A Paz do Senhor
Prezados
irmãos, no espaço “Estudos” nós iniciaremos uma série de estudos
bíblicos, para melhor compreensão dos Artigos de Fé. Assim,
começaremos com; Creio na Inspiração Verbal da Bíblia Sagrada... que
serão seguidos por outros dezenove estudos.
“Creio em um só Deus eternamente subsistente em três
pessoas : O Pai , o
Filho e o Espírito Santo.”
Introdução
Deus
é um ser de tal magnitude , que ninguém pode no passado , ou no presente e nunca
poderá no futuro , desvendá-Lo ,compreendê-Lo ,entendê-Lo ou descrevê-Lo como
se o Mesmo fosse parte das coisas criadas. Quando um homem se sente no direito
e com a capacidade de explicar a Divindade , já demonstra a sua ignorância
sobre o tema. Em todas as épocas que isso foi tentado apareceram heresias,
demonstrando a total incapacidade do homem em tentar compreender a Divindade, e
não aceitar pela fé , conforme revelado nas Escrituras; e seguir as orientações
do Espírito Santo.
Pois o primeiro cuidado que devemos ter em
mente é que, a nossa mente, a nossa lógica e os nossos pensamentos são finitos
, e Deus é por definição infinito; são conceitos excludentes . dentro dessa realidade
temos que nos submeter à uma lógica espiritual , cujas premissas nem sempre são
coincidentes com a lógica humana, filosófica ou em alguns casos até mesmo com a
lógica teológica.
¨A Existência De Deus ¨ ( ¹ )
A
Bíblia não procura oferecer-nos qualquer prova racional quanto a existência de
Deus. Pelo contrário: Ela já começa tomando a sua existência como pressuposição
básica: ¨No princípio , Deus¨ ( Gn 1.1 ). Deus Existe! Ele é o ponto de
partida. Por toda a Bíblia há evidências substanciais em favor de sua
existência. Se de um lado ¨disseram os néscios no seu coração: Não há Deus¨ (
Sl 14.1 ); por outro: ¨ os céus manifestam a glória de Deus,e o firmamento
anuncia as obras das suas mãos¨ ( Sl 19.1 ). Deus se tornou conhecido mediante
o seu ato de criar e de sustentar tudo quanto existe. Ele dá vida , alento ( At
17. 24-28 ), alimento e alegria ( At 14. 17 ).
Essas ações são acompanhadas por palavras que
interpretam o seu significado e relevância,
favorecendo um registro que explica sua presença e propósito. Deus também
revela a sua existência através do ministério dos profetas, sacerdotes , reis e
servos fiéis.Finalmente, Deus se revelou claramente a nós mediante o Filho e
por intermédio do Espírito Santo que em nós habita. Os que , entre nós, acreditam que Deus haja se revelado
nas Escrituras , descrevem a Deidade única e verdadeira tendo como base sua
auto-revelação.
Vivemos , todavia, num mundo que , via de
regra, não aceita esse conceito da Bíblia como fonte primária de informação. E
são muitas as pessoas que preferem confiar na engenhosidade e percepção humanas para lograrem alcançar uma
descrição particular da Deidade. Para acompanharmos os passos do apóstolo Paulo
na obra de se conduzir a humanidade das trevas para a luz, precisamos ter
consciência das categorias gerais dessas percepções terrenas. Sob o ponto de vista secular de se entender a
história, a ciência e a religião, a teoria da evolução tem sido aceita por
muitos como fato fidedigno. Segundo esta teoria , à medida que os seres humanos
foram evoluindo, também evoluíram suas crenças religiosas e seus modos de
expressá-las. A religião é apresentada como um movimento que parte de práticas
e crenças simples para as mais complexas.
Os seguidores da teoria da evolução dizem que
a religião começa no nível do animismo ( A crença de que poderes sobrenaturais,
ou espíritos desencarnados, habitam nos objetos naturais ou físicos. Tais
espíritos, segundo as suas próprias vontades malignas , teriam influência sobre
a vida humana ) . O animismo evoluiu-se até transformar-se no politeísmo
simples, no qual certos poderes sobrenaturais são considerados deidades. O
passo seguinte , ainda segundo os evolucionistas, é o henoteísmo: Uma das deidades
atinge uma posição de supremacia sobre todos os demais espíritos, e é adorada
em detrimento das outras. Segue-se então a monolatria, quando as pessoas optam
por adorar um só dos deuses , sem , porém, negar a existência dos demais.
A conclusão lógica ( segundo essa teoria ) é o
monoteísmo que surge somente quando as pessoas evoluem-se ao ponto de negar a
existência de todos os demais deuses e de adorar uma única deidade. As pesquisas realizadas pelos antropólogos e
pelos missiologistas neste século ,
demonstram com clareza que essa teoria não é corroborada pelos fatos
históricos, nem pelo estudo cuidadoso
das culturas ¨primitivas¨contemporâneas. Quando os seres humanos criam um
sistema de crenças segundo os seus próprios desígnios, ele não tende a se
desenvolver em direção ao monoteísmo, mas, sim, ao animismo e a crença em
vários deuses. A tendência é cair no
sincretismo, acrescentando-se a este deidades recém-descobertas ao conjunto das
que já são adoradas.
Em contraste com a evolução , temos a
revelação. Servimos a um Deus que tanto age como fala. O monoteísmo não é o
resultado do caráter humano evolucionário , mas do desvendamento que Deus fez
de si mesmo. A revelação divina é progressiva na sua natureza à medida que Deus
se revelou através dos registros bíblicos . Já no dia de Pentecostes, após a ressurreição e ascensão de Cristo, temos a
prova de que Deus realmente se manifesta ao seu povo em três Pessoas distintas.
Nos tempos do Antigo Testamento, porém , a prioridade era estabelecer o fato de que há um
só Deus em contraste com os inúmeros deuses cultuados pelos vizinhos de Israel,
em Canaã, no Egito e na Mesopotâmia. Através de Moisés , essa verdade foi
proclamada: ¨Ouve, Israel, o SENHOR , nosso Deus , é o único SENHOR¨ ( Dt 6.4
). A existência de Deus e a sua atividade contínua não do seu relacionamento
com qualquer outro deus, ou criatura. Pelo contrário: nosso Deus podia
simplesmente ¨ser¨, optando por chamar o homem a estar ao seu lado ( não porque
Ele precisasse de Adão , mas porque este precisava de Deus ).
O Ser De Deus ( ²
)
É
verdade que as Escrituras nunca discutem o Ser de Deus separadamente dos seus
atributos, visto que Deus é aquilo que Ele se revela ser. É possível, no
entanto, conceber o Ser de Deus em relação com o nossos próprios
seres, quer em termos de semelhança quer em termos de contraste, ainda
que a sua essência tenha que permanecer incompreensível para nós. Podemos dizer
que Deus é Espírito, é Puro, é Pessoal e
é Espírito Infinito.De conformidade com a revelação de Cristo à mulher
samaritana, Deus é Espírito ( Jo 4.24 ),
e precisamos concebê-lo como Espírito Puro no sentido que Ele não é complexo ou
composto por partes, ainda que sem corpo ou presença corporal ,sendo, portanto,
invisível e imperceptível para os
sentidos físicos Jo 1.18 . Fica igualmente claro pelas Escrituras que Deus é um
Espírito racional , auto – consciente, auto-determinador, um agente
moral inteligente. Deus é a Mente suprema e a origem de toda a racionalidade em
suas criaturas.
Deus é Espírito Infinito , sem fronteiras ou
limites tanto quanto ao seu Ser como aos seus atributos, e cada aspecto e
elemento de sua natureza é infinito. Essa natureza infinita , em relação ao
tempo, é chamada de eternidade, e em relação ao espaço é chamada onipresença .
Em relação ao universo , ela implica tanto em transcendência como em imanência.
Por transcendência de Deus se entende que Ele está separado de toda a sua
criação como um Ser independente e autoexistente. Ele não está limitado pela
natureza, mas existe infinitamente exaltado sobre ela. Até mesmo aquelas
passagens das Escrituras que salientam Suas manifestações temporais e locais
dão ênfase à Sua exaltação e Onipotência como Ser externo ao mundo como seu
soberano Criador e Juiz ( Is 40. 12-17
).
Por imanência de Deus se entende Sua presença
difundida e Seu poder dentro de Sua criação. Deus não fica apartado do mundo ,
como se fosse um mero espectador das obras de Suas mãos; mas interpenetra cada
coisa orgânica e inorgânica , agindo de dentro para fora,do centro década átomo
e das fontes mais íntimas do pensamento , da vida e dos sentimentos, uma
sequência contínua de causa e efeito. Em
Is 57. 15 temos uma expressão de
transcendência de Deus: `` o Alto , o
Sublime, que habita a eternidade , o qual tem o nome de Santo´´ , bem como de
Sua imanência como Aquele que habita `` também com o contrito e abatido de
espírito´´.
O
Caráter De Deus ( ³ )
Se Deus
é uma Pessoa então Ele é um agente moral que possui caráter. Assim sendo ,
podemos falar sobre os `atributos´ de Deus, referindo-nos às qualidades que
podemos atribuir ao caráter divino. Embora não exista atributo que possa
expressar adequadamente o Ser de Deus , contudo muitos dos atributos
apresentados nas Escrituras servem ao propósito de transmitir uma digna
impressão tanto de Sua transcedência
como de Sua imanência. Todavia , precisamos trazer sempre em mente o fato que
os atributos de Deus pertencem à própria essência do Seu Ser , e que , dessa
maneira , são co-extensivos com Sua
natureza. Em outras palavras , em Deus atributos e ser são uma só coisa. Isso
não é assim no caso do homem.
Os atributos do caráter humano visto que o
homem é finito são sujeitos á limitações. No homem há diferença entre ser ,
viver , conhecer e querer , e o máximo que podemos esperar é que essas coisas sejam bem equilibradas no
indivíduo. Em Deus, pelo contrário , os
Seus atributos são todo-difundidos , e
cada um deles é infinito e não conhece limitação. Por exemplo não podemos dizer que Deus é parte
amor e parte justiça, pois Ele é todo
amor e todo justiça. Cada atributo por
si mesmo é Deus, e Deus é completamente expresso por cada um dos Seus atributos
.
Novamente, o homem permanece homem mesmo que
não possua certos atributos humanos ; Deus já não seria Deus sem todos os Seus
atributos. Tem sido achado conveniente
classificar os atributos de Deus em duas espécies --- comunicáveis e
incomunicáveis ( algumas vezes chamados relacionados e não – relacionados, respectivamente ). Os
atributos comunicáveis são aquelas qualidades que podem, em certa medida, ser
transmitido às Suas criaturas racionais e morais , tais como sabedoria, amor,
ou seja, atributos que expressam a imanência de Deus.
Os atributos incomunicáveis são aquelas
perfeições divinas que não encontram analogia no caráter humano, tais como
auto-existência, imutabilidade, onisciência, eternidade, ou seja, os atributos
que salientam a Sua transcedência. Esses
são capazes de definição pelo menos em parte. Por auto-existência de
Deus queremos dizer que ele possui existência independente devido á própria
necessidade do Seu Ser, diferentemente de Suas criaturas, Ele não depende de
ninguém fora de Si mesmo para continuar
existindo. Por Sua imutabilidade
queremos dizer que Ele não conhece qualquer alteração em Seu Ser, perfeições,
propósitos e promessas. Todas as sugestões de alteração que as Escrituras Lhe
atribuem são figuras de linguagem, acomodações ao nosso ponto de vista humano. Por
Sua eternidade queremos dizer que Deus está acima de qualquer limitação de
tempo, sem princípio e sem fim , e sem sucessão de momentos. Isso pode ser mais facilmente compreendido se
lembrarmos que o tempo não existe por si mesmo, mas é um acompanhamento
inseparável da existência criada.
Em Deus não existe nem tempo nem nem início de
ser. Ele é o eterno ` Eu Sou ´ , e Seu
presente é a eternidade. Por onisciência
e onipresença de Deus queremos dizer que Ele está acima das limitações de
espaço. O conhecimento de Deus faz parte de Sua própria natureza , e não é
adquirida como a nossa. Seu conhecimento
, portanto, é completo e absoluto , e se estende para o passado e para o
futuro. A onisciência traz juntamente consigo a onipresença , visto que o conhecimento
de Deus envolve a presença de Deus em todos os lugares e em todos os tempos.
Não é tanto que Deus esteja em todos os lugares ; Ele é Todos os
Lugares . Além disso , Ele está inteiramente , e não apenas
parcialmente, presente Em todos os lugares. Por onipotência de Deus queremos
indicar algo bem diferente do poder que o homem possui.
No homem, o poder é um esforço da vontade que
emprega ou lança mão de poder pré-existente; em Deus o poder é um atributo
criador, é a energia que faz surgir a criação do nada. Em Deus todo o poder é criador. Pode-se dizer
que a santidade é o atributo distintivo por excelência de Deus, o resplendor de
tudo quanto Deus é . É a Sua santidade que o separa particularmente de toda a
Sua criação --- pois somente Ele é santo --- e isso o torna inabordável em
todas as Suas perfeições. É seu
esplendor intelectual e moral, a pureza ética em virtude da qual Ele se deleita
no bem e abomina o mal.
A
Vontade De Deus
( ¹ * )
A
vontade de Deus expressa primariamente Seu atributo de auto-determinação
mediante o qual Ele age de conformidade com Seu eterno poder e Deidade. Embora não se possa dizer que a vontade de
Deus está limitada seja em que sentido for , Suas perfeições asseguram que Ele
nunca desejará qualquer coisa incompatível com Sua natureza. Os teólogos distinguem entre a vontade
decretiva de Deus, pela qual Ele decreta tudo quanto deve acontecer, e Sua
vontade preceptiva , mediante a qual Ele ordena às Suas criaturas os deveres
que lhes pertencem. A luz dessa
definição , pode-se compreender que a vontade decretiva é sempre realizada,
enquanto que a vontade preceptiva é frequentemente desobedecida.
Quando imaginamos o alcance soberano da
vontade divina, reconhecemos que ela apresenta Deus como fundamento final de
toda existência e de tudo quanto acontece, ou fazendo ativamente cada coisa
suceder, ou passivamente permitindo que certas coisas aconteçam. Assim é que a entrada do pecado no mundo é
atribuída à vontade permissiva de Deus.
