é que é Deus. F. W. J. SShelling ( 1775-1854 ) assumiu a doutrina monística de Spinoza. Ele chamou essa realidade última de “ energia do mundo,Santa,sempre-criativa,original, que gera e ativamente envolve todas as coisas a partir de si própria”.  Bertrand Russell ( 1872 ) também afirma um tipo de monismo neutro, mas é um monismo que admite uma multiplicidade de acontecimentos . Neutralismo é o tipo clássico de panteísmo.
( 4 ) O Idealismo afirma que a realidade última é da natureza da mente e que o mundo é o produto da mente, ou da mente individual ou da mente infinita.  George Berkely ( 1685-1753 ), umidealista subjetivo , afirmou que os objetos dos quais eu me apercebo são minhas percepções e não as próprias coisas, isto é , tudo existe apenas em minha mente.  Entretanto , respondemos que se tudo existe apenas em minha mente, então outras pessoas e Deus também existem apenas dessa maneira. Na realidade , eu tenho que logicamente concluir que apenas eu existo, o que reduz a teoria a um absurdo.George W. F. Hegel ( 1770-1831 ) que, como Fichte e Schelling, começou como estudante de teologia, tomou a especulação tese-antítese-síntese de Fichte e a desenvolveu até sua conclusão lógica. Ele é considerado o idealista objetivo típico. O idealismo objetivo é também conhecido como idealismo absoluto. O idealismo subjetivo diz que o mundo é minha idéia; o idealismo objetivo diz que o mundo é idéia.  Hegel  diz que a realidade é “ pensamento, razão. O mundo é um grande processo de pensamento. É, poderíamos dizer , Deus pensando. Temos apenas que descobrir as leis do pensamento para conhecer as leis da realidade. O que chamamos de natureza é o pensamento externalizado ; é a razão absoluta que se revela em forma externa. Mas a natureza não é seu objetivo final.  Voltando, ela se expressa mais plenamente na auto consciência humana e finalmente encontra sua completa realização na arte , religião e filosofia” Geo. T. W. Patrick,  An Introduction to Philosophy ( Uma Introdução à Filosofia ) ( New York: Hougthton Mifflin Co. , 1935 ) pág.221.
Há dois tipos principais de idealismo absoluto correntes hoje: absolutismo impersonalista e absolutismo personalista .  O absolutismo impersonalista afirma que a realidade última é uma única mente ou um sistema unificado; ele nega que esta mente ou sistema seja pessoal. F.H. Bradley ( 1846-1924 ) e Bernard Bosanquet  ( 1848-1923 ), do movimento idealista britânico , são talvez os representantes mais conhecidos deste ponto de vista.  O absolutismo personalista afirma que o absoluto é uma pessoa . Ele inclui dentro de Si mesmo todos os seres finitos e partilha das experiências destes seres , pois são numericamente uma parte dEle, enquanto que Ele também tem pensamentos além dos seus pensamentos.  Thomas H. Green ( 1836-1916 ) , Edward  Caird ( 1835-1908 ) , Josiah  Royce ( 1835-1916 ) , Mary w. Calkins e Wm. E. Hocking são representantes desse ponto de vista.
( 5 ) Misticismo Filosófico é o tipo mais absoluto de monismo em existência. O idealista ainda distingue entre o mundo externo e ele próprio , o grande Ser eos seres finitos; mas para o místico , o sentimento de diversidade cai completamente por terra e o que conhece percebe que está identificado com o ser último do seu sujeito.  A realidade última é uma unidade, é indescritível;  o ser humano não é apenas da mesma espécie que ela , mas identificada com ela; e a união com este absoluto é realizada mais por esforço moral do que por abstrações teóricas.Muitos dos grandes moralistas e homens das letras da Inglaterra e da América tem distintas tendências místicas. Por exemplo , os Platonistas de Cambridge ( Cudworth, More, Smith e os Transcendentalistas Americanos  ( Thoreau, Emerson ).  Muitos grandes poetas também tem elementos místicos em suas obras.
Concluindo este levantamento dos pontos de vista panteísticos , recorreríamos à declaração feita no começo desta seção, que alguns panteístas tem também elementos ateísticos, politeísticos e teísticos em suas teorias. Os cinco tipos acima foram tratados como panteísticossimplesmente por ser essa sua natureza real ou principal.  Os erros e natureza destrutiva devem ser mostrados agora brevemente.      

A  Refutação  Das Teorias  Panteísticas

A mente humana é peculiarmente atraída pelos pontos de vista monísticos do mundo. Ela gosta de pensar que toda existência teve uma causa ou princípio comum de origem.  Os filósofos afirmam que esta causa ou princípio está inteiramente dentro do mundo.  Os cristãos também acreditam que há uma causa comum originária , mas eles afirmam que está fora do mundo bem como dentro dele. O primeiro ponto de vista é conhecido como monismo, o segundo como monoteísmo.  Devido ao profundo significado religioso associado as crenças panteísticas , consideramos necessário oferecer uma refutação mais ampla a elas.  Rejeitamos todas as teorias panteísticas porque:  
( 1 ) São Deterministas . Spinoza concedia a Deus uma espécie de “ livre necessidade” mas até isso ele negava a todas as existências concretas. Toda liberdade de segundas causas é negada; tudo existe e age por necessidade.  O panteísmo materialista pensa em termos de necessidade dinâmica, enquanto que o idealismo absoluto pensa em termos da necessidade lógica.  Contra isto , afirmamos que somos agentes livres e de que respondemos por nossa conduta .  É devido a essa convicção que instituímos governos e punimos os criminosos por suas más ações.
( 2 ) Destroem as fundações da moral.  Se todas as coisas resultam da necessidade então o erro e o pecado também resultam da necessidade.  Mas se isso for verdade , então três coisas se seguem: ( a ) O pecado não é aquilo que deveria absolutamente ser , que merece condenação.  Consequentemente , o panteísmo fala do pecado como uma fraqueza inevitável, um estágio em nosso desenvolvimento.  Mas temos a convicção de que estamos debaixo da condenação e da ira de um Deus santo.  ( b ) Então não temos padrões  pelos quais fazer a distinção entre o certo e o errado.  Se fazemos tudo levados pela necessidade, como então podemos saber quando fazemos o certo e quando fazemos o errado?  Os panteístas fazem da conveniência o teste moral.  ( c ) Então o próprio Deus é pecador , pois Ele necessita de todas as coisas, então Ele no fundo deve ser ignorante ou mau .  Se ignorante , como então pode ser a luz límpida e a verdade perfeita?  Se mau , como pode punir o pecado?  Nos países pagãos , onde o panteísmo recebeu um maior significado religioso, esta idéia tem levado os homens a endeusar o mal e a reverenciar e adorar as divindades que mais representam o mal. O panteísmo destrói as fundações da moral.
( 3 ) Tornam Impossível Toda Religião Racional. Alguns não considerariam isso como uma objeção ao panteísmo, mas do ponto de vista da filosofia da religião isto é muito importante.  Ao enfatizar a união metafísica do homem com o divino , as idéias panteísticas tendem a destruir a individualidade humana.  Isso acontece especialmente no idealismo absoluto e no misticísmo.  Mas a verdadeira religião é possível apenas entre pessoas que retêm suas individualidades , distintamente, pois a verdadeira religião é adoração e o culto oferecido por um ser humano a um ser divino. Quando essas distinções desaparecem ou a medida que desaparecem , a verdadeira religião se torna impossível. O que alguns homens ainda chamariam de religião pode, nesse caso, ser apenas a adoração do próprio ser.
( 4 )  Negam a Imortalidade Pessoal. Se o homem nada mais é do que parte do infinito , ele também nada é do que um momento na vida de Deus , uma onda na superfície do oceano.   Quando o corpo perece , a personalidade cessa e a superfície do mar se torna lisa novamente.  Portanto , não há existência consciente para o homem após a morte . O único tipo de imortalidade que os panteístas podem esperar ter é a sobrevivência na memória dos outros e a grande absorção na grande realidade final.  Mas temos consciência do fato de que estamos na relação de responsabilidade pessoal para com Deus e que teremos de prestar contas das ações praticadas no corpo , tanto boas quanto más. Sabemos que tanto após a morte como em vida , haverá uma diferença entre o bem e o mal; isto é ,que nossa identidade e individualidade serão preservadas.
( 5 )  Elas Endeusam o Homem Por Fazê-lo uma Parte de Deus.  O panteísmo adula o homem e encoraja o orgulho humano.  Se tudo o que existe é uma manifestação de Deus , e Deus não passa a vida consciente a não ser no homem , então o homem é a mais alta manifestação de Deus no mundo.  Na realidade podemos medir a grandeza religiosa de um homem pelo tanto em que ele realiza sua identidade com Deus.  Os panteístas dizem que Jesus Cristo foi o primeiro que conseguiu uma realização perfeita desta grande verdade, quando Ele disse: “ Eu e o Pai somos um”. E o hindu pensa que quando puder dizer: “eu sou Brahma!” , então o momento de sua absorção no infinito terá chegado.  Mas não temos o direito de dizermos a nós mesmos o que Jesus podia dizer de si próprio ,pois somos criaturas pecaminosas enquanto que Ele é o eterno Filho de Deus .  O cristianismo da ao homem a mais alta posição abaixo de Deus , mas não faz dele parte de Deus.
( 6 )  Elas Não Podem Explicar a Realidade Concreta. O panteísmo materialístico descarta o assunto dizendo que a matéria em movimento sempre existiu; mas isso é uma afirmação e não uma prova.  Se o universo está se deteriorando, como afirma James jeans, então ele não é auto- sustentado e se não é auto-sustentado, então deve ter tido um começo. Op. Cit. Pags. 180,181. Tampouco pode o panteísmo materialista explicar a mente , pois a matéria inanimada não pode concebivelmente gerar vida ou mente .  E o panteísmo idealista se esquece que pensamento sem um pensador é uma mera abstração.  A realidade é sempre substantiva , é um agente .  Sem um agente não há atividade , quer mental quer física. Como diz Knudson: “Abstrações lógicas não podem ser engrossadas até se tornarem realidade.” Albert C. KnudsonThe Philosophy of Personalism  (A Filosofia do Personalismo ) ( New York : The Abingdon Press, 1927 ),pág. 380. Tampouco podem existências individuais serem produzidas por universalidades abstratas.  Assim o panteísmo não pode explicar a realidade concreta.