As características da vontade de Deus são tais que por traz dela
existem sabedoria infinita e santidade,
que ela é graciosa e bondosa em sua operação , e que ela é incondicional em Suas
ações por não ser dependente de qualquer coisa fora do próprio Deus. Sua finalidade é declaradamente a Sua própria
glória , o que, dito em outras palavras, é a manifestação de Sua glória, na
qual jaz a bem-aventurança completa de Suas criaturas.
O aspecto da vontade de Deus mais aludido nas
Escrituras é o Seu propósito soberano. O
propósito de Deus é todo- abarcador e todo- compreensivo. Isso se origina na própria natureza de Deus,
visto que o seu conhecimento é imediato e completo e que Ele não necessita
esperar pelo desenrolar dos acontecimentos como nós . Dessa maneira , Ele é
capaz de abarcar tudo num único plano compreensivo. É dito na Bíblia que Seu propósito é livre,
soberano e imutável – livre no sentido que não pode estar debaixo da influência
de qualquer coisa nem de ninguém fora
Dele mesmo; soberano em vista de Deus possuir o poder de levar a efeito
os seus propósitos; imutável visto que não pode haver variação em Deus , pois
qualquer variação deixaria subentendida falta de sabedoria no planejamento, ou
falta de poder na execução. Segue-se por
conseguinte , que visto não poder haver emergência imprevista nem qualquer
falta de meios adequados, as causas de alteração não tem origem Nele.
Se não somos capazes de reconciliara
soberania de Deus com a responsabilidade humana, é porque não compreendemos a
natureza do conhecimento divino e Sua compreensão sobre todas as leis que
governam a conduta humana. A Bíblia do
princípio ao fim ensina que a vida inteira é vivida no poder sustentador e
mantenedor de Deus, ``pois Nele vivemos , e nos movemos e existimos ´´ , e
assim como um pássaro é livre no ar e como um peixe é livre no mar , cada qual
em seu elemento nativo, semelhantemente o homem tem sua verdadeira liberdade na
vontade de Deus, que o criou para Si mesmo.
A
Paternidade De Deus ( ² * )
A
revelação cristã sobre Deus é que Ele é supremamente um Pai.Essa era a
designação de Deus mais comum nos lábios de Jesus. Na teologia cristã a
designação `` Pai ´´ é reservada especialmente para a Primeira Pessoa da
Trindade. Porém , visto que a Primeira
Pessoa é reputada como a fonte da Deidade , Aquele que representa a dignidade ,
a honra e a glória da Trindade , essa designação é algumas vezes empregada em
referência a à Deidade ou ao Deus Supremo ( I Ped. 1.17; Tg 1.27; também Is
9.6, onde o Messias é chamado de `` Pai
da Eternidade´´, como designação Da Deidade suprema ).
O conceito de Deus como Pai não se originou
com o ensinamento de Jesus, embora Ele lhe tenha dado uma nova profundeza e
significado. Esse pensamento também se faz presente no Antigo Testamento , onde
expressa tanto uma relação criativa como teocrática . A relação fundamental de
Deus para com os homens, aos quais criou conforme sua própria imagem , encontra
sua mais completa e apropriada ilustração na relação natural que envolve a
doação da vida . Malaquias faz a
pergunta: `` Não temos todos nós o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? ( 2. 10 ). Isaías igualmente exclama : ``Mas
agora , Ò Senhor, tu és o nosso Pai, nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e
todos nós obras de tuas mãos´´ ( 64.8 ).
Mas, é mais particularmente no caso da natureza espiritual do homem que
essa relação é reivindicada . Em Hb 12.9 Deus é chamado de `` Pai dos
espíritos´´, e em Nm 16.22 , de `` Autor e Conservador de toda vida´´. Paulo ao
falar no areópago , empregou esse argumento para impressionar a irracionalidade
do homem racional que adora ídolos de madeira e pedra, citando o poeta Árato (
``porque dele também somos geração´´) a fim de indicar que o homem é uma
criatura de Deus . Dessa maneira , a natureza de criatura que o homem tem é o
paralelo da Paternidade geral de Deus .
Sem o Pai Criador não haveria raça humana, não haveria humanidade.
A designação `` Pai ´´ é usada igualmente no
Antigo Testamento para expressar a relação de aliança entre Deus e Seu povo de
Israel . Nesse sentido, trata-se de uma relação coletiva que é indicada mais
claramente que uma relação individual .
Israel era uma nação em aliança com Deus , e nesse sentido era filha de
Deus , e foi desafiada a reconhecer e a corresponder a essa relação filial: ``
se eu sou o Pai , onde está a minha honra ?´´ ( Ml 1. 6 ). Porém visto que a relação de aliança era
redentora em sua significação espiritual, isso pode ser considerado como uma
prefiguração da revelação neotestamentária sobre a Paternidade de Deus.
No
Novo Testamento a designação: Pai é usada em sentido específico e
pessoal . Cristo a aplica , antes de
mais nada, a relação que Ele mesmo sustentava com o Deus. Há toda evidência que
essa relação é sem paralelo , e que não pode ser compartilhada por qualquer
criatura . Deus era Pai de Cristo por
geração eterna , expressão de uma relação essencial e desligada do tempo. É significativo que Jesus em seu ensino aos
Doze , nunca tenha empregado a expressão ``nosso Pai´´ incluindo a Ele mesmo e
a eles . Em Sua mensagem depois da
ressurreição indicou duas relações distintas : `` meu Pai e vosso Pai´´ ( Jo
20. 17 ) ; porém essas duas relações tão intimamente ligadas que uma se torna a
base da outra.
Sua filiação embora num nível inteiramente sem
igual , era a base da filiação deles .Ora, essa é a relação redentora que
pertence a todos os crentes, e no contexto da redenção esta relação é vista de
dois aspectos diferentes , o da posição deles em Cristo e o da obra
regeneradora do Espírito Santo neles . Conforme um desses aspectos em união
viva com Cristo , foram adotados na família de Deus e receberam todos os
privilégios que pertencem a sua relação filial --- ``se somos filhos somos
também herdeiros ´´ ( Rm 8. 17 ), essa é a sequência . Conforme o outro aspecto os crentes são
considerados nascidos na família de Deus por virtude de regeneração . O primeiro é o aspecto objetivo e o segundo é
o aspecto subjetivo.
Por causa de sua nova posição ( justificação
) e relação ( adoção ) para com Deus Pai em Cristo, tornaram-se participantes
da natureza divina e nasceram na família de Deus. Torna-se claro que o ensino
de Cristo sobre a paternidade de Deus restringe a revelação a seu povo crente. Em
caso algum Jesus da a entender que esta relação existe entre Deus e os
incrédulos e não somente Ele não fornece qualquer indicação de uma Paternidade
redentora da parte de Deus para com
todos os homens , como também disse de forma inteiramente franca aos judeus
zombadores : `` Vós sois do diabo , que é vosso pai´´( Jo 8.44 ).
É
debaixo dessa relação de Pai que o Novo Testamento apresenta os aspectos mais
ternos do caráter de Deus, ou seja. Seu
amor ,Seu vigilante cuidado, Sua superabundância, e Sua fidelidade. Ao treinar os doze, Cristo empregou a
ilustração das relações de um pai para com seus filhos, e dali prosseguiu para
níveis mais elevados: ``...Quanto mais o Pai celestial ...´´ ( Lc 11.13 ).
Os
Nomes De Deus ( ³ * )
Em
nossa cultura , os pais usualmente escolhem nomes para seus filhos, tendo por
base a estética ou a eufonia. Nos tempos
bíblicos, porém , dar nomes era uma ocasião de considerável relevância. O nome era uma expressão do caráter, natureza
ou futuro do indivíduo (ou pelo menos uma declaração do que se esperava de quem
o recebeu) Nas Escrituras Deus demonstrou que o Seu nome não era mera etiqueta
para distinguí-lo das demais deidades das culturas em derredor . Pelo contrário : cada nome que Ele usa e
aceita revela alguma faceta do seu caráter, natureza, vontade ou autoridade.
Pelo
fato de o nome representar a Pessoa e a presença de Deus, `` invocar o nome do
Senhor ´´ veio a ser um meio de entrar em íntima comunhão com Deus. Esse era um tema comum às religiões do
Oriente Médio antigo . As religiões em derredor , porém , tentavam controlar as
suas deidades mediante uma manipulação de nomes , ao passo que os israelitas
eram proibidos de usar o nome de seu
Deus em vão ou com maus propósitos ( Êx 20.7 ). Pelo contrário, deviam manter um
relacionamento puro com o Seu nome, como estabelecido por Deus, pois isso
trazia consigo a providencia e a salvação.
Nomes
Do Antigo Testamento
A
palavra original para a deidade que se achava em todos os idiomas semíticos era
: EL,
que possivelmente tenha se derivado de um termo que significava poder ou
proeminência. Entretanto é incerta a
origem exata da palavra. Posto que era
usada por várias religiões e culturas diferentes , em comum, pode ser
classificada como um termo genérico para: ``Deus´´ ou ``deus´´ ( o que depende do contexto, pois as
Escrituras hebraicas não fazem distinção entre letras maiúsculas ou minúsculas
) . Para Israel , havia um só Deus verdadeiro ; logo, o emprego do nome
genérico por outras religiões era vão e vazio, pois Israel tinha de crer em ‘El ‘Elohe Yisra ‘el: “ Deus o Deus de Israel “ ( ou,
possivelmente: Poderoso é o Deus de Israel ) Gênesis 33.20.
Na
Bíblia , esse nome forma muitos termos descritivos compostos, tais como: “ Deus
[ El] da glória” ( Sl 29.3 ), “ Deus
[ ‘El ] do conhecimento” ( ISm 2.3 ),
“ Deus [‘ El ] da vingança” ( Sl 94.1
), “ Deus [‘ El ] grande e terrível”
( Ne 1.5; 4.14;9.32; Dn 9.4 ).
A
forma plural ‘elohim, acha-se quase
3000 vezes no Antigo Testamento, e pelo menos 2300 dessas referências falam do Deus de Israel ( Gn 1.1; Sl 68.1 ).
O termo ‘elohim, no entanto , tinha
uma gama suficientemente ampla de significados , podendo referir-se também aos ídolos ( Êx 34.17 ), aos juízes ( Êx 22.8
) , aos anjos ( Sl 8.5 ) ou aos deuses de outras nações ( Is 36.18; Jr 5.7 ). A forma plural ao ser
aplicada ao Deus de Israel , pode ser entendida como a maneira de significar
que a plenitude da deidade acha-se dentro do único Deus verdadeiro , com todos
os atributos , virtudes e poderes. O sinônimo de ‘ Elohim é sua forma singular
, ‘Eloah, que também é usualmente
traduzida por “ Deus” .
Um
exame dos trechos bíblicos onde o nome ocorre , sugere que este assume
um significado adicional : reflete a capacidade de Deus em proteger ou destruir ( o que depende do contexto específico ). É
usado em paralelo com rocha-refúgio ( Dt 32.15; Sl 18.31; Is 44.8 ). Os que se
refugiam nEle descobrem que ‘Eloah é
um escudo de proteção ( Pv 30.5 ), mas um terror para os pecadores: ” Ouvi,
pois, vós que vos esqueceis de Deus [‘ Eloah
]; para que vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre” ( Sl 50.22; ver
também 114.7; 139.19 ). Esse nome
portanto, é um consolo para os que se humilham e nEle buscam o refúgio , mas
castiga os que praticam a iniquidade. O nome é um desafio para as pessoas
decidirem qual aspecto de Deus querem experimentar, porque “ bem-aventurado é o
homem a quem Deus [‘Eloah ] castiga (
Jó 5.17 ). Jó acabou reverenciando a Deus na sua majestade , arrependendo-se
das palavras inúteis que havia proferido ( 37.23; 42.6 ).
Deus frequentemente revelava uma faceta a mais
do seu caráter, fornecendo frases ou locuções descritivas em conexão com seus
vários nomes. Ao renovar sua aliança com
Abrão [Abraão ], identificou-se como ‘El Shaddai
( Gn 17.1 ). Nalgumas passagens bíblicas , shaddai parece transmitir a idéia de alguém que tem o poder de
devastar e destruir. No Salmo 68.14 , o Shaddai
“espalhou os reis” ; idéia semelhante é apresentada pelo profeta
Isaías : “ Uivai, porque o dia do SENHOR está perto; vem do Todo-poderoso [Shaddai ] como assolação ( Is 13.6 ) .
Noutros textos, porém, a ênfase parece recair em Deus como aquele que é
auto-suficiente em tudo : “ O Deus Todo-poderoso [ ‘ El
Shaddai ] me apareceu em Luz na terra de Canaã, e me abençoou, e me disse :
Eis que te farei frutificar e multiplicar” ( Gn 48 3,4; ver também 49.24 ).
Os
eruditos usualmente optam por traduzir ‘ El
shaddai como “ Todo- poderoso” ou “ Onipotente “ , reconhecendo a
capacidade de Deus em abençoar ou castigar , conforme a situação, posto que
ambas as características encontram-se incluídas no caráter e no poder que é
peculiar a esse nome. Outras posições
ajudam a revelar o caráter de Deus Sua natureza exaltada é demonstrada em ‘El
‘Elyon , “ Deus Altíssimo”( Gn 14.22; Nm 24.16; Dt 32.8 ). A natureza
eterna de Deus è representada por ‘El ‘Olam, “ perpétuo” ou “ eterno”;
quando Abraão se estabeleceu em Berseba, “ invocou lá o nome do SENHOR , Deus
eterno” ( Gn 21.33 ; cf. Sl 90.2 ) . Todos os que vivem sob o domínio do pecado
e que precisam da libertação, invocam ‘Elohim yish’ enu, “ Deus nosso Salvador”
( I Cr 16.35; Sl 65.5; 68.19; 79.9 ). O profeta Isaías foi grandemente usado pelo
Senhor para falar aos seus contemporâneos tanto palavras de juízo como palavras
de consolação. Tais palavras não
resultavam de especulações nem de análise feita por alguém sobre a condição
social do povo.
O profeta viu o recado do Deus que se
revelou. Seu comissionamento, em Isaías
6 , pode ajudar-nos a conhecer um pouco mais sobre a Sua Pessoa . Ali, Deus se revelou exaltado sobre num trono real. O comprimento das suas vestes confirmava a
sua majestade . Os serafins declaravam a
sua santidade e pronunciavam o nome pessoal
de Deus: Yahweh. O nome
Yahweh aparece 6828 vezes em 5790 versículos no
Antigo Testamento , e é a designação mais frequente de Deus na Bíblia . É
provável que esse nome se derive do verbo hebraico que significa “ tornar-se” ,
“ acontecer”, “ estar presente”. Quando
Moisés tinha diante de si o dilema de como convencer os escravos hebreus a
acolhê-lo como mensageiro da parte de Deus, quis saber o nome do Senhor.