O  Ponto  De Vista  Politeísta

O monoteísmo foi a religião original da humanidade, conforme mostrado não apenas na Bíblia , mas também conforme alguns dos melhores antropologistas modernos tem mostrado.  Andrew Lang da Escócia e Wm. Schmidt da Áustria , por exemplo . O primeiro afastamento do monoteísmo parece ter sido em direção a adoração da natureza. O sol ,a lua as estrelas , os grandes representantes da natureza , e o fogo, o ar, os grandes representantes da terra , se tornaram objeto de adoração popular .  Nos Vedas encontramos hinos dirigidos a esses elementos naturais.  Primeiro eles eram simplesmente personificados ; depois os homens passaram a acreditar que seres personalizados presidiam sobre eles. Na Índia, o politeísmo sem fim dos hindús se desenvolveu no panteísmo.  Tudo o que era extraordinário veio a ser chamado de “ avatar”, uma encarnação de Deus ou em Brahma ou em ishnv ou  em Shiva. O Egito também tinha muitos deuses e se preocupava com o futuro.  Ra ou Re , o deus- sol , era a divindade principal .  Os faraós se diziam descendentes deles .  Outros deuses egípcios eramOsíris  e Seth .  Este último se transformou no Satã da mitologia posterior egípcia .
 Os gregos tinham a testa de seu panteão elaborado um concílio de doze membros , seis deuses e seis deusas. Entre eles Zeus ,Atenas e Apolo formavam uma espécie de tríade . Outros deuses gregos bem conhecidos eram Poseidom, Apolo e Aires . Júpiter era o cabeça do panteão romano, idêntico em qualidades essenciais ao Zeus grego. Ele era o protetor especial do povo romano.  A ele, juntamente com Juno , sua esposa, e Minerva , a deusa da sabedoria , um templo magnífico foi consagrado no monte Capitólio. Marte era o deus da guerra . Júpiter , Juno e Minerva constituíam uma espécie de tríade romana. Quando consideramos o fato de que literalmente centenas de milhões de pessoas se curvam diante de paus e de pedras , não podemos deixar de perceber a poderosa afinidade que o politeísmo tem com a natureza humana decaída.
Apesar de não ser um desenvolvimento de qualquer sistema filosófico, exceto nos países onde nasceu de uma base panteística , ele constitui um grande obstáculo ao progresso da religião verdadeira. Hoje , assim como na época da Bíblia , os homens estão “ entregue aos ídolos” ( Oséias 4.17 ) e encontram muita dificuldade para se separarem deles. Mas a idolatria não apenas deixa o coração vazio , mas também degrada a mente e retarda a civilização.  Na Bíblia , os deuses dos pagãos são as vezes declarados como “vaidade “ e “nada” meros seres imaginários sem poder para ferir ou salvar ( Sl 106.28,29; Is 41.24,29; 42.17; 44. 9-20; Jr 2.26-28 ), e, em outras ocasiões , os representantes , se não a encarnação, dos demônios ( ICo 10.20 ).  Isso parece indicar que a adoração de ídolos é adoração de demônios. Na literatura grega um“demônio” era considerado como um deus menos importante , mas na Escritura o termo parece sempre denotar um espírito mau .  Este conceito da natureza da idolatria  constitui uma razão poderosa para levar o Evangelho aos países onde a idolatria impera.

O  Ponto  De Vista  Dualista

Esta teoria assume que há duas substâncias ou princípios distintos e irredutíveis. Em epistemologia , elas são idéia e objeto ; em metafísica, mente e matéria ; na ética o bem e o mal ; na religião o bem ( Deus ) e o mal ( Satanás) .  O cristão entretanto, não crê  que Satanás seja co-eterno com Deus , mas sim uma criatura de Deus e sujeita a Ele.  Kant, Sidgwick, os filósofos personalistas modernos, os cristãos , e o homem comum se apegam ao dualismo epistemológico.  Para eles , o pensamento e coisa são duas entidades distintas .  Os antigos filósofos gregos tais como Tales, Empedocles, Anaxágoras e Pitágoras são geralmente classificados como monistas, mas são , na realidade , dualistas metafísicos.  Eles faziam distinção entre os dois princípios da mente e da matéria.  Até Platão , ao fazer uma clara diferenciação entre as Idéias e o mundo real foi,  afinal de contas, dualista .  Kant e todos moralistas ingleses , que afirmavam que há um certo e errado absolutos no universo, foram dualistas éticos. Eles erguiam, portanto , padrões do certo absoluto.  Mais importantes , do ponto de vista cristão , são os dualistas religiosos.
Originando-se principalmente do Zoroastrismo persa, o gnosticismo e o maniqueísmosurgiram para atormentar a igreja primitiva.  Os gnósticos parecem ter surgido durante a última metade do primeiro século.  Eles tentaram solucionar o problema do mal, postulando dois deuses : Um Deus Supremo e um Semideus.  O Deus do Velho Testamento não é o Deus Supremo, pois o Deus Supremo é inteiramente bom; é o Semideus que criou o universo.  Há um conflito constante entre esses dois deuses, um conflito entre o bem e o mal.  Essa luta é travada principalmente nos  seres humanos e entre os seres humanos.  Cerinthus, Basilides, Valentinus, e Marcion  são gnósticos importantes do segundo século.  Mani, aparentemente tido sido criado dentro de uma velha seita babilônica , tornou-se o fundador do maniqueísmo.  Quando entrou em contato com o cristianismo , ele concebeu a idéia ( Ca. 238 ) de combinar o dualismo oriental com o cristianismo , em um todo harmonioso.  Ele se considerava um apóstolo de Cristo e o Paracleto prometido. 
Ele se dispôs a eliminar todos elementos judaicos do cristianismo e substituí-los pelo zoroastrismo.  Seus ensinamentos fizeram uma clara distinção entre o reino da escuridão e o reino da luz e os mostravam em perpétuo conflito de um com o outro.  Agostinho foi membro dessa seita por alguns anos antes da sua conversão.  Neste último século , o problema da origem e da presença do mal no mundo tem novamente chamado a atenção.  Isso tem levado alguns a retornarem a uma forma antiga de dualismo: Deus e a matéria ( alguns diriam Deus e Satanás ) são ambos eternos .  Deus é limitado em poder e talvez em conhecimento, mas não na qualidade do caráter.  Deus está fazendo o melhor que pode com um mundo recalcitrante e no fim vencê-lo-á completamente.  O homem deveria prestar assistência a Deus nesta luta e apressar a queda do mal.  Damos a seguir os nomes dos que crêem em um Deus finito:  J. Stuart Mill ( 1806-1873 ), Wm. James ( 1842-1919 ), F. H. Bradley ( 1846-1924 ) , Hastings Rashdall ( 1858-1924 ), Leonard T. Hobhouse ( 1846-1929 ), A. N. Whitehead ( 1861- ), H. G. Wells ( 1866- ) , e E. S. Brigthman ( 1844- ). O pregador inglês , Frederick W. Robertson ( 1816-1853 ) parece ter pensado de modo semelhante. 
O problema do mal é certamente difícil em qualquer teoria, mas não cremos que a doutrina do dualismo seja uma solução real desse problema.  Em primeiro lugar , um Deus finito não pode satisfazer o coração humano, pois que garantia pode um tal Deus oferecer quanto ao triunfo final do bem? Algum imprevisto pode acontecer a qualquer momento e frustar todas as suas boas intenções ; e como poderemos manter a fé na oração baseados nessa teoria ? Ainda mais, o fato de ser finito não livra Deus da responsabilidade pelo mal mais do que o ponto de vista tradicional – nem tanto.  A maioria dos seguidores dessa teoria ensinaria que Deus cria, de alguma maneira , embora fizessem da criação um processo eterno.Crendo que criar envolve a necessidade do mal, eles não isentam Deus da responsabilidade de criar um tal mundo.  Ainda mais , a doutrina envolve a crença em um Deus , em desenvolvimento , em crescimento.  Ele se torna cada vez mais bem sucedido, talvez ele próprio se torne cada vez melhor.  Mas isto é um claro desrespeito às muitas indicações bíblicas de que Ele é perfeito e imutável em sua sabedoria , poder, justiça, bondade e verdade e não satisfaz a nossa idéia de Deus.  E finalmente , ela ignora ou nega a existência de Satanás , o inimigo supremo , que na Escritura é mostrado como muito responsável pelo mal nos dias de hoje.


O  Ponto  De  Vista  Deístico

Da mesma forma que o panteísmo afirma a imanência de Deus às custas da suatranscendência, também o deísmo afirma a transcendência de Deus às custas da suaimanência. Para o deísmo, Deus está presente na criação apenas através do seu poder não por sua própria pessoa e natureza.  Ele dotou a criação de leis invariáveis sobre as quais Ele simplesmente exerce uma supervisão .Ele concedeu as Suas criaturas certas propriedades, colocou-as sob Suas leis invariáveis e as deixou para que estabeleçam seus destinos por seus próprios poderes.  O deísmo nega uma revelação especial, os milagres ,a providência. Ele afirma que todas as verdades a respeito de Deus são descobertas pela razão , e que a Bíblia é simplesmente um livro sobre os princípios da religião natural, que são determinados pela luz da natureza.
O deísmo inglês surgiu como resultado de quase dois séculos de controvérsia sobre questões religiosas .  As descobertas de Copérnico e os trabalhos de Francis Bacon também contribuíram um pouco para sua ascensão.  Lord Herbert, de Cherbury ( 1581-1648 ), é conhecido como o pai do deísmo.  Thomas Hobbes ( 1588-1679 ), Charles Blount ( 1654-1693 ), Anthony  Collins ( 1676-1729 ), Matthew Tindal ( 1657-1733 ), Lord Bolingbroke ( 1678-1751 ) , e Thomas Paine ( 1737-1809 ), foram deístas ingleses. Na França , o movimento deísta não cresceu até um século após a sua ascensão na Inglaterra.  Voltaire ( 1694-1778 ) e Rousseau  ( 1712-1778 ) podem ser classificados de deístas franceses. Algumas teorias evolucionárias modernas são deísticas na sua explicação do universo. O cristão rejeita o deísmo porque acredita que temos uma revelação especial de Deus na Bíblia ; que Deus está presente no universo em seu Ser bem como está em Seu poder ; que Deus exerce um controle providencial constante sobre toda a Sua criação ; que Ele as vezes usa milagres para o cumprimento de Seus propósitos ; que Deus responde orações ; e que os deístas tiram muitos dos seus dogmas religiosos da Bíblia e não apenas da natureza e da razão. Ele afirma que um Deus deístico , ausente , não é muito melhor que não ter Deus nenhum.

A  tri- Unidade  De Deus   ( ² ** )

A doutrina da Trindade ( Tri-Unidade ) não é uma verdade da teologia natural , mas sim da revelação .  Strong diz: “ A razão nos mostra a Unidade de Deus ; apenas a revelação nos mostra a trindade da Deus” Op. Cit., pág. 304.  O mundo antigo tinha suas Tríades , mas eram apenas distinções místicas  e teológicas em seu panteão de deuses .  Todas essas noções não tem analogia com a doutrina bíblica da Trindade ; nem servem tampouco para explicá-la ou para confirmá-la.  Apesar da doutrina da Trindade não poder ser descoberta pela razão humana, ela é passível de uma defesa racional agora que ela foi revelada.  A palavra Trindade em si não ocorre na Bíblia . Sua forma grega, Trias , parece ter sido usada primeiro por Teófilo de Antioquia  ( m.181 A.D. ), e sua forma latina Trinitas , por Tertuliano ( m. em torno de 220 A.D. ).  Entretanto a crença na Trindade é muito mais antiga que isso, como mostraremos presentemente .Com Trindade queremos dizer que há três distinções eternas em uma essência divina, conhecidas respectivamente como, Pai ,Filho e Espírito Santo.  Estas três distinções são três pessoas, e assim podemos falar da tripersonalidade de Deus. O Credo Atanasiano expressa a crença trinitariana da seguinte maneira: “Adoramos um Deus em trindade , e trindade em unidade , sem confundir as pessoas, sem separar a substância”.
A doutrina da Trindade deve ser assim diferenciada tanto do triteísmo como do sabelianismo.  O triteísmo nega a unidade da essência de  Deus e afirma que há três Deuses distintos. A única unidade que reconhece é a de propósito e esforço.  Mas já demonstramos que Deus é uma unidade de essência como de propósito e esforço . O sabelianismo  ( terceiro século ) afirmava uma Trindade de revelação , mas não de natureza. Deus , afirmava , como Pai , é o Criador e o Legislador; como Filho , Ele é o mesmo Deus encarnado que cumpre a tarefa de Redentor ; e como Espírito Santo , Ele é o mesmo Deus na obra de regeneração e santificação. Isto é ele ensinava uma Trindade modal, diferente da Trindade ontológica.  Lyman Abbott fala de uma natureza tríplice de Deus  da mesma maneira que uma pessoa pode ser artista , professora e amiga. Mas isto é na realidade , uma negação da doutrina da Trindade , pois essas não são três distinções na essência , mas três qualidades da mesma pessoa.
Sabemos que a doutrina da Trindade é um grande mistério. Algumas pessoas a consideram um quebra- cabeças intelectual e uma contradição.  Como pode haver, nos perguntam, um só Deus e, ao mesmo tempo, três pessoas na Divindade?  Mas Flint o diz muito bem: “ é verdadeiramente um mistério ; no entanto é um mistério que explica muitos outros mistérios , e que esclarece maravilhosamente a Deus a natureza e o homem”. Robt. FlintAnti-Theístic Theories ( Teorias Anti-Teísticas ) ( Edinburgh: Wm. Blackwood and Sons, 1899 ), pág. 439.  A opinião que se tem dessa doutrina afeta todas as outras partes da crença teológica da pessoa e da religião prática. A doutrina é portanto, não apenas um ônus sobre nossa credulidade , mas uma necessidade prática para uma visão verdadeira do mundo e da vida.   Até a filosofia tem tido dificuldade com o conceito de Deus como uma unidade absoluta. Na teoria dos eleáticos ela acabou transformando o mundo em uma ilusão , um não-ser.  Platão achou necessário acrescentar a idéia de um na multiplicidade. E os Estóicos e Filo contribuíram com a idéia do Logos. Mas, como dissemos , a doutrina cristã da Trindade não é , um fruto da especulação , mas da revelação. Não poderíamos saber a respeito dessa auto-distinção na Divindade se Deus não houvesse assim Se revelado.