A
forma que sua pergunta assume é realmente uma busca da descrição do caráter , e
não de um título ( Êx 3 11-15 ). Moisés não estava perguntando : “ Como te
chamarei?” mas:” Qual é o teu caráter; como és tu?” Deus respondeu: “ EU SOU O
QUE SOU” ou “ SEREI O QUE SEREI” ( v. 14 ). Em hebraico ‘ ehyeh ‘asher ‘ehyeh ‘ que indica a existência em ação. Na frase seguinte , Deus se identifica como o
Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, que doravante será conhecido como YHWH .
Essa expressão hebraica , que consiste de quatro consoantes é conhecida como o
tetragrama, e é usualmente traduzida nas nossas Bíblias como SENHOR ( em letras maiúsculas ). O senhorio , porém
, não é um aspecto essencial desse
termo. Pelo contrário : é uma declaração de que Deus é alguém que tem
existência em si mesmo (o EU SOU ou EU SEREI ) , que faz com que todas as coisas
venham a existência , e que optou por escolher um povo para si , estando
fielmente ao seu lado.
Nos
tempos do Antigo Testamento , esse nome era pronunciado livremente pelos
israelitas. O terceiro mandamento ( Êx
20.7 ) era claro: “ Não tomarás o nome do
SENHOR ( YHWH ) , teu Deus em
vão “. Este nome não poderia ser citado levianamente, visando prestígio ou
vantagens imerecidas. No decorrer dos séculos porém, os escribas e os rabinos
desenvolveram uma estratégia para sustentar tal proibição. Inicialmente , os escribas escreviam a
palavra hebraica ‘ adonai ,“ meu Senhor “, “ meu Mestre”, na margem do rolo,
todas as vezes que a palavra YHWH aparecia no texto inspirado das
Escrituras. Sinais avisavam que se devia
ler ‘adonai em vez do Nome Santo que se encontrava no texto bíblico. A idéia era que se ninguém pronunciasse o
Nome Santo, este não poderia ser tomado em vão.
Mas esse método não era infalível , e alguns leitores pronunciavam o
Nome ( sem querer ) ao lerem as Escrituras publicamente na sinagoga. Mas a grande reverência pelo texto bíblico
Impedia
que os escribas e rabinos chegassem ao ponto de retirar deste o nome divino, YHWH
, e substituí-lo por termos menos importantes, como é o caso de ‘adonai.
Finalmente, os rabinos concordaram em usar vogais no texto hebraico ( uma vez que o texto
inspirado consistia originalmente, só de consoantes ). Tiraram as vogais de ‘adonai e as modificaram para ajustar-se às exigências
gramaticais de YHWH , encaixando-as entre as consoantes do Nome Divino. E, assim, foi criada a fórmula híbrida YeHoWaH
. As vogais serviriam então para lembrar
o leitor a pronunciar ‘Adonai . Algumas
Bíblias transliteram essa forma híbrida por
“ Jehovah”
(aportuguesado “ Jeová” ), criando uma palavra composta com as
consoantes de um nome pessoal e as vogais de um título que nunca teve
existência real na língua hebraica.
Já
nos tempos do Novo Testamento , o costume de substituir o Nome inefável por
“Senhor” foi aceita por seus escritores ( e nisto foram seguidos em muitas
traduções modernas da Bíblias ). Assim é
aceitável . Mas devemos ensinar e pregar que o caráter do “ Senhor/Yahweh/Eu Sou/Eu Serei”
é a sua presença ativa e fiel. Se” Yahweh”
for a pronúncia original, o significado
gramatical seria “ aquele que continuamente causa a existência”. “Porque os povos andarão , cada um em nome do
seu deus ; mas nós andaremos no nome do
SENHOR [ Yahweh ], nosso Deus, eternamente e para sempre” ( Mq 4.5
). Os serafins na visão de Isaías ,
combinam o nome pessoal de Deus de Israel com o substantivo descritivo tseva’oth
, “ exércitos “ ou “hostes”. Essa
combinação entre Yahweh e tseva’oth ocorre em 248 versículos da Bíblia ( 62
vezes em Isaías, 77 vezes em Jeremias, 53 em Zacarias ) e é usualmente
traduzida por “ SENHOR dos Exércitos “ ( Jr 19.3, Zc 3. 9,10 ). Trata-se da afirmação de que Yahweh
(aportuguesado Javé ) era o verdadeiro
líder dos exércitos de Israel, bem como das hostes dos céus , inclusive os
anjos e as estrelas, reinando universalmente como Supremo Comandante do
universo inteiro.
A forma
como é empregada a expressão em Isaías
6.3 , contrapõe-se ao postulado das nações em derredor, de que cada deus
regional era o deus guerreiro que
mantinha domínio exclusivo naquele país . Mesmo se Israel fosse derrotado , não seria
porque Javé fosse mais fraco do que outro deus guerreiro, mas porque Javé
estava usando os exércitos dos países vizinhos
( que Ele mesmo criara ) para castigar o seu povo impenitente. No Oriente Médio antigo, o rei também era o
líder de todas as operações militares. Por
isso , esse título , Yahweh Tseva’oth, é outra maneira de exaltar a
realeza de Deus: “ Levantai , ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó
entradas eternas , e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos [Yahweh Tseva’oth ] , ele é o
Rei da Glória” ( Sl 24. 9,10 ).
Os
serafins , na visão de Isaías, também confessam que “ toda terra está cheia da
sua glória”. Esta glória ( hb. Kavodh ) contém o conceito de
posição privilegiada. O uso do vocábulo
“ glória”, neste contexto, indica alguém que possui uma posição de grande
destaque ,publicamente reconhecida. Essa
“glória” pertence a quem é honrado, impressionante e digno de respeito. A
revelação que Deus faz de si mesmo está
relacionada ao seu propósito de habitar entre os seres humanos. Ele deseja que a sua
realidade e o seu esplendor sejam devidamente conhecidos. Mas isso é possível somente quando as pessoas
compreendem a qualidade indelével de sua
santidade (inclusive a importância de cada um dos seus atributos ), e se
revestem de fé e de obediência a fim de que essa faceta do caráter divino seja
nelas manifestada. Deus não se manifesta
de modo físico, porém muitos cristãos podem testemunhar da sensação subjetiva e
espiritual de haverem experimentado a presença poderosa do Senhor. É exatamente essa experiência de Isaías . Somente Deus é digno de toda grandeza , e de glória, do reino e do
poder. Mas não é somente essa única
reputação divina que enche a terra ; a própria realidade de sua presença e a
plena posição de destaque de sua glória acham-se por toda parte ( cf. II Co
4.17 ).
O
desejo de Deus é que todas as pessoas reconheçam espontaneamente a sua glória. Ele
habitou progressivamente em glória entre os seres humanos ; primeiramente na
coluna de fogo e de nuvem , no Tabernáculo, no Templo em Jerusalém, e posteriormente,
na carne , como seu Filho, Jesus de Nazaré. E, agora, em nós, pelo seu Espírito
Santo. “ Vimos a sua glória , como a
glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” ( Jo 1.14 ). Hoje,
temos a certeza de que todos somos templo do Espírito Santo de Deus ( I Co 3.
16,17 ). O nome “ Eu
Sou/ Eu Serei”, em conjunção com determinados termos descritivos, serve
frequentemente como a confissão de fé que revela ainda mais a natureza de Deus.
Quando Isaque perguntou ao seu pai : “ Eis aqui o fogo e a lenha mas onde está
o cordeiro para o holocausto?” , Abraão garantiu ao seu filho que Deus o
proveria [ yireh ] ( Gn 22. 7,8 ). Depois
de sacrificar o cordeiro substituto que ficara preso entre os arbustos, Abraão chamou aquele local de Yahweh
yireh, “ o SENHOR proverá” ( v. 14 ).
A fé
de Abraão , contudo, ía além de uma simples confissão de que Deus provê o
material.Para o patriarca , Deus era aquEle que estava pessoalmente envolvido e
disposto a dar uma solução ao problema. E este foi resolvido ao prover Deus um
substituto para Isaque, como oferta sacrificial aceitável. Depois do acontecido, podemos testificar que o
Senhor realmente provê. Mas Abraão , mesmo durante a subida ao monte, estava
confiante de que Deus Iria prover uma solução , pois tinha assegurado aos
servos que tanto ele quanto Isaque voltariam. A fé de Abraão permitiu que ele se lançasse
por completo aos cuidados de Deus. Pois acreditava que o Senhor era capaz de
dar uma solução para todo e qualquer problema, segundo a sua sabedoria e seus
propósitos . Mesmo que isso envolvesse o
sacrifício de seu filho Deus o ressuscitaria dentre os mortos ( ver Hb 11.
17-19 ).
O
nome sagrado de Deus também é empregado em combinação com vários outros termos
usados para descrever muitas facetas do caráter, da natureza , das promessas
E
das atividades do Senhor. Yahweh
Shammah, “ O Senhor Está Ali “, serve como promessa da presença e do
poder de Deus na cidade profetizada por Ezequiel Ez 48.35. Yahweh
‘osenu, “ o Senhor nosso Criador” , é uma declaração da sua capacidade e
disposição para lançar mãos das coisas que existem e torná-las úteis ( Sl 95.6
). Os hebreus , no deserto, experimentariam o cuidado de Yahweh roph’ ekha “ o Senhor
teu médico “ ou “o Senhor que sara” , se escutassem e obedecessem aos seus
mandamentos ( Ex 15.26 ). Desta maneira
, conseguiriam evitar as pragas e as enfermidades que Deus enviara sobre o
Egito. Nosso Senhor , pela sua natureza
, é quem cura aqueles que se submetem ao seu poder e a sua vontade. Após ter comandado com êxito total a batalha
contra os amalequitas , Moisés levantou um altar dedicado a Yahweh nissi, “ o Senhor é minha
bandeira” ( Ex 17.15 ). A bandeira servia de baliza para o reagrupamento
durante a batalha ou em qualquer outra atividade coletiva. Essa função da bandeira aparece simbolicamente
na serpente de bronze erguida numa haste , e no Salvador que serviria de
bandeira para os povos ( Nm 21.8-9; Is
62.10,11; Jo 3.14; Fp 2.9 ).
Quando Deus falou a Gideão , este edificou um
altar a Yahweh Shalom: “ o Senhor é paz” ( Jz 6.23 ). A essência do Deus de paz é inteireza,
integridade, harmonia ,realização , no sentido de lançar mão daquilo que é
incompleto ou quebrado e deixá-lo completo mediante um ato soberano. Podemos enfrentar desafios difíceis , assim
como aconteceu a Gideão ao confrontar os midianitas, sabendo que Deus nos
outorga paz: essa é uma das maneiras de Ele manifestar a sua natureza. O povo
de Deus precisa de um provedor e protetor. E, assim, Deus se revelou como Yahweh ro’i, “ o Senhor é meu pastor” (Sl 23.1 ). Todos os
aspectos positivos do pastoreio no Oriente Médio antigo acham-se aplicados no
Senhor ( guiar,alimentar, defender, cuidar, curar, treinar,corrigir e dispor-se
a morrer pelas ovelhas , se necessário for ). Quando Jeremias profetizou a respeito do rei vindouro,
o rebento justo de Davi , que Deus suscitaria , o nome pelo qual esse rei seria
conhecido era Yahweh tsidkenu: “ o
Senhor justiça nossa” ( Jr 23.6; ver também 33.16 ).
É da
natureza divina agir com justiça e juízo para que nos coloquemos diante dEle
como justos. Deus torna-se a norma e o
padrão para pautarmos a nossa vida. Pois se Ele fez de Cristo , “que não
conheceu o pecado” , “ pecado por nós “ ( IICo 5.21 ), podemos , então , ser
participantes de sua promessa que nos declara justos. “ Mas vós sois dEle , em
Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção” ( I Co 1.30 ). Umas das maneiras de Deus demonstrar o seu
propósito em ter um relacionamento com seu povo é mediante a sua descrição como
“Pai”. O conceito de Deus como Pai está
mais desenvolvido no Novo que no Antigo Testamento, ocorrendo 65 vezes nos três
primeiros Evangelhos, e mais de 100 vezes só no Evangelho de João. O Antigo
Testamento identifica Deus como Pai somente 15 vezes ( usualmente com relação à
nação ou ao povo de Israel ). Os aspectos específicos da paternidade divina,
sempre enfatizados , incluem a criação ( Dt 32.6 ), a responsabilidade pela
redenção ( Is 63.16 ), a formação de uma nova personalidade ( Is 64.8 ), a
amizade familiar ( Jr 3.4 ), o repassar a herança ( Jr 3.19 ), a liderança ( Jr
3.19 ) o prestar a honra ( Ml 1.6 ), e estar disposto a castigar a transgressão
( Ml 2.10,12 ). Deus também é visto como Pai de indivíduos específicos, especialmente
dos reis Davi e Salomão. No tocante a
eles o Pai está disposto a castigar o erro ( IISm 7.14 ), sem deixar de ser
fiel ao seu amor ( ICr 17.13 ). Acima de
tudo Ele promete ser fiel para sempre, garantindo a sua proteção como Pai, por
toda eternidade ( I Cr 22.10 ).
Nomes No Novo Testamento
O
Novo Testamento oferece uma revelação muito mais clara do Deus Trino e Uno do
que o Antigo Testamento. Deus é Pai ( Jo 8.54; 20.17 ), Filho ( Fp 2.5-7; Hb
1.8 ) e Espírito Santo ( At 5.3,4; ICo 3.16 ). Grande parte dos nomes , títulos
e atributos encaixam-se mais apropriadamente nas categorias de “ Trindade”,
“Cristo” e “ Espírito Santo”. O que se segue focalizará apenas os nomes e
títulos que falam mais diretamente a respeito do único e verdadeiro Deus. O termo “teologia” deriva-se da palavra grega
“theos”. Os tradutores da Septuaginta
adotaram-na como a palavra apropriada para representar o vocábulo hebraico ‘elohim e seus sinônimos correlatos. Os
escritores do Novo Testamento seguiram a mesma orientação. Theos também era o termo
genérico para os seres tidos como divinos .