A  Santíssima  Trindade   ( ³ ** )

O Pai incriado, o Filho incriado: o Espírito incriado. O Pai incomensurável, o Filho incomensurável: o Espírito Santo incomensurável.  O Pai eterno, o Filho eterno: o Espírito Santo eterno. E,mesmo assim, não são três eternos: mas um só eterno.  A Trindade é um mistério .A aceitação reverente do que não é revelado nas Sagradas Escrituras faz-se necessário antes de se perguntar a respeito de sua natureza. A glória ilimitada de Deus deve ser uma forma de  nos conscientizar com respeito a nossa insignificância em contraste com aquEle que é sublime e “exaltado”.  Nosso reconhecimento dos mistérios de Deus, especialmente da Trindade , exige que abandonemos a razão?  Nada disso. Na Bíblia , de fato, há muitos mistérios , mas “ o cristianismo, como `como religião revelada´, centraliza-se na revelação e a revelação (segundo a sua própria definição ) torna manifesto em vez de ocultar”.  A razão se vê diante de uma pedra de tropeço quando confrontada pela natureza paradoxal da doutrina trinitariana.  “ Mas” , asseverou Martinho Lutero, de modo enérgico, “ posto que se baseie claramente nas Escrituras , a razão precisa conservar-se em silêncio sobre o assunto; devemos tão somente crer”. 
Por isso o papel da razão é o de auxiliar , e nunca de dominar  ( atitude racionalista ) , a entender as Escrituras, especialmente no tocante à formulação da doutrina da Trindade. Não estamos , pois , tentando explicar Deus , mas sim, considerar as evidências históricas que estabelecem a identidade de Jesus como homem e também como Deus  ( em virtude dos seus atos milagrosos e do seu caráter divino ) e, ainda , “ incorporara verdade que Jesus tornou válida no que diz respeito ao seu relacionamento eterno com Deus Pai e com Deus Espírito Santo.” Historicamente , a igreja formulou a doutrina da Trindade em razão do grande debate a respeito do relacionamento entre Jesus de Nazaré e o Pai.  Três pessoas distintas – o Pai , o Filho e o Espírito Santo – são manifestadas nas Escrituras como Deus , ao passo que a própria Bíblia sustenta com tenacidade o Sh’ma judaico : “ Ouve , Israel , o SENHOR, nosso Deus , é o único SENHOR” ( Dt 6.4 ).  A conclusão , baseada nas Escrituras, é que o Deus da Bíblia é ( nas palavras do Credo Atanasiano ) “ um só Deus na Trindade , e a Trindade na Unidade” . Isso soa irracional?  Semelhante acusação contra a doutrina da Trindade pode ser, por si mesma , classificada de irracional: “ Irracional é suprimir a evidência bíblica em favor da Trindade para favorecer a Unidade, ou a evidência em favor da Unidade para favorecer a Trindade” .  “Nossos dados devem ter precedência sobre nossos modelos- ou, melhor, nossos modelos devem refletir de modo sensível  a gama inteira dos dados”.
Por isso , nosso olhar metodológico deve estar baseado na Bíblia no que diz respeito á relação tênue entre a unidade e a trindade para não polarizarmos a doutrina da Trindade num dos dois extremos : o abuso das evidências em favor da unidade ( o que resultaria no unitarianismo, ou seja : que reconhece em Deus somente uma única pessoa ) ou o abuso das evidências em favor da triunidade ( o que resultaria no triteísmo – três deuses separados ).
Uma análise objetiva dos dados bíblicos no tocante ao relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, revela que essa grandiosa doutrina não é uma noção abstrata, mas, na realidade , uma verdade revelada. Por isso , antes de considerarmos o desenvolvimento histórico e a formulação da teologia trinitariana, examinaremos as evidências bíblicas nas quais a doutrina se fundamenta.


Evidências  Bíblicas  Para  A   Doutrina Da Trindade  No Antigo  Testamento

Deus, no Antigo Testamento , é um só Deus, que se revela pelos seus nomes , pelos seus atributos e pelos seus atos. Mesmo assim, o Antigo Testamento lança alguma luz sobre a pluralidade  ( uma distinção de pessoas ) na Deidade: “ Façamos o homem à nossa imagem,conforme a nossa semelhança” ( Gn 1.26 ).  Que Deus não poderia estar conversando com anjos , ou com outros seres não identificados , fica evidente no no vesículo 27 que se refere à criação do homem “ a imagem de Deus” . O contexto indica uma comunicação interpessoal divina , que requer uma unidade de Pessoas na Deidade.Outras distinções pessoais na Deidade são reveladas nos textos que se referem ao “ anjo do SENHOR”  ( hb. Yahweh ).  Esse anjo é distinguido de outros anjos. É pessoalmente identificado com Javé e, ao mesmo tempo, distinguido dEle ( Gn 16.7-13;18.1-21; 19. 1-28; 32. 24-30 . Jacó diz: “ Tenho visto Deus face a face”, com referência ao anjo do Senhor ).  Em Isaías 48. 16; 61. 1 ; e 63. 9,10 , o Messias fala .  Numa ocasião , Ele se identifica com Deus e com o Espírito em uma união pessoal com os três membros da Deidade. Mas noutra ocasião, o Messias continua ( ainda falando na primeira pessoa )  a distinguir-se de Deus e do Espírito.
Zacarias lança muita luz sobre o assunto ao falar, em nome de Deus , a respeito da crucificação do Messias: “ E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito ; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito” ( Zc 12.10 ).  Fica claro que o único Deus verdadeiro está falando na primeira pessoa ( “mim” ) com referência a ter sido “ traspassado”, mas Ele mesmo faz a mudança gramatical da primeira pessoa para a terceira pessoa ( “ele” ) com relação aos sofrimentos do Messias pelo fato de ter sido “traspassado” .  A revelação da pluralidade na Deidade fica bem evidente nesse texto bíblico.  Assim saímos das sombras e prefigurações do Antigo Testamento para a luz maior da revelação no Novo Testamento.


Evidências Bíblicas  Para  A   Doutrina  Da  Trindade  No  Novo  Testamento

João começa o prólogo do seu Evangelho com a revelação do Verbo: “ No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus , e o Verbo era Deus”  ( Jo 1.1 ).  B.F. Westcott  observa que, aqui, João leva os nossos pensamentos para além do começo da Criação, no tempo, para a eternidade.  O verbo “era”  ( Gr. Em, pretérito imperfeito de eimi , “ ser” )  aparece três vezes nesse versículo e, mediante todo o versículo, o apóstolo transmite a idéia de que nem Deus , nem o Verbo ( Gr. Logos ), tem começo, sempre existiram em conjunto, e assim continua.  A segunda parte do versículo continua : “E o Verbo estava com Deus [pros ton theon ]”.  O Logos existe com Deus, em perfeita comunhão , por toda a eternidade.  A palavra pros ( com ) revela o relacionamento“ face a face” que o Pai e o Filho sempre compartilharam.
 A frase final de João é uma declaração nítida da divindade do Verbo: “ E o Verbo era Deus”.  João continua a revelar-nos que o Verbo entrou na História ( 1.14 ) como Jesus de Nazaré, sendo Ele mesmo “o único Deus, que está ao lado do Pai”.  E o Verbo tornou o Pai conhecido ( 1.18 ).  O Novo Testamento revela,ainda que, pelo fato de Jesus Cristo ter compartilhado da glória de Deus desde toda a eternidade ( Jo 17.5 ) , Ele é objeto da adoração reservada somente a Deus : “ Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus e na terra , e debaixo da terra , e toda língua confesse que Jesus cristo é o Senhor , para a glória de Deus” ( Fp 2. 10,11; ver também Êx 20. 3;  Is 45.23; Hb 1.8 ). Foi através do Verbo eterno , Jesus Cristo, que Deus Pai criou todas as coisas ( Jo 1.3; Ap 3.14 ).  Jesus se identifica como o soberano ” Eu Sou” ( Jo 8.58; cf. Êx 3.14 ).  Em João 8.59, os judeus sentiram-se impulsionados a pegar em pedras para matar a Jesus em virtude dessa reivindicação. Tentaram fazer a mesma coisa mais tarde depois de haver declarado em João 10.30: “ Eu e o Pai somos um”. Os judeus que o escutaram consideraram-no blasfemo: “ Sendo tu homem , te fazes Deus a ti mesmo” ( Jo 10.33; cf. Jo 5.18 ).
Paulo identifica Jesus como o Deus que provê todas as coisas: “ Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” ( Cl 1.17 ). Jesus é o “Deus Forte” que reinará como Rei no trono de Davi, e o tornará eterno ( 9.6,7 ). Seu conhecimento é perfeito e completo. Pedro falou assim a nosso Senhor : “ Senhor , tu sabes tudo” ( Jo 21.17 ). O próprio Cristo disse: “ Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho , senão o Pai ; e ninguém conhece o Pai , senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” ( Mt 11.27;cf. Jo 10.15 ).  Jesus agora está presente em todos os lugares ( Mt 18.20 ), e é imutável  ( Hb 13.8 ). Ele compartilha este título com o pai: “ o Primeiro e o Último “  ( Ap 1.17; 22.13 ).  Jesus é o nosso Redentor e Salvador ( Jo 3.16,17;Hb 9.28; IJo 2.2). nossa Vida e Luz ( Jo 1.4 ), nosso Pastor ( Jo 10.14; IPe 5.4 ), aquEle que nos justifica ( Rm 5.1 ), o que virá em breve como: “ REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” ( Ap 19.16 ).  Jesus é a Verdade ( Jo 14.6 ) e o Consolador, cujo conforto e ajuda transbordam em nossa vida ( IICo 1.5 ). Isaías também o chama nosso “ Conselheiro” ( Is 9.6 ) e Ele é a Rocha ( Rm 9.33; ICo 10.4 ). Ele é santo ( Lc 1.35 ) e habita naqueles que lhe invocam o nome Rm10.9,10; Ef 3.17 ). 
Tudo quanto se pode dizer a respeito de Deus Pai , também pode ser dito a respeito de Jesus Cristo.  “ Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” ( Cl 2.9 ). “ Cristo...  é sobre todos, Deus bendito eternamente” ( Rm 9.5 ).  Jesus de sua plena igualdade com o Pai: “ Quem me vê a mim vê o Pai...  estou no Pai , e o Pai está em mim” ( Jo 14. 9-11 ). Jesus reivindicava plena divindade para o Espírito Santo: “ E Eu rogarei ao Pai , e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre”  ( Jo 14.16 ). Ao chamar o Espírito Santoallon  parakleton   ( “outro ajudador do mesmo tipo que Ele mesmo” ), Jesus afirmou que tudo quanto pode ser afirmado a respeito de sua natureza pode ser dito a respeito do Espírito Santo. Por isso a Bíblia dá testemunho da divindade do Espírito Santo como a Terceira Pessoa da Trindade.  O salmo 104.30 revela o Espírito Santo como o Criador : “ Envias o teu Espírito, e são criados , e assim renovas a face da terra “. Pedro se refere a Ele como Deus  ( At 5.3,4 ), e o autor da Epístola aos Hebreus chama-o “ Espírito Eterno” ( Hb 9.14 ) .  A exemplo de Deus , o Espírito Santo possui os atributos da Deidade .  Ele tem conhecimento de todas as coisas : “ O Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus... Ninguém sabe as coisas de Deus , senão o Espírito de Deus” ( ICo 2. 10,11 ) .  Ele está presente  em todos os lugares ( Sl 139.7,8 ) .
 Embora o Espírito Santo distribua dons entre os cristãos , Ele mesmo permanece sendo um “só” ( ICo 12.11 ) ; Ele é constante na sua natureza . Ele é a verdade ( Jo 15.26 ; 16.13; IJo 5.6 ). Ele é o Autor da Vida ( Jo 3.3-6 ; Rm 8.10 ) mediante o renascimento e a renovação ( Tt 3.5 ) e nos sela para o dia da redenção ( Ef 4.30 ). O Pai é nosso Santificador  ( ITs 5.23 ) , Jesus Cristo é nosso Santificador ( ICo 1.2 ), e o Espírito Santo é nosso “ Conselheiro” ( Jo 14.16,26; 15.26 ) e habita naqueles que o temem  ( Jo 14.17; ICo 3.16,17; 6.19; IICo 6.16 ). Em Isaías 6. 8-10  , o profeta indica que Deus está falando , e Paulo atribui a mesma passagem  ao Espírito Santo ( At 28.25,26). No que tange a isso , João Calvino observa: “ Realmente , onde os profetas  Cristo e os apóstolos as atribuem ao Espírito Santo [ cf. IIPe 1.21]”.  Calvino conclui: “ Segue-se, portanto, que quem é o autor preeminente das profecias é verdadeiramente Jeová [ Yahweh ].
O conceito do Deus Trino  e Uno acha-se somente  na tradição judaico –cristã”. Esse conceito não surgiu mediante a especulação dos sábios desse mundo, mas através da revelação outorgada passo a passo na Palavra de Deus. Em todos os escritos dos apóstolos , a Trindade é implícita e tomada como certa ( Ef 1.1-14; IPe 1.2 ). Fica claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo ,existem eternamente como três Pessoas distintas, mas as Escrituras também revelam a unidade dos três membros da Deidade.
As Pessoas da Trindade tem vontades separadas, porém nunca conflitantes ( Lc 22.42; ICo 12.11).  O Pai fala ao Filho, empregando o pronome da segunda pessoa do singular: “ Tu és meu Filho amado ; em ti  tenho me comprazido” ( Lc 3.22 ).  Jesus se oferece ao Pai pelo Espírito ( Hb 9. 14 ).  Declara que veio “não para fazer a minha vontade , mas a vontade daquele que me enviou” ( Jo 6. 38 ). O nascimento virginal de Jesus Cristo revela o interrelacionamento entre os três membros da Trindade.  O relato de Lucas diz : “ E, respondendo o anjo , disse-lhe : Descerá sobre ti o Espírito Santo , e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a tua sombra ; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” ( Lc 1.35 ).  O único Deus é revelado como Trindade no batismo de Jesus Cristo. O Filho subiu das águas , O Espírito Santo desceu como pomba . O Pai falou dos céus  ( Mt 3.16,17 ). Por ocasião da criação , a Bíblia menciona o envolvimento do Espírito ( Gn 1.2 ). O autor da Epístola aos Hebreus , porém, declara explicitamente que o Pai  é o Criador ( Hb1.2 ), e João demonstra que a criação foi realizada  “ por meio do Filho” ( Jo 1.3; Ap 3.14 ).  Quando o apóstolo Paulo anuncia aos atenienses que Deus  “ fez o mundo e tudo que nele há” ( At 17.24 ), a única conclusão a que podemos razoavelmente chegar ( juntamente com Atanásio) é que Deus é  “ um só Deus na Trindade , e a Trindade na Unidade”.
A ressurreição de Jesus Cristo é dentre os mortos é outro exemplo notável  do relacionamento dentro da Deidade Trina e Una na redenção.  Paulo declara que o Pai de Jesus Cristo ressuscitou nosso Senhor dentre os mortos  (  Rm 1.4; cf. IICo 1.3 ). Jesus , contudo, declarou enfaticamente que ressuscitaria seu próprio corpo da sepultura na glória da ressurreição  ( Jo 2. 19-21 ). Noutro texto, Paulo declara que Deus mediante o Espírito Santo , ressuscitou Cristo dentre os mortos ( Rm 8.11; cf. Rm 1.4 ). Lucas coroa  teologicamente  a  ortodoxia  trinitariana  ao registrar a proclamação do apóstolo Paulo aos atenienses de que o único Deus ressuscitou a Cristo dentre os mortos  ( At 17. 30,31 ).  Jesus coloca os três membros da Deidade no mesmo plano ao ordenar aos seus discípulos: “ Ide , ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” ( Mt.28. 19) .  O apóstolo Paulo judeu monoteísta treinado pelo grande erudito Gamaliel , hebreu de hebreus ; segundo a lei fariseu  ( Fp 3.5),  deu o carimbo definitivo à teologia trinitariana , conforme revela sua saudação à igreja em Corinto: “ A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos” ( II Co 13.14). 
Os dados oferecidos pela Bíblia levam-nos decididamente à conclusão de que , dentro da natureza do único Deus verdadeiro , há três Pessoas, sendo que cada uma é co-eterna, co-igual e co-existente.  O teólogo ortodoxo subordina humildemente os seus pensamentos  sobre a teologia trinitariana  aos dados revelados na Palavra de Deus de maneira bem semelhante ao físico quântico ao formular a teoria paradoxal das partículas de ondas:
  “ Os físicos quânticos concordam entre si  que as entidades subatômicas são uma mistura de propriedades de ondas  ( W ), de propriedades de partículas (P ) , e de propriedades quânticas ( h ).  Os elétrons de alta velocidade , ao serem atirados através de um filme metálico , ou de cristal de níquel  ( como raios catódicos rápidos ou até mesmo com raios –B ) , difratam como raios-X.  Em princípio o raio –B é igual a luz solar empregada em uma experiência de dupla ranhura ou biprísmica .  A difração é um critério de comportamento semelhante a raios nas substâncias ; toda teoria clássica das ondas baseia-se nisso. Além desse comportamento , porém , há muito tempo que os elétrons vem sendo considerados  partículas com cargas elétricas.  Um campo magnético transversal  defletirá um feixe de elétrons  e seu padrão de difração .  Somente as partículas comportam-se dessa maneira;  toda a teoria eletromagnética depende disso.  Para explicar todas as evidências , os elétrons devem ser tanto partículas quanto ondulatórios [ grifos nossos ]. Um elétron é um Pwh.
A analogia entre a Trindade e o Pwh ilustra muito bem as precauções  preliminares desse capítulo, ou seja : embora o teólogo sempre deva esforçar-se por conseguir  a racionalidade na formulação teológica , ele também deve preferir a revelação às restrições finitas da lógica humana. A Escritura , e tão-somente ela, é o ponto de partida para a teologia da Igreja Cristã.


A  Formulação  Histórica  Da  Doutrina

Embora Calvino estivesse falando de outro assunto doutrinário, sua advertência é igualmente aplicável à formulação trinitariana: “ Se alguém , sem muita autoconfiança tentar desvendar os seus mistérios , não conseguirá satisfazer a sua curiosidade , e entrará em um labirinto do qual não achará nenhuma saída”.  De fato , a formulação histórica da doutrina da Trindade é apropriadamente como um labirinto terminológico, no qual muitos caminhos levam a becos sem saídas, a heresias.  Os quatro primeiros séculos da Igreja Cristã eram dominados por um único tema:  o conceito cristológico de Logos.  Esse conceito é exclusivamente joanino, se acha no prólogo do Evangelho de João e na sua Primeira Epístola .  A controvérsia eclesiástica daqueles tempos focaliza-se na pergunta : “O que João quer dizer com o uso da palavra Logos?” A controvérsia atingiu o seu auge no século IV, no Concílio de Nicéia ( 325 d.C. ). 
No século II , os pais apostólicos tinham uma cristologia pouco desenvolvida .  O relacionamento entre as duas naturezas de Cristo , a humana e a divina, não é claramente articulada em suas obras.  A doutrina da trindade aparece de forma subentendida nos seus tratados de cristologia , porém não explícita.  Os grandes defensores da fé que havia na Igreja Primitiva  ( Irineu, Justino Mártir ) referiam-se a Cristo como Logos eterno.  Nessa época porém , o conceito do Logosparece ter sido entendido como um poder ou atributo de Deus eterno de Deus que, de alguma maneira , inexplicável , habita em Cristo.  Um conceito de Logos eternamente pessoal, em íntima relação como Pai, ainda não havia sido definido. 


Irineu  Contra  Os  Gnósticos

Entramos no labirinto eclesiástico do desenvolvimento histórico da teologia trinitariana, seguindo os passos de  Irineu .  Ele era bispo de Lion na Gália , e discípulo de Policarpo que por sua vez , era discípulo do apóstolo João.  Em Irineu portanto , temos um vínculo direto com a doutrina apostólica.  Irineu começou a participar de debates teológicos em fins do século II . É mais conhecido por causa dos seus argumentos contra os gnósticos .  Sua grande obra , Contra Heresias , tem sido uma fonte primária de defesa contra as influências espiritualmente malogradas do gnosticismo. Irineu encaminhou a Igreja , positivamente , ao declarar a unicidade de Deus, que é o Criador dos céus e da terra.  Seu compromisso com o monoteísmo  protegeu a Igreja contra o perigo do politeísmo, que a levaria a um beco sem saída.  Irineu também foi cauteloso no que se refere à especulação gnóstica  quanto à maneira de o Filho ter sido gerado pelo Pai.
Os gnósticos especulavam continuadamente a respeito da natureza de Cristo e da sua relação com o Pai.  Alguns gnósticos classificavam Cristo no seu panteão de eões ( intermediários espirituais entre a Mente Divina e a Terra ) , e nisto , trivializaram a sua divindade. Outros ( docetistas ) negavam a humanidade de Cristo , insistindo que Ele não poderia ter se encarnado ( apenas parecia ser um homem ) e sofrer e morrer na cruz  ( cf. Jo 1.14; Hb 2.14; IJo 4.2,3 ) .  Irineu resistia fervorosamente os ensinos dos gnósticos mediante  uma cristologia desenvolvida de modo impressionante, enfatizando tanto a plena humanidade de Jesus Cristo , quanto a sua plena divindade.  Na sua defesa da cristologia Irineu respondeu aos gnósticos com duas fases cruciais que posteriormente reapareceram em Calcedônia : Filius dei filius hominis factus : ( o Filho de Deus tornou-se filho do homem ), e Jesus Christus vere homo , vere deus : ( Jesus Cristo , verdadeiro homem e verdadeiro Deus ).  
Declarações assim exigiam um conceito pelo menos rudimentar do trinitarismo .  De outra forma , a alternativa teria sido o diteísmo ( dois deuses ) ou o politeísmo ( muitos deuses ) .  Declara-se , todavia , que Irineu subentendeu um “ trinitarismo econômico”. Noutras  palavras : “ Ele só lida com a divindade do Filho e do Espírito no contexto da sua revelação e atividade salvífica , ou seja : no contexto da economia ( plano ) da salvação”. 