Na ilha de Malta por exemplo, Paulo foi
chamado deus por ter sobrevivido a uma mordida de uma víbora ( At 28.6 ). O
termo pode ser traduzido , de acordo com o contexto literário , por “deus” , “deuses”
ou “Deus”, a exemplo do que acontece com o termo hebraico ‘El
( Mt 1.23; I Co 8.5; Gl 4.8 ). Mesmo assim o emprego
dessa palavra grega não faz a mínima concessão à existência de outros deuses, posto
que o contexto literário não é idêntico ao contexto espiritual. Dentro da
realidade espiritual há um só Ser Divino : “ Sabemos que o ídolo nada é no
mundo e que não há outro [Theos
], senão um só” ( ICo 8.4 ). Deus tem o
direito exclusivo a esse termo , como revelação adicional de si mesmo. Podemos dizer o mesmo a respeito do termo
grego Logos , “ Verbo” ou “Palavra” ( Jo. 1. 1,14 ). O Antigo Testamento introduz o conceito
figurativo de Deus como Pai; o Novo Testamento demonstra como esse relacionamento
pode ser experimentado. Jesus fala
frequentemente a respeito de Deus, utilizando termos que caracterizam
intimidade. Nenhuma oração no Antigo
Testamento dirige-se a Deus como “Pai”. Jesus porém ao ensinar os seus
discípulos a orar, esperava deles que adotassem a postura de filhos, e
dissessem: “Pai nosso , que estás nos céus, santificado seja o teu nome” ( Mt
6.9 ).
Nosso Deus é o “Pai “ Todo-poderoso que se
acha nos céus ( Mt 26.53; Jo 10.29 ); e Ele utiliza seu poder para conservar,
sustentar, chamar, amar, preservar,prover e glorificar ( Jo 6.32; 8.54;12.26;
14.21,23;15.1;16.23 ). O apóstolo Paulo
resumiu a sua própria teologia, focalizando a nossa necessidade de favor e
integridade imerecidos.
Ele
inicia a maioria das suas epístolas com essa declaração de invocação : “ Graça
e paz de Deus , nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” ( Rm 1.7; ver também ICo
1.3; IICo 1.2; Gl 1.3; etc. ). Na
filosofia grega os seres divinos eram descritos
como “motor imóvel”, “ a causa de toda existência”, “a existência pura”,
“ a alma universal” e por outras expressões impessoais. Jesus seguia a forma da revelação do Antigo
Testamento, e ensinava que Deus é pessoal.
Embora Jesus falasse do Deus de Abraão,de Isaque e de Jacó ( Mc 12.26 );
do Senhor ( Mc 5.19; 12.29; Lc 20.37 ); do Senhor do céu e da terra (Mt 11.25 ); do Senhor da seara ( Mt 9.38 );
do único Deus ( Jo 5.44 ); do Altíssimo (
Lc 6.35 ); do Rei ( Mt 5.35 ) ; seu título predileto para Deus era “Pai” , que
no Novo Testamento é o grego : pater
( daí derivam as palavras “ patriarca” e “ paterno”). Surge uma exceção em Marcos 14.36 , onde o
termo aramaico ‘abba, que Jesus usou
para dirigir-se a Deus, foi conservado.
Paulo
designou Deus como ‘abba em duas
ocasiões: “Porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de
seu Filho , que clama : Aba, Pai [Gr. Ho
pater].
( Gl
4.6 ). “ Não recebeste o espírito de escravidão,para, outra vez, estardes em
temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos : Aba
Pai [ ho pater ]. O mesmo Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” ( Rm 8.15,16 ). Isto é
: na Igreja Primitiva, os cristãos judaicos estariam invocando Deus, dizendo: ‘ Abba, “ Ó Pai!” e os cristãos gentios
estariam exclamando: Ho Pater, “Ó
Pai!”. Ao mesmo tempo o Espírito Santo estaria tornando real para eles que Deus
é, de fato , o Pai de todos. A qualidade
incomparável do termo acha-se no fato de que Jesus lhe atribuiu uma ternura
incomum. Além do mais , caracterizava muito bem o seu próprio relacionamento
com Deus, e também o tipo de relacionamento que Ele queria em última análise ,
que os seus discípulos tivessem com o Pai.
As
Opiniões Do Mundo
Não Cristão ( ¹ ** )
A
qualquer pessoa que considerar cuidadosamente as provas da existência de Deus
já apresentadas, a evidência parece conclusiva. Ela pode apenas exclamar:
Certamente existe um Deus! O próprio
Deus considera a evidência como conclusiva.
Deduzimos isto não apenas pelo fato de que se não o considerasse assim,
Ele nos teria dado mais, como também por expressas declarações a esse respeito
( Rm 1.18-20; Atos 14.17; 17.24-29 ). Acreditar
na existência de Deus é, portanto, a coisa
normal e natural a ser feita, e o agnosticismo e ateísmo são as posições
anormais e contrárias à natureza. Na
realidade, as últimas equivalem a dizer que Deus não nos forneceu evidência
suficiente de sua existência. Tais
atitudes são uma crítica a um Deus benevolente e santo, e são pecaminosas.
O
Ponto De Vista
Ateístico
Em certo sentido, todas as
religiões não cristãs são ateístas: no sentido de que não reconhecem o único
Deus verdadeiro. Mas em um sentido mais
restrito, o termo “ateísmo” é limitado a três tipos distintos: Aquele que é
conhecido como ateísta prático, o ateísta dogmático e o ateísta virtual. Vamos
notar as diferenças entre eles. O Ateísmo Prático é encontrado entre
muitas pessoas iletradas. Elas ficam
desapontadas com certos “cristãos” e decidem precipitadamente que toda religião
é falsa. Porém, não é tanto que elas tenham perdido a fé na existência de Deus,
mas sim nas pessoas que se dizem seus filhos e deixam de corresponder a essa
posição nas suas vidas. Pessoas assim não são ateístas confirmadas; elas simplesmente
desculpam a sua indiferença baseando-se na inconsistência de certos cristãos
professos. Elas podem, entretanto, ser chamadas ateístas práticos no que toca a
seus interêsses religiosos.
O
Ateísmo Dogmático é o tipo que professa o ateísmo
abertamente. A maior parte das pessoas
não alardeiam atrevidamente seu ateísmo diante dos homens, pois é um termo de
reprovação, mas há alguns que não se intimidam em declarar-se ateístas. Em anos recentes tem havido um reavivamento
deste tipo de ateísmo na América. Em 1925, Charles Smith, um ex-estudante de
teologia, fundou a Associação Americana Para o Progresso do Ateísmo, ela tem
conseguido algum êxito em nossas faculdades e universidades. Mas no número de agosto de 1944 da revista Scientific Monthly , A. J. Carlson,
presidente da Associação Americana para o Progresso da Ciência, ele próprio
um descrente confesso, diz: “ O pequeno grupo de pessoas liberais e informadas
que conseguiram sair de um casulo de supernaturalismo , nem mesmo constitui um
fermento respeitável no grupo de bacharéis”.
Paul B. Anderson , People, Church,
and State in Modern Russia ( Povo, Igreja e Estado na Rússia Moderna
) ( New York:The Macmillan Company, 1944 ), pag. 115. Durante os anos 1933-37, o rol
dos membros da Liga de Ateístas Militantes diminuiu na realidade de cinco milhões
para dois milhões.
O
Ateísmo Virtual é o
tipo que se firma em princípios que não são consistentes com a crença em Deus
ou que O define em termos que violentam o uso comum da linguagem.
A maioria dos naturalistas consumados do passado e do presente pertencem
a primeira destas variedades . O
naturalismo afirma que a natureza é o todo da realidade. Em tempos recentes, tem aparecido como
materialismo, positivismo e energismo. O materialismo se desprestigiou
recentemente junto ao cientista e ao filósofo pela decomposição do átomo e pela
descoberta de que a realidade última não é sólida , mas uma carga, uma carga
elétrica. O positivismo é na
realidade um tipo agnóstico e será anotado sob esse título. O Energismo ainda não
formulou uma filosofia completa ; ainda não conseguiu explicar a mente em
termos de energia pura. Os que definem
Deus com abstrações tais como : “ um princípio ativo na natureza”, a “ordem
moral do universo”, o “fluxo Cósmico”, a “ consciência moral”, o
“incognoscível”, são ateístas da segunda dessas variedades. Eles estão , na realidade, violentando ao significado
estabelecido do termo “Deus”. Também o
teísmo tem sua nomenclatura bem estabelecida e ela não pode ser manipulada à
vontade para servir aos caprichos da crença moderna.
A
posição ateísta é muito insatisfatória, instável e arrogante. É insatisfatória porque falta a todos os
ateístas a garantia do perdão dos seus pecados, todos levam uma vida fria e
vazia e nada sabem a respeito de paz e comunhão com Deus. É instável porque é contrária as convicções
mais profundas do homem. Tanto a
Escritura como a história mostram que o homem acredita necessariamente e
universalmente na existência de Deus. O ateísta
virtual testifica este fato por adotar uma abstração para explicar o
mundo e sua vida. É arrogante porque realmente pretende ser onisciente.
Conhecimento limitado pode deduzir a existência de Deus, mas conhecimento pleno
de todas as coisas, inteligências e tempos é exigido para declarar
dogmaticamente que nenhum Deus existe. O
ateísta
dogmático deve ser explicado como estando em uma posição anormal. Assim
como um pêndulo de um relógio pode ser empurrado para fora do centro por uma
força externa ou interna, assim pode a mente do homem ser empurrada para fora
de sua posição normal por uma filosofia falsa.
Quando a força é removida , tanto o pêndulo como a mente humana retornam
a sua posição normal.
O
Ponto De Vista
Agnóstico
O
termo “agnóstico” é aplicado as vezes a qualquer doutrina que afirma a
impossibilidade de qualquer conhecimento verdadeiro, afirmando que todo
conhecimento é relativo, e portanto incerto.
Neste sentido os sofistas e céticos gregos bem como todos os
empiricistas desde Aristóteles até Hume foram agnósticos. Entretanto na
teologia, o termo é limitado aos pontos
de vista que afirmam que nem a existência nem a natureza de Deus, nem ainda a
natureza suprema do universo são conhecidos ou cognoscíveis. Herbert Spencer ( 1820-1903 ) e Thomas H.
Huxley ( 1825-1895 ) são frequentemente chamados de agnósticos no sentido
teológico do termo. É claro que é
verdade quanto a Huxley, mas Spencer foi , na realidade , uma combinação de
positivista-panteísta. Geo. P. Fisher,
Grounds of Theistic and Christian Belief ( Fundamentos da Crença Teística e Cristã ) ( New York: Charles Scribner’s sons,1902
), pág. 81. Albert Ritschl ( 1822-1889 ) e seus seguidores também foram
agnósticos.
O
positivismo na ciência e o pragmatismo na filosofia e na teologia são os mais
importantes tipos de agnosticismo em tempos recentes. Auguste comte ( 1798-1859 ), o fundador do positivismo
, decidiu nada aceitar como verdadeiro além dos detalhes dos fatos observados , e como a idéia de Deus
não poderia assim ser submetida a um exame, ele a omitiu e se devotou
inteiramente ao estudo dos fenômenos. Mas a teoria da relatividade de Einstein
mostrou que temos que levar intangíveis em consideração , por exemplo , tempo e
espaço, até mesmo o estudo do mundo físico. Sua teoria desferiu um golpe
mortal no positivismo. O pragmatismo na filosofia e na teologia , como o
positivismo na ciência, rejeita uma revelação especial e a competência da razão
no estudo da realidade suprema. Ele
argumenta, entretanto, que como a incerteza do julgamento é não apenas
dolorosa, mais muitas vezes custosa e impossível , deveríamos adotar o ponto de
vista que de melhor resultado. De acordo com isso, Albert Ritschl e William
James ( 1842-1910 ) adotam um Fiat
Deus , uma postulação pragmática de Sua existência para poder obter certos
resultados desejáveis. John Dewey ( 1859 ) se contenta em postular abstrações
vagas.
A
posição agnóstica também é altamente insatisfatória e instável e frequentemente
demonstra uma falsa humildade. É insatisfatória por sofrer o mesmo
empobrecimento espiritual que a ateísta , mas também é insatisfatória do ponto
de vista intelectual. O agnosticismo prova isso em sua adoção de opiniões
tentativas como premissas básicas.É instável por admitir que não conseguiu
chegar à certeza absoluta. Ritschl e James diziam ter chegado a uma
estabilidade razoável em suas crenças , mas Dewey afirma que suas crenças são
bem temporárias. E frequentemente demonstra falsa humildade , por dizer
conhecer tão pouco. Outros, alguns agnósticos acusam, orgulhosamente, fingem
ter uma compreensão superior, mas eles francamente reconhecem as verdadeiras
limitações do conhecimento! Ora, do
ponto de vista cristão, esta é uma falsa humildade pois ele considera a
evidência em favor da existência de um Deus pessoal , extra-terreno,
todo-poderoso e santo como ampla e conclusiva.
O
Ponto De Vista Panteísta
Flint
define Panteísmo como “a teoria que considera todas as coisas finitas
simplesmente como aspectos, modificações ou partes de um ser eterno e
auto-existente; que enxerga todos os objetos materiais, e todas as mentes
particulares, como sendo necessariamente derivadas de uma única substância
infinita.” Robert Flint, Anti-Theistic Theories ( Teorias Anti-Teísticas ) ( Edingurgh: Wm. Blackwood and sons, 1889 ) , pág. 336. Ela aparece em uma variedade de formas
hoje, algumas das quais também possuem elementos ateísticos, politeísticos e teísticos. Os
seguidores do panteísmo geralmente consideram suas crenças como uma religião ,
dando-lhes uma espécie de submissão reverente. Por esse motivo , a
insuficiência do panteísmo precisa ser aprendida ainda com mais clareza. Vamos
mostrar de maneira mais breve possível , a natureza dos principais tipos de
panteísmo e então apresentar a réplica
cristã a eles.
Os Principais Tipos
De Panteísmo
( 1 ) O Panteísmo Materialista
afirma que a matéria é a causa de toda vida e mente. David Strauss ( 1808-1874 ) acreditava na eternidade da
matéria e na geração espontânea da vida. Ele afirmava que o universo, a
totalidade da existência que chamamos de natureza , é o único Deus que o homem
moderno, iluminado pela ciência pode consentir em adorar. Joseph Ernest Renan (
1823-1892 ) e Ernst Haeckel ( 1834-1919
) também foram panteístas materialistas. Mas a crença na eternidade da matéria
é uma suposição ilógica e a doutrina da geração espontânea já foi abandonada
pelos cientistas.