Tertuliano  Contra   Praxeas

Tertuliano, “ bispo pentecostal de Cartago” ( 160-230 d.C. ), fez contribuições de valor  inestimável  para o desenvolvimento da ortodoxia trinitariana.  Adolph Von Harnack , por exemplo , insiste que foi Tertuliano que preparou o terreno para o desenvolvimento subsequente da doutrina ortodoxa trinitariana. O tratado de Tertuliano “Contra Praxeas” , contém 50 páginas de polêmica vigorosa contra um certo Praxeas que supostamente, introduziu em Roma a heresia do monarquianismo ou do patripassianismo.  O monarquianismo ensina a existência de um só Monarca , que é Deus .  Por conseguinte , é negada a plena divindade do Filho e do Espírito .  No entanto , para preservar as doutrinas da salvação , os monarquianos chegaram a conclusão de que o Pai, como Deidade , foi crucificado pelos pecados do mundo. Essa é a heresia chamada patripassianismo  . Por isso , segundo Tertuliano disse a respeito de Praxeas: “ Ele tinha expelido a profecia  e introduzido a heresia, tinha exilado o Paracleto e crucificado o Pai”.
Tertuliano informa-nos que, enquanto a heresia de Praxeas varria a Igreja , os crentes de uma forma geral continuavam vivendo na sua simplicidade doutrinária . Embora estivesse resoluto quanto a advertir a Igreja contra os perigos do monarquianismo , entrou na controvérsia em cima da hora , quando a heresia estava se tornando predominante no pensamento dos  cristãos . A tarefa de Tertuliano foi criar um meio por onde fluíssem as implicações inerentes da teologia trinitariana na consciência da Igreja . Embora Tertuliano seja tido como o primeiro erudito a empregar o termo “Trindade” , não é correto dizer que ele “haja inventado” a doutrina , mas,que “ escavou” na consciência da Igreja e retirou daí os pensamentos trinitarianos inerentes que já estavam presentes.  B.B. Warfield comenta : “ Tertuliano tinha de...  estabelecer a divindade verdadeira e completa de Jesus...  sem criar dois deuses...  E considerando o sucesso que conseguiu nesse aspecto, deve ser reconhecido como o pai da doutrina eclesiástica da Trindade”.  Tertuliano torna explícito o conceito de uma “ Trindade  Econômica” ( semelhante ao conceito de Irineu, mas com uma definição mais explícita) Enfatiza a unidade de Deus , ou seja: que existe uma só substância divina, um só poder divino – sem separação, divisão, dispersão ou diversidade – há , porém, uma distribuição entre as funções , uma distinção entre as Pessoas.


Orígenes  E  A  Escola  Alexandrina

No século II a.C. , Alexandria , no Egito , substituiu Atenas como centro intelectual do mundo greco-romano. Posteriormente, academias cristãs floresceram nessa cidade. Alguns dos maiores estudiosos da Igreja antiga pertenciam à escola alexandrina.  A Igreja avançou ainda mais  através do labirinto teológico da formulação doutrinária com o trabalho do célebre Orígenes ( 185-254 d.C. ) . A explicação sobre a eternalidade do Logos pessoal  foi feita pela primeira vez por Orígenes. Com ele , começou a emergir a doutrina ortodoxa da Trindade , embora não fosse cristalizada na sua formulação ( progredindo além do conceito “econômico” de Tertuliano ) a não ser no começo do século IV no concílio de Nicéia ( 325 d.C. ).  Opondo-se aos monarquianos ( também chamados unitarianos ) , Orígenes propôs sua doutrina da geração eterna do Filho ( chamada filiação ). Ligava essa geração à vontade do Pai, e assim subentendia a subordinação do Filho ao Pai .  A conclusão da doutrina da filiação aconteceu não somente pelas designações  “Pai” e “Filho” , mas também pelo fato de o Filhoser chamado de modo consistente , “o Unigênito”  ( Jo 1.14,18; 3.16,18; I Jo 4.9 ) .
Segundo Orígenes , o Pai gera eternamente o Filho e, portanto, nunca está sem Ele.  O Filho é Deus , porém Ele subsiste ( segundo a linguagem teológica posterior, que se relaciona com a existência de Deus ) como uma pessoa distinta do Pai.  O conceito oferecido por Orígenes da geração eterna preparou a Igreja para entender que a Trindade consiste em três Pessoas em vez de consistir em três partes.  Orígenes deu expressão teológica ao relacionamento entre o Pai e o Filho ( posteriormente  afirmada no Concílio de Nicéia )  como  homoousios  to  patri: “ de uma só substância [ ou essência ] com o Pai”.  O modo de se entender a personalidade , essencial para a fórmula trinitariana ortodoxa, ainda era imprecisa .  O termo latim Persona , que significa “papel” ou “ator” , não ajudava no esforço teológico de se entender  o Pai ,o Filho e o Espírito como três Pessoas , em vez de meros papéis diferentes de Deus. O conceito teológico de hypostases  , ou seja: da distinção de Pessoas dentro da Deidade ( em contraste com a unidade de substância ou de natureza dentro da Deidade, chamada de “consubstancialidade” e que se relaciona com a homousia ) , permitiu a formulação paradoxal da teologia trinitariana.
A doutrina de Orígenes a respeito da geração eterna do Filho era uma polêmica contra a noção de que houvera um tempo quando o Filho não existia. Seu conceito da “consubstancialidade” ressaltava a igualdade entre o Filho e o Pai.  No entanto, surgiram dificuldades no pensamento de Orígenes por causa do conceito de subordinação apresentada na linguagem do Novo Testamento, e da idéia do papel de submissão do Filho em relação ao Pai, embora a plena divindade do Filho fosse ainda mantida.  O que é crítico para a nossa compreensão “ é entender a subordinação no sentido de que podemos chamar de econômico”, e não num sentido que se relacione com a natureza da própria existência de Deus.  Por isso: “ O Filho submete-se à vontade do Pai e executa o seu plano (oikonomia ) , mas não é por isso inferior ao Pai na sua natureza.  Orígenes era inconsistente na sua formulação do relacionamento entre o Pai e o Filho, e às vezes apresentava o Filho como um tipo de deidade de segunda categoria , distinto do Pai quanto a sua Pessoa , mas inferior a Ele quanto à existência. Essa oscilação no tocante ao conceito do subordinacionismo provocou uma reação maciça dos monarquianos.


O  Monarquianismo    Dinâmico: A  Primeira  Tentativa  Fracassada

    Os monarquianos procuravam preservar o conceito da unicidade de Deus – a monarquia do monoteísmo. Focalizavam a eternidade de Deus como único Senhor , ou Soberano, em relação à sua criação.  O monarquianismo em dois tipos diferentes : Dinâmico e Modalístico.  O Monarquianismo  Dinâmico ( também chamado de Monarquianismo Ebionita, Monarquianismo Unitariano ou Monarquianismo  Adocionista ) antecedeu o Monarquianismo Modalístico.  O Monarquianismo Dinâmico negava qualquer noção de uma Trindade eternamente pessoal. A escola monarquiana dinâmica era representada pelos Alogi , homens que rejeitavam a cristologia do Logos. Os Alogi baseavam a sua cristologia exclusivamente nos Evangelhos Sinóticos , e repudiavam a cristologia do Evangelho de João , porque suspeitavam que havia concepções helenísticas no prólogo do seu Evangelho.  Os Monarquianos Dinâmicos argumentavam que Cristo não era Deus desde toda eternidade , mas que se tornara Deus em certo momento do tempo.
 Embora existissem diferenças de opinião quanto ao momento exato determinado para a a deificação do Filho , a opinião generalizada era que a exaltação do Filho ocorreu no seu batismo quando, então , foi ungido pelo Espírito.  Cristo, pois , mediante a sua obediência , tornou-se o divino Filho de Deus . Cristo era considerado o Filho adotivo de Deus ao invés de ser tido como o eterno Filho de Deus.  O Monarquianismo Dinâmico também ensinava que Cristo foi exaltado progressivamente ,ou dinamicamente , à condição de Deidade .  O relacionamento entre o Pai e o Filho era percebido não em termos da sua natureza e existência , mas em termos morais . Ou seja: não se considerava que o Filho possuísse igualdade de natureza com o Pai ( homoousioshomo significa “ idêntico” e ousios significa “ essência” ) .  Os Monarquianistas Dinâmicos postulavam que entre Jesus e os propósitos de Deus existe um relacionamento meramente moral.
Um dos defensores antigos do Monarquianismo Dinâmico era o bispo de Antioquia no século III , Paulo de Samosata .  Surgiu um grande debate entre a Igreja Oriental  e a Escola de Antioquiana , de um lado , e a Igreja Ocidental e a Escola Alexandrina , de outro lado. O enfoque do debate era o relacionamento entre o Logos e o homem Jesus. Harold O.J. Brown observa que a forma que o adocionismo do Monarquianismo Dinâmico encontrou para conservar a unidade da Deidade foi sacrificando a divindade de Cristo.  O Monarquianismo Dinâmico é, portanto, uma tentativa fracassada de sair do labirinto doutrinário , que termina num beco sem saída , em uma heresia.  Paulo de Samosata teve Luciano como sucessor no Monarquianismo Dinâmico .  o aluno mais destacado de Luciano era Ário .  Este estava por trás da controvérsia ariana que resultou na convocação dos bispos em Nicéia  e na elaboração do famoso Credo Trinitariano ( 325 d.C. ) . Antes, porém, examinemos o segundo tipo de Monarquianismo : o Modalismo.


O  Monarquianismo  Modalístico :  A Segunda  Tentativa  Fracassada

As influências principais que estavam por trás do Monarquianismo  Modalístico  eram o gnosticismo e o neoplatonismo.  Os monarquianos  modalísticos concebiam o Universo como uma unidade , todo organizado , manifestado numa hierarquia de modos. Os modos ( assemelhados à círculos concêntricos ) eram considerados vários níveis de manifestações de realidade que emanavam de Deus , “ O Único” que existe como “ existência pura” , como o Ser Supremo no ponto mais alto da escala hierárquica ( influência neoplatônica ) . Os monarquianos modalísticos ensinavam que a realidade diminuía-se à medida que uma emanação se distanciava de “ O Único”, do qual emana , os modalistas consideravam que ela existia numa forma inferior ( influência gnóstica ) .  Pela proposição inversa, pensava-se que a realidade aumentava ao progredir em direção a “O Único” ( também chamado a Mente Divina ).
É fácil ver as implicações panteísticas desse conceito da realidade , posto que tudo quanto existe , supostamente tem sua origem nas emanações ( modos ou níveis da realidade ) da essência do próprio Deus .  Alguns modalistas empregavam uma analogia do sol e dos seus raios .  Os raios solares são da mesma essência do sol , mas não são o sol.  Os modalistas supunham que , quanto mais longe os raios ficam do sol , tanto menos são pura luz solar, e que embora os raios participem da mesma essência do sol , são inferiores a este, sendo meras projeções dele. A aplicação cristológica dessa cosmovisão identificava Jesus como uma emanação de primeira ordem da parte do Pai , reduzindo-o a um nível abaixo do Pai no tocante a natureza de sua existência ou essência. Embora Jesus fosse considerado a mais sublime ordem de existência à parte de “O Único” , Ele não deixava de ser inferior a ele , e dependia dele quanto à sua existência , embora fosse superior aos anjos e à raça humana.
 Sabélio ( século III ) era o maior defensor do monarquianismo modalístico, e o responsável pelo seu maior impacto sobre a Igreja.  Originando-se nele a analogia do sol e dos seus raios, negou ser Jesus deidade no mesmo sentido eterno que o Pai o é. Essa idéia levou ao termo teológico homoiousios.  O prefixo homoi  significa “ semelhante” , e a raiz ,ousios , significa “ essência” .  Sabélio, portanto, argumentava que a natureza do Filho era apenas semelhante à do Pai; não era portanto idêntica à do Pai.  Sabélio foi condenado como hereje em 268 , no Concílio de Antioquia . A diferença entre  homo ( “idêntico” )  e homoi ( “semelhante” ) talvez pareça trivial , mas a letra “i”  é a diferença fundamental entre as implicações panteísticas do sabelianismo ( não confundir Deus com a sua criação ) e a plena divindade de Jesus Cristo,à parte da qual ficariam grandemente prejudicadas as doutrinas da salvação.  O Monarquianismo Modalístico , ao abandonar a plena Divindade e Personalidade de Cristo e do Espírito Santo,  foi também uma tentativa fracassada de sair do labirinto doutrinário.

Arianismo:  A  Terceira  Tentativa  Fracassada

Embora Ário fosse aluno de Luciano ,e, portanto, participasse da linha do Monarquianismo Dinâmico proclamado por Paulo de Samosata , foi além deles na complexidade teológica.  Foi criado em Alexandria , onde também foi ordenado presbítero pouco depois de 311, apesar de ser um discípulo da tradição antioquiana . Nos meados de 318 , despertou a atenção de Alexandre , o novo arcebispo de Alexandria .  Este o excomungou  em 321 por causa de suas opiniões heréticas a respeito da Pessoa ,da natureza e da obra de Jesus Cristo.  Ário esforçou-se para ser restaurado à Igreja , não por arrependimento , mas a fim de que suas opiniões a respeito de Cristo se tornassem a teologia oficial da Igreja.  Nesse esforço procurou ajuda de alguns de seus amigos mais influentes , inclusive Eusébio de Nicomédia e o renomado historiador eclesiástico Eusébio de Cesaréia , bem como vários bispos asiáticos.  Continuou ensinando sem a aprovação de Alexandre.  Suas especulações provocaram muitos debates e confusão na Igreja. 
Pouco depois da excomunhão de Ário, Constantino passou a ser o único imperador de todo império romano.  Constantino ficou muito desgostoso ao descobrir que a Igreja estava vivendo tamanho caos devido a controvérsia ariana que inclusive , ameaçava a estabilidade política e religiosa do império. Apressou-se então a convocar o primeiro concílio ecumênico, o Concílio de Nicéia , em 325. Ário ressaltava que Deus Pai é o único Monarca e, portanto , que só Ele é eterno.  Deus é “ ingênito” , ao passo que tudo o mais , inclusive Cristo, é “gerado.” Ário  asseverava , incorretamente , que a idéia de ser “gerado” transmite o conceito de ser criado.  Ao mesmo tempo, deu-se o trabalho de separar-se das implicações  panteísticas da heresia sabeliana , ao insistir que Deus não tinha nenhuma necessidade interna de criar.  Disse também , que Deus criou uma substância  ( lat. Substantia ) independente, que Ele empregou para criar todas as demais coisas . Essa substância independente , primeiramente criada por Deus, acima de todas as outras coisas , era o Filho.
Ário  propôs que a incomparabilidade do Filho é limitada ao fato de ser a primeira e maior criação de Deus .  A encarnação do Filho é concebida , no pensamento ariano , como a união entre a substância criada ( o Logos ) com um corpo humano .  Ensinava que o Logos ocupava o lugar da alma dentro do corpo humano de Jesus de Nazaré.Harnack tem razão ao observar que  Ário  “ é monoteísta rigoroso somente no que diz respeito à cosmologia; como teólogo é politeísta”.   Ário , noutras palavras , na cosmologia reconhecia uma única Pessoa , que é Deus ; mas na prática estendia a adoração ( reservada para Deus somente ) a Cristo, o mesmo Cristo que declarara ( em outro contexto ) ter sido criado.  A cristologia de  Ário reduzia  Cristo a uma criatura e, como consequência , negava a obra salvífica do Filho de Deus .  Com isso , o arianismo foi também uma outra tentativa fracassada de sair do labirinto doutrinário. Pelo contrário , entrou  por um corredor sem saída.


A  Ortodoxia  Trinitariana:  Saindo  Do Labirinto

Trezentos bispos da Igreja Ocidental ( alexandrina  ) e da Igreja Oriental ( antioquiana ) reuniram-se em Nicéia, no grande conflito ecumênico , que procuraria definir com precisão teológica a doutrina da trindade .  O propósito do concílio era tríplice :  (1) esclarecer os termos usados para articular a doutrina trinitariana; ( 2 ) desmascarar e condenar os erros teológicos que estavam presentes em vários segmentos da Igreja; e (3)  elaborar um documento que estivesse em harmonia com os princípios bíblicos e as convicções compartilhadas pela Igreja.  O bispo Alexandre estava pronto para a luta contra Ário .  Os arianos estavam confiantes de que seriam vitoriosos . Eusébio de Nicomédia preparou um documento , no qual continham o ponto de vista defendido pelos arianos, que foi, confiantemente , apresentado ainda no início do conflito.  Por ter negado a divindade de Cristo, provocou a indignação da maioria dos presentes que, com firmeza , rejeitou o documento.  Em seguida , Eusébio de Cesaréia  ( que não era ariano, embora fosse representante da Igreja Oriental ) elaborou durante o debate um credo que se tornaria o modelo para o Credo de Nicéia.
O bispo Alexandre ( e os alexandrinos em geral)  ficou muito preocupado com as opiniões de Ário, pois elas poderiam afetar  a salvação pessoal,  caso Cristo não fosse plenamente Deus no mesmo sentido que o Pai é .  Para levar o homem à plena reconciliação com Deus , argumentava Alexandre , Cristo forçosamente tem de ser Deus . O bispo Alexandre reconhecia a linguagem da subordinação no novo Testamento, especialmente as referências a Jesus como: “ Unigênito” do Pai.  Indicava que o termo “gerado” deve ser entendido do ponto de vista judaico, pois os que empregavam o termo na Bíblia eram hebreus. O uso hebraico do termo visa ressaltar a preeminência de Cristo.  ( Paulo fala nesses termos, empregando a palavra “ primogênito” não com referência a origem de Cristo, mas aos efeitos salvíficos da sua obra de redenção ( ver Cl 1.15,18. ). Alexandre respondeu a Ário , argumentando que a condição de o Filho ser o Unigênito é antecedida nas Escrituras , conforme mostra João 1. 14 ( o Filho é o Unigênito da parte do Pai ) , que indica que Ele compartilha da mesma natureza eterna de Deus  ( assim se harmoniza com a”geração eterna” do Filho, segundo Orígenes ).  Aos ouvidos de Ário , que não se retratou , isso soava como um reconhecimento de que Cristo fora criado.  Estava se esforçando desesperadamente por livrar a teologia das implicações modalísticas que , segundo as palavras que posteriormente atribuídas ao seu opositor principal, Atanásio , incorriam no perigo de “ confundir as Pessoas entre si “.  Era, portanto, crucial fazer a distinção entre Cristo e o Pai.
O bispo Alexandre prosseguiu , declarando que Cristo é “gerado” pelo pai , mas não no sentido de emanação ou criação .  Teológicamente , o grande desafio da Igreja Ocidental era a explicação do conceito de homoousia  sem cair na heresia modalística. Atanásio geralmente recebe o crédito de ter sido o grande defensor da fé no Concílio de Nicéia .  A parte maior da obra de Atanásio , porém , foi consumada depois desse grande concílio ecumênico. Atanásio era inflexível , e embora deposto pelo imperador em três ocasiões durante sua carreira eclesiástica , lutava com valentia em favor do conceito de Cristo ser da mesma essência  ( homoousios ) que o Pai , e não meramente semelhante ao Pai quanto à sua essência  (homoiousios ) . Durante o seu turno como bispo e defensor da ortodoxia ( conforme revelou ser ) , era praticamente  “ Atanásio contra o mundo”.  A escola alexandrina acabou triunfando sobre os arianos,  e Ário voltou a ser condenado e excomungado. Na fórmula  confessionária da doutrina da Trindade  em Nicéia, Jesus Cristo é o “ Filho Unigênito de Deus ; gerado de seu Pai antes da fundação do mundo, Deus de Deus , Luz de Luz , Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus ; gerado , não feito ; consubstancial com o Pai”. 
Posteriormente a Igreja viria empregar o termo “ proceder” em lugar de “geração” ou “gerado” , com o propósito de expressar a subordinação salvífica do Filho ao pai. O Filho procede do Pai . Um tipo de primazia ainda é atribuída ao Pai com relação ao Filho , mas essa primazia não é cronológica; o Filho sempre existiu como o Verbo. Mesmo assim, o Filho foi “gerado” pelo Pai ou “procedeu” do Pai, e não o Pai do Filho. Esse “proceder” do Filho em relação ao Pai ( Já no século VIII , chamada “filiação” ) é entendido teológicamente como um ato necessário da vontade do Pai, de modo que fique impossível existir o conceito do Filho não provindo do Pai.  Daí a “ procedência” do Filho estar eternamente no presente, um ato que perdura , nunca terminando.  O Filho, portanto, é imutável ( não sujeito à mudança, Hb 13.8 ) , assim como o Pai é imutável  ( Ml 3.6 ).  A filiação ,do Filho, certamente , não é no sentido de ter sido gerada outra pessoa com a sua divina essência , pois o pai e o Filho são igualmente Deidade e, portanto, da “mesma” natureza indivisível.  O Pai e o Filho ( com o Espírito ) existem juntos em substância pessoal ( o Filho e o Espírito são pessoalmente distintos do Pai na sua existência eterna ).
Embora a exposição das complexidades linguísticas do Credo de Nicéia pareça frustante para nós hoje, levando-se em conta a distância de 1600 anos , é importante considerarmos a necessidade crucial de se manter a fórmula paradoxal do Credo de Atanásio : Um só Deus na Trindade , e a Trindade na Unidade”.  A exatidão teológica é crítica , pois os termos ousia, hupostasis, substantia e substência nos oferecem um entendimento conceptual do que é a ortodoxia trinitariana , como no caso do Credo de Atanásio: “ O Pai é Deus, O Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus . E, porém , não são três deuses , mas um só Deus”.  Entre 361-381 , a ortodoxia trinitariana passou por mais refinamentos , mormente no tocante ao terceiro membro da Trindade , o Espírito Santo.  Em 381 , em Constantinopla , os bispos foram convocados pelo imperador Teodócio , e as declarações da ortodoxia de Nicéia foram reafirmadas .  Além disso, houve menção explícita  do Espírito Santo em termos de deidade , como o “ Senhor e Doador da vida , procedente do Pai e do Filho; o qual , com o Pai e o Filho juntamente é adorado e glorificado ; o qual falou pelos profetas”  
O título  “ Senhor”  ( Gr. Kurios ) , empregado nas Escrituras em alguns textos para atribuir e explicitar a divindade ,  a divindade , é destinado aqui  ( no Credo de Nicéia – Constantinopla )  ao Espírito Santo . Logo , aquEle  que procede do Pai e do Filho  ( Jo 15.26 ) subsiste pessoalmente desde a eternidade dentro da Deidade , sem divisão ou mudança quanto à sua natureza  ( Ele é essencialmente  homoousios com o Pai e o Filho ). 
As propriedades pessoais ( as operações interiores de cada Pessoa dentro da Deidade ) atribuídas a cada um dos membros da Trindade são assim entendidas : o Pai é ingênito; o Filho é gerado ; e o Espírito Santo procede dEles. A insistência  nessas propriedades pessoais não é tentar explicar a Trindade , mas fazer a distinção entre as fórmulas ortodoxas trinitarianas e as fórmulas heréticas modalísticas.  As distinções entre os membros da Deidade não se referem à sua essência ou substância , mas ao relacionamento.  Noutras palavras : a ordem de existência na Trindade , no tocante ao ser essencial de Deus , está espelhada na Trindade salvífica .  “ São , portanto ,três , não na posição, mas no grau ; não na substância , mas na forma ; não no poder , mas na sua manifestação .  O processo contínuo da pesquisa da natureza do Deus vivo cede lugar , a essa altura , à adoração . Juntamente com os apóstolos , os pais da Igreja , os mártires e os maiores teólogos no decurso da história da Igreja , temos de reconhecer que “ toda a boa teologia termina com uma doxologia” ( cf. Rm 11.33-36 ) . Considere esse hino clássico de  Reginald  Heber :

Santo! Santo! Santo! Deus Onipotente!
Tuas obras louvam teu nome com fervor
Santo! Santo! Santo! Justo e Compassivo!
És Deus Triúno, excelso Criador!