( 2
) Hilogoismo
e Panpsiquismo
são mais antigos e mais recentes nomes para a mesma coisa. Há, entretanto, dois
tipos desta teoria . O primeiro afirma
que toda a partícula de matéria tem, além de suas propriedades físicas ,
também, um princípio de vida. A forma
mais antiga enfatizava as propriedades físicas e era praticamente um tipo de
materialismo. A forma moderna se reporta
a G. W. Leibnitz ( 1646-1716 ) que enfatizou as propriedades físicas . Ele afirmou que as unidades finais não são os
átomos mas sim os nômades, pequenas almas , com poder de percepção e apetite. A
segunda afirmação que a mente e a matéria são distintas mas íntima e
inseparavelmente unidas. Deus por esse
ponto de vista , é a alma do mundo. Os estóicos afirmavam essa forma de hilozoísmo . Gustav T. Feshner ( 1801-1887 ) reviveu esta
forma de panpsiquismo. Os dois tipos são
formas de panteísmo.
( 3
) O Neutralismo
é uma forma de monismo que afirma que a realidade última não é nem a mente nem
a matéria , mas algo neutro do qual a mente e a matéria são apenas aparências
ou aspectos. Baruch Spinoza ( 1632-1677
) é o melhor representante desse tipo.
Ele afirmou que só havia uma substância com dois atributos , pensamento
e extensão , ou mente e matéria , e a totalidade dos dois é que é Deus. F. W.
J. SShelling ( 1775-1854 ) assumiu a doutrina monística de Spinoza. Ele chamou
essa realidade última de “ energia do mundo,Santa,sempre-criativa,original, que
gera e ativamente envolve todas as coisas a partir de si própria”. Bertrand Russell ( 1872 ) também afirma um
tipo de monismo neutro, mas é um monismo que admite uma multiplicidade de
acontecimentos . Neutralismo é o tipo clássico de panteísmo.
( 4
) O Idealismo
afirma que a realidade última é da natureza da mente e que o mundo é o produto
da mente, ou da mente individual ou da mente infinita. George Berkely ( 1685-1753 ), um idealista
subjetivo , afirmou que os objetos dos quais eu me apercebo são minhas
percepções e não as próprias coisas, isto é , tudo existe apenas em minha
mente. Entretanto , respondemos que se
tudo existe apenas em minha mente, então outras pessoas e Deus também existem
apenas dessa maneira. Na realidade , eu tenho que logicamente concluir que
apenas eu existo, o que reduz a teoria a um absurdo.George W. F. Hegel (
1770-1831 ) que, como Fichte e Schelling, começou como estudante de teologia,
tomou a especulação tese-antítese-síntese de Fichte e a desenvolveu até sua
conclusão lógica. Ele é considerado o idealista objetivo típico. O
idealismo objetivo é também conhecido como idealismo absoluto. O idealismo
subjetivo diz que o mundo é minha idéia; o idealismo objetivo diz
que o mundo é idéia. Hegel diz que a realidade é “ pensamento, razão. O
mundo é um grande processo de pensamento. É, poderíamos dizer , Deus pensando.
Temos apenas que descobrir as leis do pensamento para conhecer as leis da
realidade. O que chamamos de natureza é o pensamento externalizado ; é a razão
absoluta que se revela em forma externa. Mas a natureza não é seu objetivo
final. Voltando, ela se expressa mais
plenamente na auto consciência humana e finalmente encontra sua completa
realização na arte , religião e filosofia” Geo.
T. W. Patrick, An Introduction to Philosophy
( Uma Introdução à Filosofia ) ( New York: Hougthton Mifflin Co. , 1935 )
pág.221.
Há
dois tipos principais de idealismo absoluto correntes hoje: absolutismo
impersonalista e absolutismo personalista .
O absolutismo impersonalista afirma que a realidade última é uma
única mente ou um sistema unificado; ele nega que esta mente ou sistema seja
pessoal. F.H. Bradley ( 1846-1924 ) e Bernard Bosanquet ( 1848-1923 ), do movimento idealista
britânico , são talvez os representantes mais conhecidos deste ponto de
vista. O absolutismo personalista
afirma que o absoluto é uma pessoa . Ele inclui dentro de Si mesmo todos os
seres finitos e partilha das experiências destes seres , pois são numericamente
uma parte dEle, enquanto que Ele também tem pensamentos além dos seus
pensamentos. Thomas H. Green ( 1836-1916
) , Edward Caird ( 1835-1908 ) ,
Josiah Royce ( 1835-1916 ) , Mary w.
Calkins e Wm. E. Hocking são representantes desse ponto de vista.
( 5
) Misticismo
Filosófico é o tipo mais absoluto de monismo em existência. O idealista
ainda distingue entre o mundo externo e ele próprio , o grande Ser eos seres
finitos; mas para o místico , o sentimento de diversidade cai completamente por
terra e o que conhece percebe que está identificado com o ser último do seu
sujeito. A realidade última é uma
unidade, é indescritível; o ser humano
não é apenas da mesma espécie que ela , mas identificada com ela; e a união com
este absoluto é realizada mais por esforço moral do que por abstrações
teóricas.Muitos dos grandes moralistas e homens das letras da Inglaterra e da
América tem distintas tendências místicas. Por exemplo , os Platonistas de
Cambridge ( Cudworth, More, Smith e os Transcendentalistas Americanos ( Thoreau, Emerson ). Muitos grandes poetas também tem elementos
místicos em suas obras.
Concluindo
este levantamento dos pontos de vista panteísticos , recorreríamos à
declaração feita no começo desta seção, que alguns panteístas tem também
elementos ateísticos, politeísticos e teísticos em suas teorias. Os cinco tipos
acima foram tratados como panteísticos simplesmente por ser
essa sua natureza real ou principal. Os
erros e natureza destrutiva devem ser mostrados agora brevemente.
A
Refutação Das Teorias Panteísticas
A
mente humana é peculiarmente atraída pelos pontos de vista monísticos do mundo.
Ela gosta de pensar que toda existência teve uma causa
ou princípio comum de origem. Os
filósofos afirmam que esta causa ou princípio está inteiramente dentro do
mundo. Os
cristãos também acreditam que há uma causa
comum originária , mas eles afirmam que está fora do mundo bem como dentro dele. O primeiro ponto de vista é
conhecido como monismo, o segundo como monoteísmo. Devido ao profundo significado religioso
associado as crenças panteísticas , consideramos necessário oferecer uma
refutação mais ampla a elas. Rejeitamos
todas as teorias panteísticas porque:
( 1
) São Deterministas . Spinoza concedia a Deus uma espécie de “ livre
necessidade” mas até isso ele negava a todas as existências concretas. Toda
liberdade de segundas causas é negada; tudo existe
e age por necessidade. O panteísmo
materialista pensa em termos de necessidade
dinâmica, enquanto que o idealismo absoluto pensa em termos da necessidade lógica. Contra isto , afirmamos que somos agentes
livres e de que respondemos por nossa conduta .
É devido a essa convicção que instituímos governos e punimos os
criminosos por suas más ações.
( 2
) Destroem
as fundações da moral. Se todas
as coisas resultam da necessidade então o erro e o pecado também resultam da
necessidade. Mas se isso for verdade ,
então três coisas se seguem: ( a ) O pecado não é aquilo que deveria
absolutamente ser , que merece condenação.
Consequentemente , o panteísmo fala do pecado como uma fraqueza
inevitável, um estágio em nosso desenvolvimento. Mas temos a convicção de que estamos debaixo
da condenação e da ira de um Deus santo.
( b ) Então não temos padrões
pelos quais fazer a distinção entre o certo e o errado. Se fazemos tudo levados pela necessidade,
como então podemos saber quando fazemos o certo e quando fazemos o errado? Os panteístas fazem da conveniência o teste
moral. ( c ) Então o próprio Deus é
pecador , pois Ele necessita de todas as coisas, então Ele no fundo deve ser
ignorante ou mau . Se ignorante , como
então pode ser a luz límpida e a verdade perfeita? Se mau , como pode punir o pecado? Nos países pagãos , onde o panteísmo recebeu
um maior significado religioso, esta idéia tem levado os homens a endeusar o
mal e a reverenciar e adorar as divindades que mais representam o mal. O
panteísmo destrói as fundações da moral.
( 3
) Tornam
Impossível Toda Religião Racional. Alguns não considerariam isso como
uma objeção ao panteísmo, mas do ponto de vista da filosofia da religião isto é
muito importante. Ao enfatizar a união
metafísica do homem com o divino , as idéias panteísticas tendem a destruir a
individualidade humana. Isso acontece
especialmente no idealismo absoluto e no misticísmo. Mas a verdadeira religião é possível apenas
entre pessoas que retêm suas individualidades , distintamente, pois a
verdadeira religião é adoração e o culto oferecido por um ser humano a um ser
divino. Quando essas distinções desaparecem ou a medida que desaparecem , a
verdadeira religião se torna impossível. O que alguns homens ainda chamariam de
religião pode, nesse caso, ser apenas a adoração do próprio ser.
( 4
) Negam a Imortalidade Pessoal. Se o
homem nada mais é do que parte do infinito , ele também nada é do que um
momento na vida de Deus , uma onda na superfície do oceano. Quando
o corpo perece , a personalidade cessa e a superfície do mar se torna lisa
novamente. Portanto , não há existência
consciente para o homem após a morte . O único tipo de imortalidade que os
panteístas podem esperar ter é a sobrevivência na memória dos outros e a grande
absorção na grande realidade final. Mas
temos consciência do fato de que estamos na relação de responsabilidade pessoal
para com Deus e que teremos de prestar contas das ações praticadas no corpo ,
tanto boas quanto más. Sabemos que tanto após a morte como em vida , haverá uma
diferença entre o bem e o mal; isto é ,que nossa identidade e individualidade serão
preservadas.
( 5
) Elas Endeusam o Homem Por Fazê-lo uma Parte
de Deus. O panteísmo adula o
homem e encoraja o orgulho humano. Se
tudo o que existe é uma manifestação de Deus , e Deus não passa a vida
consciente a não ser no homem , então o homem é a mais alta manifestação de
Deus no mundo. Na realidade podemos
medir a grandeza religiosa de um homem pelo tanto em que ele realiza sua
identidade com Deus. Os panteístas dizem
que Jesus Cristo foi o primeiro que conseguiu uma realização perfeita desta
grande verdade, quando Ele disse: “ Eu e o Pai somos um”. E o hindu pensa que
quando puder dizer: “eu sou Brahma!” , então o momento de sua absorção no
infinito terá chegado. Mas não temos o
direito de dizermos a nós mesmos o que Jesus podia dizer de si próprio ,pois
somos criaturas pecaminosas enquanto que Ele é o eterno Filho de Deus . O cristianismo da ao homem a mais alta
posição abaixo de Deus , mas não faz dele parte de Deus.
( 6
) Elas Não Podem Explicar a Realidade Concreta.
O panteísmo materialístico descarta o assunto dizendo que a matéria em
movimento sempre existiu; mas isso é uma afirmação e não uma prova. Se o universo está se deteriorando, como
afirma James jeans, então ele não é auto- sustentado e se não é
auto-sustentado, então deve ter tido um começo. Op. Cit. Pags. 180,181. Tampouco pode o panteísmo materialista
explicar a mente , pois a matéria inanimada não pode concebivelmente gerar vida
ou mente . E o panteísmo idealista se
esquece que pensamento sem um pensador é uma mera abstração. A realidade é sempre substantiva , é um
agente . Sem um agente não há atividade
, quer mental quer física. Como diz Knudson: “Abstrações lógicas não podem ser
engrossadas até se tornarem realidade.” Albert
C. Knudson, The Philosophy of Personalism (A
Filosofia do Personalismo ) ( New
York : The Abingdon Press, 1927 ),pág. 380. Tampouco podem existências
individuais serem produzidas por universalidades abstratas. Assim o panteísmo não pode explicar a
realidade concreta.
O
Ponto De Vista Politeísta
O
monoteísmo foi a religião original da humanidade, conforme mostrado não apenas
na Bíblia , mas também conforme alguns dos melhores antropologistas modernos
tem mostrado. Andrew Lang da Escócia e
Wm. Schmidt da Áustria , por exemplo . O primeiro afastamento do monoteísmo parece
ter sido em direção a adoração da natureza. O sol ,a lua as estrelas , os
grandes representantes da natureza , e o fogo, o ar, os grandes representantes
da terra , se tornaram objeto de adoração popular . Nos Vedas encontramos hinos dirigidos a esses
elementos naturais. Primeiro eles eram
simplesmente personificados ; depois os homens passaram a acreditar que seres
personalizados presidiam sobre eles. Na Índia, o politeísmo sem fim dos hindús
se desenvolveu no panteísmo. Tudo o que
era extraordinário veio a ser chamado de “ avatar”, uma encarnação de Deus ou
em Brahma ou em ishnv ou em Shiva. O Egito também tinha muitos
deuses e se preocupava com o futuro. Ra
ou Re , o deus- sol , era a divindade principal . Os faraós se diziam descendentes deles . Outros deuses egípcios eram Osíris e Seth
. Este último se transformou no Satã da
mitologia posterior egípcia .
Os gregos tinham a testa de seu panteão
elaborado um concílio de doze membros , seis deuses e seis deusas. Entre eles Zeus ,Atenas
e Apolo formavam uma espécie de tríade . Outros deuses gregos bem
conhecidos eram Poseidom, Apolo e Aires
. Júpiter era o cabeça do panteão
romano, idêntico em qualidades essenciais ao Zeus grego. Ele era o protetor especial do povo romano. A ele, juntamente com Juno , sua esposa, e Minerva , a deusa da sabedoria , um
templo magnífico foi consagrado no monte Capitólio. Marte era o deus da guerra . Júpiter
, Juno e Minerva constituíam uma espécie de tríade romana. Quando
consideramos o fato de que literalmente centenas de milhões de pessoas se
curvam diante de paus e de pedras , não podemos deixar de perceber a poderosa
afinidade que o politeísmo tem com a natureza humana decaída.