A  Trindade  E  A  Doutrina  Da  Salvação

As opiniões não-trinitarianas , tais como o modalismo e o arianismo , reduzem a doutrina da salvação a uma charada divina.  Todas as convicções cristãs  básicas que se centralizam na obra da Cruz pressupõe a distinção pessoal dos membros da Trindade .  Refletindo , podemos perguntar se é necessário crer na doutrina da Trindade para ser salvo.  A resposta histórica e teológica é que a Igreja não tem usualmente exigido uma declaração explícita de fé na doutrina da Trindade para a pessoa ser batizada. Mas a Igreja certamente espera uma fé implícita no Deus Trino e Uno como aspecto essencial do nosso relacionamento pessoal com os papéis distintivos de cada uma das Pessoas da Deidade , na obra salvífica  em prol da humanidade.  A doutrina da salvação ( inclusive a reconciliação , a propiciação, a redenção, a justificação e a expiação ) depende da cooperação dos membros distintivos do Deus Trino e Uno ( Ef 1. 3-14 ). Por isso, renunciar deliberadamente a doutrina da Trindade ameaça gravemente a nossa esperança de salvação pessoal.
As Escrituras incluem todos os membros da raça humana na condenação universal do pecado  ( Rm 3.23 ) , e por isso, todos “ precisam da salvação ; a doutrina da salvação requer um salvador adequado, ou seja: uma cristologia adequada .  Uma cristologia sadia  exige um conceito satisfatório de Deus , isto é ,uma teologia especial e sadia – que nos trás de volta à doutrina da Trindade.  O conceito modalístico da natureza de Deus deixa totalmente abolida a obra mediadora entre Deus e as pessoas .  A reconciliação ( IICo 5.18-21 ) subentende deixar de lado a inimizade ou a oposição .  Qual inimizade é deixada de lado?  As Escrituras que Deus está em inimizade contra os pecadores  ( Rm 5.9 ) , e que as pessoas nos seus pecados também estão em inimizade contra Deus ( Rm 3.10-18; 5.10 ) .  O Deus Trino e Uno é revelado na Bíblia de modo explícito na redenção dos pecadores e na sua reconciliação com Deus.  Deus “envia” o Filho ao mundo ( Jo 3.16,17 ) .  À sombra do calvário , Jesus se submete com obediência à vontade do Pai: “Meu Pai ,se é possível, passa de mim esse cálice ; todavia, não seja como eu quero , mas como tu queres” ( Mt 26.39 ).
 O relacionamento sujeito-objeto entre o Pai e o Filho fica claramente evidente aqui.  O Filho suporta a vergonha do madeiro maldito , trazendo a paz ( reconciliação ) entre Deus e a humanidade ( Rm 5.1; Ef 2.13-16 ).  Enquanto a sua vida se esgota rapidamente do seu corpo , Jesus , no Calvário olha para o céu , e pronuncia suas últimas palavras : “ Pai , nas tuas mãos eu entrego o meu espírito” ( Lc 23.46 ). Se duas pessoas distintivas não forem reveladas aqui, no ato salvífico da cruz , esse evento seria uma mera charada de um único Cristo ( que só poderia ser neurótico ). No Modalismo , o conceito da morte de Cristo como uma satisfação infinita está perdido.  O sangue de Cristo , é o sacrifício pelos nossos pecados ( I Jo 2.2 ).  A doutrina de propiciação tem a conotação de aplacar ou evitar a ira mediante um sacrifício aceitável. Cristo é o cordeiro sacrificial de Deus ( Jo 1.29 ). Por causa de Cristo , a misericórdia de Deus é oferecida em vez da ira que merecemos por causa dos nossos pecados .  Sugerir , porém , como faz o Modalismo , que Deus é uma só Pessoa e que faz de si mesmo a si mesmo uma oferta pelo pecado , estando Ele ao mesmo tempo irado e misericordioso, deixa parecer  que Ele é  caprichoso .  Noutras palavras : a Cruz seria um ato sem sentido no que diz respeito ao conceito de uma oferta pelo pecado.
O apóstolo João identifica Jesus como nosso Paracleto  ( ajudador ou conselheiro ).  Temos , portanto, alguém que fala com o Pai em nossa defesa ( I Jo 2.1 ). Agir assim pressupõe um Juiz que é diferente do próprio Jesus , antes de Ele desempenhar semelhante papel .  Porque Cristo é o nosso Paracleto: “ Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos , mas também pelos de todo mundo” ( I Jo 2.2 ).  Temos, portanto, plena segurança da nossa salvação porque Cristo , nosso ajudador , é também a nossa Oferta pelo pecado.  Jesus veio ao mundo não “ para ser servido , mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” ( Mc 10.45 ). O conceito de “resgate” e de suas palavras cognatas nas Escrituras é usado com referência a um pagamento que garante a libertação de presos. A quem Cristo pagou o resgate ?  Se for negada a doutrina ortodoxa da Trindade ( negando-se uma distinção entre as Pessoas da Deidade , conforme o que quer o Modalismo ) , Cristo teria de ter pago o resgate ou à raça humana ou a Satanás. Posto que a humanidade está morta em transgressões e em pecados  ( Ef 2.1 ), nenhum ser humano teria o direito de exigir que Cristo lhe pagasse o resgate.  Sobraria, portanto, Satanás para fazer a extorsão de Cristo , em nível cósmico.  Nós porém , nada devemos a Satanás .  E a idéia de Satanás exigir resgate pela humanidade é blasfêmia por causa das suas implicações dualistas ( a idéia de que Satanás possui poder suficiente para extorquir de Cristo a própria vida deste;  ver João 10.15-18 ).
Pelo contrário:  o resgate foi pago ao Deus Trino e Uno para satisfazer as plenas reivindicações da justiça divina contra o pecador caído.  Tendo o Modalismo rejeitado o trinitarianismo , a heresia modalística perverte, de modo correspondente , o conceito da justificação. Embora mereçamos a justiça de Deus , somos justificados pela graça mediante a fé em Jesus Cristo somente ( I Co 6.11 ). Tendo sido justificados ( tendo sido declarados sem culpas diante de Deus ) mediante a morte e ressurreição de Jesus,somos , portanto,declarados justos  diante de Deus ( Rm 4.5,25 ).  Cristo declara que o Espírito é “outra” Pessoa distinta de si mesmo, porém do “mesmo tipo” ( allon, Jo 14.16 ). O Espírito Santo emprega a obra do Filho no novo nascimento ( Tt 3.5 ), santifica o cristão ( I Co 6.11 ) e nos dá acesso ( Ef 2.18 ), mediante o nosso Grande Sumo Sacerdote, Jesus Cristo ( Hb 4. 14-16 ) , à presença do Pai ( II Co 5. 17-21 ).  Um Deus que muda inteiramente seus atos é contrário à revelação da natureza imutável do Todo-Poderoso ( Ml 3.6 ).  Semelhante modalismo é deficiente no que diz respeitoà salvação, pois nega a alta posição sumo-sacerdotal de Jesus Cristo. As Escrituras declaram que Cristo é nosso intercessor divino à destra de Deus , nosso Pai ( Hb 7.23; 8.2 ).  Fica claro que a doutrina essencial da expiação vicária , na qual Cristo carregou  nossos pecados na sua morte , depende do conceito trinitarariano .  O Modalismo subverte o conceito bíblico da morte penal e vicária de Cristo como satisfação da justiça de Deus e, em última análise , anula a obra da Cruz.
A cristologia ariana é condenada pelas Sagradas Escrituras .  O relacionamento entre o Pai , o Filho e o Espírito Santo fundamenta-se na natureza divina que compartilham entre si, e que , em última análise , é explicada em termos da Trindade.  “ Qualquer que nega o Filho também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai” ( I Jo 2.23 ). O reconhecimento apropriado do Filho requer fé na sua divindade , bem como na sua humanidade .  Cristo, como Deus, é suficiente para satisfazer a justiça do Pai;  como homem, Ele cumpriu a responsabilidade moral da humanidade diante de Deus. Na obra da Cruz , a justiça e a graça de Deus nos são reveladas .  A eterna perfeição de Deus e as imperfeições pecaminosas da humanidade são reconciliadas mediante o Deus-Homem , Jesus Cristo ( Gl 3.11-13 ). A herança ariana , na sua negação da plena divindade de Cristo , está sem Deus Pai ( I Jo 2.23 ) e, portanto, sem nenhuma esperança de vida eterna.


A  Necessidade  Teológico-Filosófica  Da  Trindade

As propriedades ( qualidades inerentes ) eternas e a perfeição absoluta do Deus trino e Uno são decisivas para o conceito cristão da soberania de Deus sobre a sua Criação .  Deus ,sendo Trindade , é completo em si mesmo ( soberano ) , e, consequentemente , a criação é um ato livre de Deus , e não uma ação necessária de sua existência .  Por essa razão , “ antes de ‘no princípio’ existia algo diferente de uma situação estática”.  A fé cristã oferece uma revelação clara e compreensível de Deus , proveniente de fora da esfera do tempo, pois Deus , como Trindade, tem desfrutado de eterna comunhão e comunicação entre suas três Pessoas distintas.  O conceito de um Deus pessoal e que se comunica , desde toda eternidade , está arraigado na teologia trinitariana.  Deus não existia em silêncio e de forma estática para então, um certo dia , optar por romper a tranquilidade daquele silêncio e então falar.  Pelo contrário : a comunhão eterna dentro da Trindade é essencial para o conceito da revelação.  ( A alternativa de um Ser divino solitário que murmura de si para si na sua solidão é um pouco inquietante. )  O Deus Trino e Uno tem se revelado à humanidade , dentro da humanidade , de modo pessoal e proposicional.
A personalidade de Deus , como Trindade , também é a fonte e significado da personalidade humana .  “ Sem semelhante fonte “ , observa Francis  Schaeffer , “sobra tão somente para os homens uma personalidade que provém do impessoal ( com o acréscimo do tempo e do acaso )”.  Por toda a eternidade o Pai amava o Filho , o Filho amava o Pai , e o Pai e o Filho amavam o Espírito.  “ Deus é amor” ( I Jo 4.16 ).  Logo o amor é um atributo eterno.  Por definição , o amor é necessariamente compartilhado com outro , e o amor de Deus é um amor que fez que com Ele doasse a si mesmo. Por isso , o amor eterno dentro da Trindade outorga sentido real ao amor humano ( I Jo 4.17 ). 