Apesar
de não ser um desenvolvimento de qualquer sistema filosófico, exceto nos países
onde nasceu de uma base panteística , ele constitui um grande obstáculo ao
progresso da religião verdadeira. Hoje , assim como na época da Bíblia , os
homens estão “ entregue aos ídolos” ( Oséias 4.17 ) e encontram muita
dificuldade para se separarem deles. Mas a idolatria não apenas deixa o coração
vazio , mas também degrada a mente e retarda a civilização. Na Bíblia , os deuses dos pagãos são as vezes
declarados como “vaidade “ e “nada” meros seres imaginários sem poder para
ferir ou salvar ( Sl 106.28,29; Is 41.24,29; 42.17; 44. 9-20; Jr 2.26-28 ), e,
em outras ocasiões , os representantes , se não a encarnação, dos demônios (
ICo 10.20 ). Isso parece indicar que a
adoração de ídolos é adoração de demônios. Na literatura grega um “demônio” era considerado como um deus
menos importante , mas na Escritura o termo parece sempre denotar um espírito
mau . Este conceito da natureza da
idolatria constitui uma razão poderosa
para levar o Evangelho aos países onde a idolatria impera.
O
Ponto De Vista Dualista
Esta
teoria assume que há duas substâncias ou princípios distintos e irredutíveis.
Em epistemologia , elas são idéia e objeto ; em metafísica, mente e matéria ;
na ética o bem e o mal ; na religião o bem ( Deus ) e o mal ( Satanás) . O cristão entretanto, não crê que Satanás seja co-eterno com Deus , mas sim
uma criatura de Deus e sujeita a Ele. Kant,
Sidgwick, os filósofos personalistas modernos, os cristãos , e o homem comum se
apegam ao dualismo epistemológico. Para
eles , o pensamento e coisa são duas entidades distintas . Os antigos filósofos gregos tais como Tales,
Empedocles, Anaxágoras e Pitágoras são geralmente classificados como monistas,
mas são , na realidade , dualistas metafísicos.
Eles faziam distinção entre os dois princípios da mente e da
matéria. Até Platão , ao fazer uma clara
diferenciação entre as Idéias e o mundo real foi, afinal de contas, dualista . Kant e todos moralistas ingleses , que
afirmavam que há um certo e errado absolutos no universo, foram dualistas
éticos. Eles erguiam, portanto , padrões do certo absoluto. Mais importantes , do ponto de vista cristão
, são os dualistas religiosos.
Originando-se
principalmente do Zoroastrismo persa, o gnosticismo e o maniqueísmo surgiram
para atormentar a igreja primitiva. Os gnósticos parecem ter surgido durante a
última metade do primeiro século. Eles
tentaram solucionar o problema do mal, postulando dois deuses : Um Deus Supremo
e um Semideus. O Deus do Velho
Testamento não é o Deus Supremo, pois o Deus Supremo é inteiramente bom; é o
Semideus que criou o universo. Há um
conflito constante entre esses dois deuses, um conflito entre o bem e o
mal. Essa luta é travada principalmente
nos seres humanos e entre os seres
humanos. Cerinthus, Basilides,
Valentinus, e Marcion são gnósticos
importantes do segundo século. Mani,
aparentemente tido sido criado dentro de uma velha seita babilônica , tornou-se
o fundador do maniqueísmo. Quando
entrou em contato com o cristianismo , ele concebeu a idéia ( Ca. 238 ) de combinar o dualismo
oriental com o cristianismo , em um todo harmonioso. Ele se considerava um apóstolo de Cristo e o
Paracleto prometido.
Ele
se dispôs a eliminar todos elementos judaicos do cristianismo e substituí-los
pelo zoroastrismo. Seus ensinamentos
fizeram uma clara distinção entre o reino da escuridão e o reino da luz e os
mostravam em perpétuo conflito de um com o outro. Agostinho foi membro dessa seita por alguns
anos antes da sua conversão. Neste
último século , o problema da origem e da presença do mal no mundo tem
novamente chamado a atenção. Isso tem
levado alguns a retornarem a uma forma antiga de dualismo: Deus e a matéria (
alguns diriam Deus e Satanás ) são ambos eternos . Deus é limitado em poder e talvez em
conhecimento, mas não na qualidade do caráter.
Deus está fazendo o melhor que pode com um mundo recalcitrante e no fim
vencê-lo-á completamente. O homem
deveria prestar assistência a Deus nesta luta e apressar a queda do mal. Damos a seguir os nomes dos que crêem em um
Deus finito: J. Stuart Mill ( 1806-1873
), Wm. James ( 1842-1919 ), F. H. Bradley ( 1846-1924 ) , Hastings Rashdall (
1858-1924 ), Leonard T. Hobhouse ( 1846-1929 ), A. N. Whitehead ( 1861- ), H.
G. Wells ( 1866- ) , e E. S. Brigthman ( 1844- ). O pregador inglês , Frederick
W. Robertson ( 1816-1853 ) parece ter pensado de modo semelhante.
O
problema do mal é certamente difícil em qualquer teoria, mas não cremos que a
doutrina do dualismo seja uma solução real desse problema. Em primeiro lugar , um Deus finito não pode
satisfazer o coração humano, pois que garantia pode um tal Deus oferecer quanto
ao triunfo final do bem? Algum imprevisto pode acontecer a qualquer momento e
frustar todas as suas boas intenções ; e como poderemos manter a fé na oração
baseados nessa teoria ? Ainda mais, o fato de ser finito não livra Deus da
responsabilidade pelo mal mais do que o ponto de vista tradicional – nem tanto.
A maioria dos seguidores dessa teoria
ensinaria que Deus cria, de alguma maneira , embora fizessem da criação um
processo eterno.Crendo que criar envolve a necessidade do mal, eles não isentam
Deus da responsabilidade de criar um tal mundo.
Ainda mais , a doutrina envolve a crença em um Deus , em desenvolvimento
, em crescimento. Ele se torna cada vez
mais bem sucedido, talvez ele próprio se torne cada vez melhor. Mas isto é um claro desrespeito às muitas
indicações bíblicas de que Ele é perfeito e imutável em sua sabedoria , poder,
justiça, bondade e verdade e não satisfaz a nossa idéia de Deus. E finalmente , ela ignora ou nega a existência
de Satanás , o inimigo supremo , que na Escritura é mostrado como muito
responsável pelo mal nos dias de hoje.
O
Ponto De Vista
Deístico
Da
mesma forma que o panteísmo afirma a imanência de Deus às custas da sua transcendência,
também o deísmo afirma a transcendência de Deus às custas da
sua imanência.
Para o deísmo, Deus está presente na criação apenas através do seu poder não
por sua própria pessoa e natureza. Ele
dotou a criação de leis invariáveis sobre as quais Ele simplesmente exerce uma
supervisão .Ele concedeu as Suas criaturas certas propriedades, colocou-as sob
Suas leis invariáveis e as deixou para que estabeleçam seus destinos por seus
próprios poderes. O deísmo nega uma
revelação especial, os milagres ,a providência. Ele afirma que todas as
verdades a respeito de Deus são descobertas pela razão , e que a Bíblia é
simplesmente um livro sobre os princípios da religião natural, que são
determinados pela luz da natureza.
O
deísmo inglês surgiu como resultado de quase dois séculos de controvérsia sobre
questões religiosas . As descobertas de
Copérnico e os trabalhos de Francis Bacon também contribuíram um pouco para sua
ascensão. Lord Herbert, de Cherbury (
1581-1648 ), é conhecido como o pai do deísmo.
Thomas Hobbes ( 1588-1679 ), Charles Blount ( 1654-1693 ), Anthony Collins ( 1676-1729 ), Matthew Tindal (
1657-1733 ), Lord Bolingbroke ( 1678-1751 ) , e Thomas Paine ( 1737-1809 ),
foram deístas ingleses. Na França , o movimento deísta não cresceu até um
século após a sua ascensão na Inglaterra.
Voltaire ( 1694-1778 ) e Rousseau
( 1712-1778 ) podem ser classificados de deístas franceses. Algumas
teorias evolucionárias modernas são deísticas na sua explicação do universo. O
cristão rejeita o deísmo porque acredita que temos uma revelação especial de
Deus na Bíblia ; que Deus está presente no universo em seu Ser bem como está em
Seu poder ; que Deus exerce um controle providencial constante sobre toda a Sua
criação ; que Ele as vezes usa milagres para o cumprimento de Seus propósitos ;
que Deus responde orações ; e que os deístas tiram muitos dos seus dogmas
religiosos da Bíblia e não apenas da natureza e da razão. Ele afirma que um
Deus deístico , ausente , não é muito melhor que não ter Deus nenhum.
A
tri- Unidade De Deus ( ² ** )
A
doutrina da Trindade ( Tri-Unidade ) não é uma verdade da teologia natural ,
mas sim da revelação . Strong diz: “ A
razão nos mostra a Unidade de Deus ; apenas a revelação nos mostra a trindade
da Deus” Op. Cit., pág. 304. O mundo antigo tinha suas Tríades , mas eram
apenas distinções místicas e teológicas
em seu panteão de deuses . Todas essas
noções não tem analogia com a doutrina bíblica da Trindade ; nem servem
tampouco para explicá-la ou para confirmá-la. Apesar da doutrina da Trindade não poder ser
descoberta pela razão humana, ela é passível de uma defesa racional agora que
ela foi revelada. A palavra Trindade em
si não ocorre na Bíblia . Sua forma grega, Trias , parece ter sido usada
primeiro por Teófilo de Antioquia (
m.181 A.D. ), e sua forma latina Trinitas , por Tertuliano ( m. em
torno de 220 A.D. ). Entretanto a crença
na Trindade é muito mais antiga que isso, como mostraremos presentemente .Com
Trindade queremos dizer que há três distinções eternas em uma essência divina,
conhecidas respectivamente como, Pai ,Filho e Espírito Santo. Estas três distinções são três pessoas, e
assim podemos falar da tripersonalidade de Deus. O Credo Atanasiano expressa
a crença trinitariana da seguinte maneira: “Adoramos
um Deus em trindade , e trindade em
unidade , sem confundir as pessoas, sem separar a substância”.
A
doutrina da Trindade deve ser assim diferenciada tanto do triteísmo como do sabelianismo. O triteísmo nega a unidade da essência
de Deus e afirma que há três Deuses
distintos. A única unidade que reconhece é a de propósito e esforço. Mas já demonstramos que Deus é uma unidade de
essência como de propósito e esforço . O sabelianismo ( terceiro século ) afirmava uma Trindade de
revelação , mas não de natureza. Deus , afirmava , como Pai , é o Criador e o
Legislador; como Filho , Ele é o mesmo Deus encarnado que cumpre a tarefa de
Redentor ; e como Espírito Santo , Ele é o mesmo Deus na obra de regeneração e
santificação. Isto é ele ensinava uma Trindade modal, diferente da Trindade
ontológica. Lyman Abbott fala de
uma natureza tríplice de Deus da mesma
maneira que uma pessoa pode ser artista , professora e amiga. Mas isto é na
realidade , uma negação da doutrina da Trindade , pois essas não são três
distinções na essência , mas três qualidades da mesma pessoa.
Sabemos
que a doutrina da Trindade é um grande mistério. Algumas pessoas a consideram
um quebra- cabeças intelectual e uma contradição. Como pode haver, nos perguntam, um só Deus e,
ao mesmo tempo, três pessoas na Divindade?
Mas Flint o diz muito bem: “ é verdadeiramente um mistério ; no entanto
é um mistério que explica muitos outros mistérios , e que esclarece
maravilhosamente a Deus a natureza e o homem”.
Robt. Flint, Anti-Theístic Theories
( Teorias Anti-Teísticas ) ( Edinburgh: Wm. Blackwood and Sons, 1899 ), pág. 439. A opinião que se tem dessa doutrina afeta
todas as outras partes da crença teológica da pessoa e da religião prática. A
doutrina é portanto, não apenas um ônus sobre nossa credulidade , mas uma
necessidade prática para uma visão verdadeira do mundo e da vida. Até a
filosofia tem tido dificuldade com o conceito de Deus como uma unidade
absoluta. Na teoria dos eleáticos ela acabou transformando o mundo em uma
ilusão , um não-ser. Platão achou
necessário acrescentar a idéia de um na multiplicidade. E os Estóicos e Filo
contribuíram com a idéia do Logos. Mas, como dissemos , a doutrina cristã da
Trindade não é , um fruto da especulação , mas da revelação. Não poderíamos
saber a respeito dessa auto-distinção na Divindade se Deus não houvesse assim
Se revelado.
A
Santíssima Trindade ( ³ ** )
O
Pai incriado, o Filho incriado: o Espírito incriado. O Pai incomensurável, o
Filho incomensurável: o Espírito Santo incomensurável. O Pai eterno, o Filho eterno: o Espírito
Santo eterno. E,mesmo assim, não são três eternos: mas um só eterno. A Trindade é um mistério .A aceitação
reverente do que não é revelado nas Sagradas Escrituras faz-se necessário antes
de se perguntar a respeito de sua natureza. A glória ilimitada de Deus deve ser
uma forma de nos conscientizar com respeito
a nossa insignificância em contraste com aquEle que é sublime e “exaltado”. Nosso reconhecimento dos mistérios de Deus,
especialmente da Trindade , exige que abandonemos a razão? Nada disso. Na Bíblia , de fato, há muitos
mistérios , mas “ o cristianismo, como `como religião revelada´, centraliza-se
na revelação e a revelação (segundo a sua própria definição ) torna manifesto
em vez de ocultar”. A razão se vê diante
de uma pedra de tropeço quando confrontada pela natureza paradoxal da doutrina
trinitariana. “ Mas” , asseverou
Martinho Lutero, de modo enérgico, “ posto que se baseie claramente nas
Escrituras , a razão precisa conservar-se em silêncio sobre o assunto; devemos
tão somente crer”.