Excurso:  O  Pentecostalismo  Da  Unicidade

No acampamento de Reavivamento Mundial em Arroyo Seco de Los  Ângeles , em 1913, surgiu uma séria controvérsia .  Durante um culto de batismo , o evangelista canadense  R. E. McAlister argumentou que os apóstolos não invocavam o Nome trino e uno – Pai ,Filho e Espírito Santo – no batismo , mas batizavam no nome de Jesus somente.  Durante a noite , John  G. Schaeppe, um imigrante de Danzig , Alemanha , teve uma visão , e acordou  o acampamento , gritando que o nome de Jesus precisava ser glorificado . A partir de então , Frank J. Ewart  começou a ensinar  que aqueles que tinham  sido batizados  segundo a fórmula trinitariana precisavam do novo batismo que invocava somente o nome de Jesus .  Logo, outros  começaram a espalhar a “ nova questão” .  Juntamente com isso veio a aceitação  de uma só Pessoa na Deidade , agindo em modos ou cargos diferentes. O reavivamento em Arroyo Seco acendera a centelha dessa nova questão.  Em outubro de 1916 , O Concílio Geral Das Assembléias De Deus  foi convocado em St. Louis com o propósito de formar barricadas de defesa para proteger a ortodoxia  trinitariana.  Os representantes da Unicidade viram-se diante de uma maioria que lhes exigia que aceitassem a fórmula batismal trinitariana e a doutrina ortodoxa de Cristo , ou deixassem a comunhão .  Cerca de um quarto dos ministros realmente se retirou .  Mas as Assembléias De Deus estabeleceram-se na tradição doutrinária da “ fé pregada pelos apóstolos , atestada pelos mártires , substanciada nos Credos , exposta pelos pais”, ao lutar em favor da ortodoxia trinitariana.  Tipicamente , o Pentecostalismo da Unicidade declara: “ Não cremos em três personalidades separadas na Deidade , mas cremos em três cargos preenchidos por uma só pessoa”.   
A doutrina da Unicidade ( Modalística ) tem, portanto, o conceito de Deus como um só Monarca transcendente , cuja unidade numérica é rompida por três manifestações contínuas feitas à humanidade como Pai , Filho e Espírito Santo.  As três faces do único Monarca são realmente imitações divinas de Jesus , a expressão pessoal de Deus mediante a sua encarnação .  A idéia da personalidade exige, segundo os Pentecostais da Unicidade , corporalidade e, por essa razão acusam os trinitarianos de adotar o triteísmo. Pelo fato de Cristo ser “ corporalmente toda plenitude da divindade” ( Cl 2.9) , os Pentecostais da Unicidade argumentam que Ele é essencialmente a plenitude da Deidade indiferenciada.  Noutras palavras : acreditam que a tríplice realidade de Deus é “ três manifestações “ do único Espírito habitando dentro da Pessoa de Jesus .  Acreditam que Jesus é a personalidade única de Deus, cuja “essência” como Pai no Filho e como Espírito através do Filho”.  Explicam, ainda, que a pantomima divina  de Jesus  é “ cristocêntrica, porque Jesus, como ser humano,é o Filho, e que como Espírito ( na sua divindade ) Ele revela – e realmente é o Pai e envia – e realmente é o Espírito Santo como Espírito de Cristo que habita no cristão.
Já argumentamos que o sabelianismo do século III é herético .  Na sua negação das distinções eternas entre as três Pessoas na Deidade , o Pentecostalismo da Unicidade acabou caindo no mesmo erro teológico do Modalismo clássico .  A diferença , conforme foi declarado antes, é que os Pentecostais da Unicidade concebem a “ trimanifestação” de Deus como simultânea em vez de sucessiva – sendo esta última a crença do modalismo clássico .  Argumentam que , tendo por base  Colossenses  2.9 ,  o conceito da personalidade de Deus é reservado exclusivamente  para a presença imanente e encarnada de Jesus .  Por isso, os Pentecostais da Unicidade geralmente argumentam que a Deidade está em Jesus, mas que Jesus não está na Deidade.  Colossenses 2.9 afirma porém ( conforme a Igreja formulou em Calcedônia em 451 ), que Jesus é a “plenitude da revelação da natureza de Deus “ ( theothêtos , divindade ) mediante a sua encarnação .  A totalidade da essência de Deus está incorporada em Cristo ( ele é plena deidade ) , embora as três Pessoas não estejam simultaneamente encarnadas em Jesus .  Embora os Pentecostais da Unicidade confessem a divindade  de Jesus Cristo , o que eles realmente querem dizer é que Jesus, como Pai, é deidade , e como Filho , é humanidade. Ao argumentarem  que o termo “Filho” deve ser entendido como a natureza humana de Jesus , e que o termo “Pai” é designação da natureza divina de Cristo, imitam seus antecessores antitrinitários ( há muito tempo falecidos ) ao comprometerem as doutrinas da salvação .
É certo que Jesus declarou : “ Eu e o Pai somos um” ( Jo 10.30 ). Mas isso não significa que Jesus e seu Pai sejam uma só Pessoa  ( conforme argumentam os Pentecostais da Unicidade ) , pois o numeral grego neutro hen ( “um” ) é empregado pelo apóstolo João em vez do masculinoheis .  Logo, a referência é à união essencial , e não a identidade absoluta.  Conforme já foi declarado , a distinção tipo sujeito-objeto entre o Pai e o Filho é revelada com grande clareza nas escrituras, quando Jesus, na sua  agonia , ora ao Pai  ( Lc 22.42 ). Jesus também revela e defende a sua identidade ao apelar o testemunho do Pai ( Jo 5.31,32 ).  Jesus declara de modo explícito : “ Há outro [ Gr. Allos ] que testifica de mim” ( v. 32 ).  Aqui , o termo allos denota , mais uma vez , uma pessoa diferente daquela que está falando .  Também em João 8. 16-18 , Jesus diz: “ E, se, na verdade , julgo, o meu juízo é verdadeiro , porque não sou eu só , mas eu e o Pai que me enviou.  E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.  Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica  também o Pai que me enviou”.  Aqui Jesus cita o Antigo Testamento ( Dt 17.6; 19.15 ) com o propósito de revelar, mais uma vez , a sua identidade messiânica  ( como sujeito ) , apelando ao testemunho de seu Pai  ( como objeto ) a respeito do próprio Jesus . Insistir  ( como fazem os Pentecostais da Unicidade ) que o Pai e o filho são numericamente um só, serviria apenas para desacreditar o testemunho que Jesus deu de si mesmo como Messias.
Além disso , os Pentecostais da Unicidade ensinam que, para a pessoa ser verdadeiramente salva , é preciso que seja batizada “ em nome de Jesus” somente .  Com isso dão a entender que os trinitarianos não são cristãos verdadeiros .  Nisso, os Pentecostais da Unicidade incorrem no erro de colocar as obras como meio de salvação,  contrariando o que a Bíblia diz : a salvação pela graça , mediante a fé somente ( Ef 2. 8,9 ). No Novo Testamento , encontramos por volta de 60 referências  que falam da salvação pela graça somente mediante a fé , independentemente do batismo nas águas. Se o batismo foi um meio necessário à nossa salvação , porque o Novo Testamento não enfatiza fortemente tal doutrina?  Pelo contrário : vemos Paulo dizendo: “ Cristo enviou-me não para batizar , mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras , para que a cruz de Cristo não se faça vã” ( I Co 1.17 ). Deve ser mencionado , ainda , que Atos dos Apóstolos  não pretende preceituar uma fórmula batismal para ser utilizada pela Igreja , pois a frase “ em nome de Jesus” não ocorre exatamente da mesma maneira duas vezes em Atos. No sentido de reconciliar o mandamento de Jesus no sentido de batizar “ em nome do Pai ,e do Filho , e do Espírito Santo” ( Mt 28.19 ) , com a declaração de Pedro: “cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” ( At 2.38 ) , consideraremos três explicações possíveis.
(1 ) Pedro desobedeceu ao mandamento claro do seu Senhor .  Isso, obviamente , nem é uma explicação , e deve ser descartada por ser ridícula.
( 2 ) Jesus estava falando em termos ocultos , que exigiriam algum tipo de perspicácia mística antes de ser possível compreender seu sentido.  Noutras palavras , Ele realmente estava nos mandando batizar somente em nome de Jesus, embora alguns não percebam esse significado velado de nosso Senhor.  Não há, porém , a mínima justificativa para se tirar tal conclusão. É contrária ao gênero específico de literatura bíblica envolvida ( didático-histórico ) e também , pelo menos por implicação , à impecabilidade de nosso Senhor Jesus Cristo.
( 3 ) Uma explicação melhor é fundamentada na autoridade apostólica de Atos, no que diz respeito as credenciais ministeriais dos apóstolos . Quando a frase “ em nome de Jesus Cristo” é invocada pelos apóstolos em Atos , significa “ com a autoridade de Jesus Cristo” ( cf. Mt 28.18 ). Por exemplo: em Atos 3.6 os apóstolos curam mediante a autoridade do nome de Jesus Cristo. Em Atos 4, os apóstolos são convocados para serem interrogados a respeito das obras poderosas que faziam: “ Com que poder ou em nome de qurm fizestes isso? ( v. 7 ).  O apóstolo Pedro cheio do Espírito Santo , adiantou-se e proclamou corajosamente: “ Em nome de Jesus Cristo , o Nazareno, aquele a quem vós crucificaste e a quem Deus  ressuscitou dos mortos , em nome desse, é que este está são diante de vós” ( v. 10 ) .  Em Atos 16.18 , o apóstolo Paulo libertou , “ em nome de Jesus Cristo” , uma jovem da possessão demoníaca.
Os apóstolos estavam batizando ,curando, libertando e pregando, mediante a autoridade de Jesus Cristo.  Conforme escreveu Paulo: “ E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus pai” ( Cl 3.17 ).  Concluímos , portanto , que a declaração apostólica “ em nome de Jesus Cristo” equivale a dizer : “ pela autoridade de Jesus Cristo”.  Não existe, portanto, nenhum motivo para acreditar que os apóstolos fossem desobedientes ao imperativo  do Senhor , que mandou batizar em nome do Pai , do Filho e do Espírito Santo ( Mt 28.19 ), ou que Jesus estava usando linguagem oculta , pelo contrário: no próprio livro de Atos , os apóstolos batizavam pela autoridade de Jesus Cristo , em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.  A doutrina da Trindade é o caráter distinto da revelação que Deus fez de si mesmo nas sagradas Escrituras . Fiquemos pois firmes em nossa confissão de um só Deus “ eternamente existente em si mesmo...  como Pai, Filho e Espírito Santo”. 
Para aqueles cujos corações tem sede do Deus Vivo , e se aproximam de Deus com humildade e reverência , o Todo Poderoso abrirá os seus infindáveis tesouros  e os derramará copiosamente para saciá-los abundantemente , pois o Pai quer se revelar aos seus filhos e tem prazer naqueles que querem conhecê-lo com um coração puro e uma disposição santa . Meu amado irmão em Cristo, se você é um desses bem aventurados , então esse pequeno mas sólido estudo muito o ajudará.

Com Amor Em Cristo 
 VeredariuS

Bibliografia
( 1 ) Teologia Sistemática
Stanley  M.  Horton
Casa Publicadora Das Assembléias De Deus ( CPAD )
1ª Edição 1996  -  pág. 126-128
( 2 ) O Novo Dicionário Da Bíblia
Editor organizador: J. D. Douglas  M. A., B. D., Ph. D.
Editor Da Edição Em Português
R. P. Shedd,  M. A., B. D. , Ph. D.
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova
2ª Edição  1995 – Reimpressão 2003  -  pág. 406
( 3 ) idem (2 )   pág. 406-407
( 1* ) idem (2 )  pág.407
( 2* ) idem ( 2 )  pág. 407-408
( 3* ) idem ( 1 ) pág. 141-151
( 1** )  Palestras  Introdutórias  À  Teologia  Sistemática
Henry Clarence  Thiessen  B.D., Ph.D., D.D.
1ª  Edição  Em Português  -  1987  -  pag. 34-43
( 2** )  idem ( 1** )  pág. 86-87

( 3** )  idem ( 1 )    pág. 157-187

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