Por
isso o papel da razão é o de auxiliar , e nunca de dominar ( atitude racionalista ) , a entender as
Escrituras, especialmente no tocante à formulação da doutrina da Trindade. Não
estamos , pois , tentando explicar Deus , mas sim, considerar as evidências
históricas que estabelecem a identidade de Jesus como homem e também como
Deus ( em virtude dos seus atos
milagrosos e do seu caráter divino ) e, ainda , “ incorporara verdade que Jesus
tornou válida no que diz respeito ao seu relacionamento eterno com Deus Pai e
com Deus Espírito Santo.” Historicamente , a igreja formulou a doutrina da
Trindade em razão do grande debate a respeito do relacionamento entre Jesus de
Nazaré e o Pai. Três pessoas distintas –
o Pai , o Filho e o Espírito Santo – são manifestadas nas Escrituras como Deus
, ao passo que a própria Bíblia sustenta com tenacidade o Sh’ma judaico : “
Ouve , Israel , o SENHOR, nosso Deus , é o único SENHOR” ( Dt 6.4 ). A conclusão , baseada nas Escrituras, é que o
Deus da Bíblia é ( nas palavras do Credo Atanasiano ) “ um só Deus na Trindade
, e a Trindade na Unidade” . Isso soa irracional? Semelhante acusação contra a doutrina da
Trindade pode ser, por si mesma , classificada de irracional: “ Irracional é
suprimir a evidência bíblica em favor da Trindade para favorecer a Unidade, ou
a evidência em favor da Unidade para favorecer a Trindade” . “Nossos dados devem ter precedência sobre
nossos modelos- ou, melhor, nossos modelos devem refletir de modo sensível a gama inteira dos dados”.
Por
isso , nosso olhar metodológico deve estar baseado na Bíblia no que diz
respeito á relação tênue entre a unidade e a trindade para não polarizarmos a
doutrina da Trindade num dos dois extremos : o abuso das evidências em favor da
unidade ( o que resultaria no unitarianismo, ou seja : que reconhece em Deus
somente uma única pessoa ) ou o abuso das evidências em favor da triunidade ( o
que resultaria no triteísmo – três deuses separados ).
Uma
análise objetiva dos dados bíblicos no tocante ao relacionamento entre o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, revela que essa grandiosa doutrina não é uma noção
abstrata, mas, na realidade , uma verdade revelada. Por isso , antes de
considerarmos o desenvolvimento histórico e a formulação da teologia
trinitariana, examinaremos as evidências bíblicas nas quais a doutrina se
fundamenta.
Evidências Bíblicas
Para A Doutrina Da Trindade No Antigo
Testamento
Deus,
no Antigo Testamento , é um só Deus, que se revela pelos seus nomes , pelos
seus atributos e pelos seus atos. Mesmo assim, o Antigo Testamento lança alguma
luz sobre a pluralidade ( uma distinção
de pessoas ) na Deidade: “ Façamos o homem à nossa imagem,conforme a nossa
semelhança” ( Gn 1.26 ). Que Deus não
poderia estar conversando com anjos , ou com outros seres não identificados , fica
evidente no no vesículo 27 que se refere à criação do homem “ a imagem de Deus”
. O contexto indica uma comunicação interpessoal divina , que requer uma
unidade de Pessoas na Deidade.Outras distinções pessoais na Deidade são
reveladas nos textos que se referem ao “ anjo do SENHOR” ( hb.
Yahweh ). Esse anjo é distinguido de
outros anjos. É pessoalmente identificado com Javé e, ao mesmo tempo,
distinguido dEle ( Gn 16.7-13;18.1-21; 19. 1-28; 32. 24-30 . Jacó diz: “ Tenho
visto Deus face a face”, com referência ao anjo do Senhor ). Em Isaías 48. 16; 61. 1 ; e 63. 9,10 , o
Messias fala . Numa ocasião , Ele se
identifica com Deus e com o Espírito em uma união pessoal com os três membros
da Deidade. Mas noutra ocasião, o Messias continua ( ainda falando na primeira
pessoa ) a distinguir-se de Deus e do
Espírito.
Zacarias
lança muita luz sobre o assunto ao falar, em nome de Deus , a respeito da
crucificação do Messias: “ E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de
Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a
quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito ; e
chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito” ( Zc
12.10 ). Fica claro que o único Deus
verdadeiro está falando na primeira pessoa ( “mim” ) com referência a ter sido
“ traspassado”, mas Ele mesmo faz a mudança gramatical da primeira pessoa para
a terceira pessoa ( “ele” ) com relação aos sofrimentos do Messias pelo fato de
ter sido “traspassado” . A revelação da
pluralidade na Deidade fica bem evidente nesse texto bíblico. Assim saímos das sombras e prefigurações do
Antigo Testamento para a luz maior da revelação no Novo Testamento.
Evidências Bíblicas Para
A Doutrina Da
Trindade No Novo
Testamento
João
começa o prólogo do seu Evangelho com a revelação do Verbo: “ No princípio era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus , e o Verbo era Deus” ( Jo 1.1 ).
B.F. Westcott observa que, aqui,
João leva os nossos pensamentos para além do começo da Criação, no tempo, para
a eternidade. O verbo “era” ( Gr. Em,
pretérito imperfeito de eimi , “ ser”
) aparece três vezes nesse versículo e,
mediante todo o versículo, o apóstolo transmite a idéia de que nem Deus , nem o
Verbo ( Gr. Logos ), tem começo,
sempre existiram em conjunto, e assim continua.
A segunda parte do versículo continua : “E o Verbo estava com Deus [pros ton theon ]”. O Logos
existe com Deus, em perfeita comunhão , por toda a eternidade. A palavra pros
( com ) revela o relacionamento“ face a face” que o Pai e o Filho sempre
compartilharam.
A frase final de João é uma declaração nítida
da divindade do Verbo: “ E o Verbo era Deus”.
João continua a revelar-nos que o Verbo entrou na História ( 1.14 ) como
Jesus de Nazaré, sendo Ele mesmo “o único Deus, que está ao lado do Pai”. E o Verbo tornou o Pai conhecido ( 1.18
). O Novo Testamento revela,ainda que,
pelo fato de Jesus Cristo ter compartilhado da glória de Deus desde toda a
eternidade ( Jo 17.5 ) , Ele é objeto da adoração reservada somente a Deus : “
Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus e na
terra , e debaixo da terra , e toda língua confesse que Jesus cristo é o Senhor
, para a glória de Deus” ( Fp 2. 10,11; ver também Êx 20. 3; Is 45.23; Hb 1.8 ). Foi através do Verbo
eterno , Jesus Cristo, que Deus Pai criou todas as coisas ( Jo 1.3; Ap 3.14
). Jesus se identifica como o soberano ”
Eu Sou” ( Jo 8.58; cf. Êx 3.14 ). Em João
8.59, os judeus sentiram-se impulsionados a pegar em pedras para matar a Jesus
em virtude dessa reivindicação. Tentaram fazer a mesma coisa mais tarde depois
de haver declarado em João 10.30: “ Eu e o Pai somos um”. Os judeus que o
escutaram consideraram-no blasfemo: “ Sendo tu homem , te fazes Deus a ti
mesmo” ( Jo 10.33; cf. Jo 5.18 ).
Paulo
identifica Jesus como o Deus que provê todas as coisas: “ Ele é antes de todas
as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” ( Cl 1.17 ). Jesus é o “Deus
Forte” que reinará como Rei no trono de Davi, e o tornará eterno ( 9.6,7 ). Seu
conhecimento é perfeito e completo. Pedro falou assim a nosso Senhor : “ Senhor
, tu sabes tudo” ( Jo 21.17 ). O próprio Cristo disse: “ Todas as coisas me
foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho , senão o Pai ; e
ninguém conhece o Pai , senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”
( Mt 11.27;cf. Jo 10.15 ). Jesus agora
está presente em todos os lugares ( Mt 18.20 ), e é imutável ( Hb 13.8 ). Ele compartilha este título com
o pai: “ o Primeiro e o Último “ ( Ap
1.17; 22.13 ). Jesus é o nosso Redentor
e Salvador ( Jo 3.16,17;Hb 9.28; IJo 2.2). nossa Vida e Luz ( Jo 1.4 ), nosso
Pastor ( Jo 10.14; IPe 5.4 ), aquEle que nos justifica ( Rm 5.1 ), o que virá
em breve como: “ REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” ( Ap 19.16 ). Jesus é a Verdade ( Jo 14.6 ) e o Consolador,
cujo conforto e ajuda transbordam em nossa vida ( IICo 1.5 ). Isaías também o
chama nosso “ Conselheiro” ( Is 9.6 ) e Ele é a Rocha ( Rm 9.33; ICo 10.4 ).
Ele é santo ( Lc 1.35 ) e habita naqueles que lhe invocam o nome Rm10.9,10; Ef
3.17 ).
Tudo
quanto se pode dizer a respeito de Deus Pai , também pode ser dito a respeito
de Jesus Cristo. “ Em Cristo habita
corporalmente toda a plenitude da divindade” ( Cl 2.9 ). “ Cristo... é sobre todos, Deus bendito eternamente” ( Rm
9.5 ). Jesus de sua plena igualdade com
o Pai: “ Quem me vê a mim vê o Pai...
estou no Pai , e o Pai está em mim” ( Jo 14. 9-11 ). Jesus reivindicava
plena divindade para o Espírito Santo: “ E Eu rogarei ao Pai , e ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre” ( Jo 14.16 ). Ao chamar o Espírito Santo allon
parakleton ( “outro ajudador do mesmo tipo que Ele mesmo” ), Jesus afirmou que
tudo quanto pode ser afirmado a respeito de sua natureza pode ser dito a
respeito do Espírito Santo. Por isso a Bíblia dá testemunho da divindade do
Espírito Santo como a Terceira Pessoa da Trindade. O salmo 104.30 revela o Espírito Santo como o
Criador : “ Envias o teu Espírito, e são criados , e assim renovas a face da
terra “. Pedro se refere a Ele como Deus
( At 5.3,4 ), e o autor da Epístola aos Hebreus chama-o “ Espírito
Eterno” ( Hb 9.14 ) . A exemplo de Deus
, o Espírito Santo possui os atributos da Deidade . Ele tem conhecimento de todas as coisas : “ O
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus... Ninguém sabe
as coisas de Deus , senão o Espírito de Deus” ( ICo 2. 10,11 ) . Ele está presente em todos os lugares ( Sl 139.7,8 ) .
Embora o Espírito Santo distribua dons entre
os cristãos , Ele mesmo permanece sendo um “só” ( ICo 12.11 ) ; Ele é constante
na sua natureza . Ele é a verdade ( Jo 15.26 ; 16.13; IJo 5.6 ). Ele é o Autor
da Vida ( Jo 3.3-6 ; Rm 8.10 ) mediante o renascimento e a renovação ( Tt 3.5 )
e nos sela para o dia da redenção ( Ef 4.30 ). O Pai é nosso Santificador ( ITs 5.23 ) , Jesus Cristo é nosso
Santificador ( ICo 1.2 ), e o Espírito Santo é nosso “ Conselheiro” ( Jo
14.16,26; 15.26 ) e habita naqueles que o temem
( Jo 14.17; ICo 3.16,17; 6.19; IICo 6.16 ). Em Isaías 6. 8-10 , o profeta indica que Deus está falando , e
Paulo atribui a mesma passagem ao
Espírito Santo ( At 28.25,26). No que tange a isso , João Calvino observa: “
Realmente , onde os profetas Cristo e os
apóstolos as atribuem ao Espírito Santo [ cf. IIPe 1.21]”. Calvino conclui: “ Segue-se, portanto, que
quem é o autor preeminente das profecias é verdadeiramente Jeová [ Yahweh ].
O
conceito do Deus Trino e Uno acha-se
somente na tradição judaico –cristã”.
Esse conceito não surgiu mediante a especulação dos sábios desse mundo, mas
através da revelação outorgada passo a passo na Palavra de Deus. Em todos os
escritos dos apóstolos , a Trindade é implícita e tomada como certa ( Ef
1.1-14; IPe 1.2 ). Fica claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo ,existem
eternamente como três Pessoas distintas, mas as Escrituras também revelam a
unidade dos três membros da Deidade.
As
Pessoas da Trindade tem vontades separadas, porém nunca conflitantes ( Lc
22.42; ICo 12.11). O Pai fala ao Filho,
empregando o pronome da segunda pessoa do singular: “ Tu és meu Filho amado ;
em ti tenho me comprazido” ( Lc 3.22
). Jesus se oferece ao Pai pelo Espírito
( Hb 9. 14 ). Declara que veio “não para
fazer a minha vontade , mas a vontade daquele que me enviou” ( Jo 6. 38 ). O
nascimento virginal de Jesus Cristo revela o interrelacionamento entre os três
membros da Trindade. O relato de Lucas
diz : “ E, respondendo o anjo , disse-lhe : Descerá sobre ti o Espírito Santo ,
e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a tua sombra ; pelo que também o Santo,
que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” ( Lc 1.35 ). O único Deus é revelado como Trindade no
batismo de Jesus Cristo. O Filho subiu das águas , O Espírito Santo desceu como
pomba . O Pai falou dos céus ( Mt
3.16,17 ). Por ocasião da criação , a Bíblia menciona o envolvimento do Espírito
( Gn 1.2 ). O autor da Epístola aos Hebreus , porém, declara explicitamente que
o Pai é o Criador ( Hb1.2 ), e João
demonstra que a criação foi realizada “
por meio do Filho” ( Jo 1.3; Ap 3.14 ). Quando o apóstolo Paulo anuncia aos atenienses
que Deus “ fez o mundo e tudo que nele
há” ( At 17.24 ), a única conclusão a que podemos razoavelmente chegar ( juntamente com Atanásio) é que Deus
é “ um só Deus na Trindade , e a
Trindade na Unidade”.
A
ressurreição de Jesus Cristo é dentre os mortos é outro exemplo notável do relacionamento dentro da Deidade Trina e
Una na redenção. Paulo declara que o Pai
de Jesus Cristo ressuscitou nosso Senhor dentre os mortos ( Rm
1.4; cf. IICo 1.3 ). Jesus , contudo, declarou enfaticamente que ressuscitaria
seu próprio corpo da sepultura na glória da ressurreição ( Jo 2. 19-21 ). Noutro texto, Paulo declara
que Deus mediante o Espírito Santo , ressuscitou Cristo dentre os mortos ( Rm
8.11; cf. Rm 1.4 ). Lucas coroa
teologicamente a ortodoxia
trinitariana ao registrar a
proclamação do apóstolo Paulo aos atenienses de que o único Deus ressuscitou a
Cristo dentre os mortos ( At 17. 30,31
). Jesus coloca os três membros da
Deidade no mesmo plano ao ordenar aos seus discípulos: “ Ide , ensinai todas as
nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” ( Mt.28.
19) . O apóstolo Paulo judeu monoteísta
treinado pelo grande erudito Gamaliel , hebreu de hebreus ; segundo a lei
fariseu ( Fp 3.5), deu o carimbo definitivo à teologia
trinitariana , conforme revela sua saudação à igreja em Corinto: “ A graça do
Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com
vós todos” ( II Co 13.14).
Os
dados oferecidos pela Bíblia levam-nos decididamente à conclusão de que ,
dentro da natureza do único Deus verdadeiro , há três Pessoas, sendo que cada
uma é co-eterna, co-igual e co-existente. O teólogo ortodoxo subordina humildemente os
seus pensamentos sobre a teologia
trinitariana aos dados revelados na
Palavra de Deus de maneira bem semelhante ao físico quântico ao formular a
teoria paradoxal das partículas de ondas:
“ Os físicos quânticos concordam entre si que as entidades subatômicas são uma mistura
de propriedades de ondas ( W ), de
propriedades de partículas (P ) , e de propriedades quânticas ( h ). Os elétrons de alta velocidade , ao serem
atirados através de um filme metálico , ou de cristal de níquel ( como raios catódicos rápidos ou até mesmo
com raios –B ) , difratam como raios-X.
Em princípio o raio –B é igual a luz solar empregada em uma experiência
de dupla ranhura ou biprísmica . A
difração é um critério de comportamento semelhante a raios nas substâncias ;
toda teoria clássica das ondas baseia-se nisso. Além desse comportamento ,
porém , há muito tempo que os elétrons vem sendo considerados partículas com cargas elétricas. Um campo magnético transversal defletirá um feixe de elétrons e seu padrão de difração . Somente as partículas comportam-se dessa
maneira; toda a teoria eletromagnética
depende disso. Para explicar todas as
evidências , os elétrons devem ser tanto partículas quanto ondulatórios [
grifos nossos ]. Um elétron é um Pwh.
A
analogia entre a Trindade e o Pwh ilustra muito bem as precauções preliminares desse capítulo, ou seja : embora
o teólogo sempre deva esforçar-se por conseguir
a racionalidade na formulação teológica , ele também deve preferir a
revelação às restrições finitas da lógica humana. A Escritura , e tão-somente
ela, é o ponto de partida para a teologia da Igreja Cristã.
A
Formulação Histórica Da
Doutrina
Embora
Calvino estivesse falando de outro assunto doutrinário, sua advertência é
igualmente aplicável à formulação trinitariana: “ Se alguém , sem muita
autoconfiança tentar desvendar os seus mistérios , não conseguirá satisfazer a
sua curiosidade , e entrará em um labirinto do qual não achará nenhuma saída”. De fato , a formulação histórica da doutrina
da Trindade é apropriadamente como um labirinto terminológico, no qual muitos
caminhos levam a becos sem saídas, a heresias.
Os quatro primeiros séculos da Igreja Cristã eram dominados por um único
tema: o conceito cristológico de Logos.
Esse conceito é exclusivamente joanino, se acha no prólogo do Evangelho
de João e na sua Primeira Epístola . A
controvérsia eclesiástica daqueles tempos focaliza-se na pergunta : “O que João
quer dizer com o uso da palavra Logos?”
A controvérsia atingiu o seu auge no século IV, no Concílio de Nicéia ( 325
d.C. ).
No
século II , os pais apostólicos tinham uma cristologia pouco desenvolvida
. O relacionamento entre as duas
naturezas de Cristo , a humana e a divina, não é claramente articulada em suas
obras. A doutrina da trindade aparece de
forma subentendida nos seus tratados de cristologia , porém não explícita. Os grandes defensores da fé que havia na
Igreja Primitiva ( Irineu, Justino
Mártir ) referiam-se a Cristo como Logos
eterno. Nessa época porém , o conceito
do Logos parece ter sido entendido
como um poder ou atributo de Deus eterno de Deus que, de alguma maneira ,
inexplicável , habita em Cristo. Um
conceito de Logos eternamente
pessoal, em íntima relação como Pai, ainda não havia sido definido.
Irineu
Contra Os Gnósticos
Entramos
no labirinto eclesiástico do desenvolvimento histórico da teologia
trinitariana, seguindo os passos de Irineu
. Ele era bispo de Lion na Gália , e
discípulo de Policarpo que por sua vez , era discípulo do apóstolo João. Em Irineu portanto , temos um vínculo direto
com a doutrina apostólica. Irineu
começou a participar de debates teológicos em fins do século II . É mais
conhecido por causa dos seus argumentos contra os gnósticos . Sua grande obra , Contra Heresias , tem sido uma fonte primária de defesa contra as
influências espiritualmente malogradas do gnosticismo. Irineu encaminhou a
Igreja , positivamente , ao declarar a unicidade de Deus, que é o Criador dos
céus e da terra. Seu compromisso com o
monoteísmo protegeu a Igreja contra o
perigo do politeísmo, que a levaria a um beco sem saída. Irineu também foi cauteloso no que se refere
à especulação gnóstica quanto à maneira
de o Filho ter sido gerado pelo Pai.
Os
gnósticos especulavam continuadamente a respeito da natureza de Cristo e da sua
relação com o Pai. Alguns gnósticos
classificavam Cristo no seu panteão de eões ( intermediários espirituais entre
a Mente Divina e a Terra ) , e nisto , trivializaram a sua divindade. Outros (
docetistas ) negavam a humanidade de Cristo , insistindo que Ele não poderia
ter se encarnado ( apenas parecia ser um homem ) e sofrer e morrer na cruz ( cf. Jo 1.14; Hb 2.14; IJo 4.2,3 ) . Irineu resistia fervorosamente os ensinos dos
gnósticos mediante uma cristologia
desenvolvida de modo impressionante, enfatizando tanto a plena humanidade de
Jesus Cristo , quanto a sua plena divindade.
Na sua defesa da cristologia Irineu respondeu aos gnósticos com duas
fases cruciais que posteriormente reapareceram em Calcedônia : Filius dei filius hominis factus : ( o
Filho de Deus tornou-se filho do homem ), e Jesus
Christus vere homo , vere deus : ( Jesus Cristo , verdadeiro homem e
verdadeiro Deus ).
Declarações
assim exigiam um conceito pelo menos rudimentar do trinitarismo . De outra forma , a alternativa teria sido o
diteísmo ( dois deuses ) ou o politeísmo ( muitos deuses ) . Declara-se , todavia , que Irineu subentendeu
um “ trinitarismo econômico”. Noutras
palavras : “ Ele só lida com a divindade do Filho e do Espírito no
contexto da sua revelação e atividade salvífica , ou seja : no contexto da
economia ( plano ) da salvação”.
Tertuliano Contra
Praxeas
Tertuliano,
“ bispo pentecostal de Cartago” ( 160-230 d.C. ), fez contribuições de
valor inestimável para o desenvolvimento da ortodoxia
trinitariana. Adolph Von Harnack , por
exemplo , insiste que foi Tertuliano que preparou o terreno para o
desenvolvimento subsequente da doutrina ortodoxa trinitariana. O tratado de
Tertuliano “Contra Praxeas” , contém 50 páginas de polêmica vigorosa contra um
certo Praxeas que supostamente, introduziu em Roma a heresia do monarquianismo
ou do patripassianismo. O monarquianismo
ensina a existência de um só Monarca , que é Deus . Por conseguinte , é negada a plena divindade
do Filho e do Espírito . No entanto ,
para preservar as doutrinas da salvação , os monarquianos chegaram a conclusão
de que o Pai, como Deidade , foi crucificado pelos pecados do mundo. Essa é a
heresia chamada patripassianismo . Por
isso , segundo Tertuliano disse a respeito de Praxeas: “ Ele tinha expelido a
profecia e introduzido a heresia, tinha
exilado o Paracleto e crucificado o Pai”.
Tertuliano
informa-nos que, enquanto a heresia de Praxeas varria a Igreja , os crentes de
uma forma geral continuavam vivendo na sua simplicidade doutrinária . Embora
estivesse resoluto quanto a advertir a Igreja contra os perigos do
monarquianismo , entrou na controvérsia em cima da hora , quando a heresia
estava se tornando predominante no pensamento dos cristãos . A tarefa de Tertuliano foi criar
um meio por onde fluíssem as implicações inerentes da teologia trinitariana na
consciência da Igreja . Embora Tertuliano seja tido como o primeiro erudito a
empregar o termo “Trindade” , não é correto dizer que ele “haja inventado” a
doutrina , mas,que “ escavou” na consciência da Igreja e retirou daí os
pensamentos trinitarianos inerentes que já estavam presentes. B.B. Warfield comenta : “ Tertuliano tinha
de... estabelecer a divindade verdadeira
e completa de Jesus... sem criar dois
deuses... E considerando o sucesso que
conseguiu nesse aspecto, deve ser reconhecido como o pai da doutrina eclesiástica
da Trindade”. Tertuliano torna explícito
o conceito de uma “ Trindade Econômica”
( semelhante ao conceito de Irineu, mas com uma definição mais explícita)
Enfatiza a unidade de Deus , ou seja: que existe uma só substância divina, um
só poder divino – sem separação, divisão, dispersão ou diversidade – há ,
porém, uma distribuição entre as funções , uma distinção entre as Pessoas.
Orígenes
E A Escola
Alexandrina
No
século II a.C. , Alexandria , no Egito , substituiu Atenas como centro
intelectual do mundo greco-romano. Posteriormente, academias cristãs
floresceram nessa cidade. Alguns dos maiores estudiosos da Igreja antiga
pertenciam à escola alexandrina. A
Igreja avançou ainda mais através do
labirinto teológico da formulação doutrinária com o trabalho do célebre
Orígenes ( 185-254 d.C. ) . A explicação sobre a eternalidade do Logos
pessoal foi feita pela primeira vez por
Orígenes. Com ele , começou a emergir a doutrina ortodoxa da Trindade , embora
não fosse cristalizada na sua formulação ( progredindo além do conceito
“econômico” de Tertuliano ) a não ser no começo do século IV no concílio de
Nicéia ( 325 d.C. ). Opondo-se aos
monarquianos ( também chamados unitarianos ) , Orígenes propôs sua doutrina da
geração eterna do Filho ( chamada filiação ). Ligava essa geração à vontade do
Pai, e assim subentendia a subordinação do Filho ao Pai . A conclusão da doutrina da filiação aconteceu
não somente pelas designações “Pai” e “Filho”
, mas também pelo fato de o Filhoser chamado de modo consistente , “o
Unigênito” ( Jo 1.14,18; 3.16,18; I Jo
4.9 ) .
Segundo
Orígenes , o Pai gera eternamente o Filho e, portanto, nunca está sem Ele. O Filho é Deus , porém Ele subsiste ( segundo
a linguagem teológica posterior, que se relaciona com a existência de Deus )
como uma pessoa distinta do Pai. O
conceito oferecido por Orígenes da geração eterna preparou a Igreja para
entender que a Trindade consiste em três Pessoas em vez de consistir em três
partes. Orígenes deu expressão teológica
ao relacionamento entre o Pai e o Filho ( posteriormente afirmada no Concílio de Nicéia ) como homoousios to patri: “ de uma só substância [ ou
essência ] com o Pai”. O modo de se
entender a personalidade , essencial para a fórmula trinitariana ortodoxa,
ainda era imprecisa . O termo latim Persona , que significa “papel” ou
“ator” , não ajudava no esforço teológico de se entender o Pai ,o Filho e o Espírito como três Pessoas
, em vez de meros papéis diferentes de Deus. O conceito teológico de hypostases , ou seja: da distinção de Pessoas dentro da
Deidade ( em contraste com a unidade de substância ou de natureza dentro da
Deidade, chamada de “consubstancialidade” e que se relaciona com a homousia ) , permitiu a formulação
paradoxal da teologia trinitariana.
A
doutrina de Orígenes a respeito da geração eterna do Filho era uma polêmica
contra a noção de que houvera um tempo quando o Filho não existia. Seu conceito
da “consubstancialidade” ressaltava a igualdade entre o Filho e o Pai. No entanto, surgiram dificuldades no
pensamento de Orígenes por causa do conceito de subordinação apresentada na
linguagem do Novo Testamento, e da idéia do papel de submissão do Filho em
relação ao Pai, embora a plena divindade do Filho fosse ainda mantida. O que é crítico para a nossa compreensão “ é
entender a subordinação no sentido de que podemos chamar de econômico”, e não
num sentido que se relacione com a natureza da própria existência de Deus. Por isso: “ O Filho submete-se à vontade do
Pai e executa o seu plano (oikonomia
) , mas não é por isso inferior ao Pai na sua natureza. Orígenes era inconsistente na sua formulação
do relacionamento entre o Pai e o Filho, e às vezes apresentava o Filho como um
tipo de deidade de segunda categoria , distinto do Pai quanto a sua Pessoa ,
mas inferior a Ele quanto à existência. Essa oscilação no tocante ao conceito
do subordinacionismo provocou uma reação maciça dos monarquianos.
O
Monarquianismo Dinâmico: A Primeira
Tentativa Fracassada
Os monarquianos procuravam
preservar o conceito da unicidade de Deus – a monarquia do monoteísmo.
Focalizavam a eternidade de Deus como único Senhor , ou Soberano, em relação à
sua criação. O monarquianismo em dois
tipos diferentes : Dinâmico e Modalístico.
O Monarquianismo Dinâmico (
também chamado de Monarquianismo Ebionita, Monarquianismo Unitariano ou
Monarquianismo Adocionista ) antecedeu o
Monarquianismo Modalístico. O
Monarquianismo Dinâmico negava qualquer noção de uma Trindade eternamente
pessoal. A escola monarquiana dinâmica era representada pelos Alogi , homens que rejeitavam a
cristologia do Logos. Os Alogi baseavam a sua cristologia
exclusivamente nos Evangelhos Sinóticos , e repudiavam a cristologia do
Evangelho de João , porque suspeitavam que havia concepções helenísticas no
prólogo do seu Evangelho. Os
Monarquianos Dinâmicos argumentavam que Cristo não era Deus desde toda
eternidade , mas que se tornara Deus em certo momento do tempo.
Embora existissem diferenças de opinião quanto
ao momento exato determinado para a a deificação do Filho , a opinião
generalizada era que a exaltação do Filho ocorreu no seu batismo quando, então
, foi ungido pelo Espírito. Cristo, pois
, mediante a sua obediência , tornou-se o divino Filho de Deus . Cristo era
considerado o Filho adotivo de Deus ao invés de ser tido como o eterno Filho de
Deus. O Monarquianismo Dinâmico também
ensinava que Cristo foi exaltado progressivamente ,ou dinamicamente , à
condição de Deidade . O relacionamento
entre o Pai e o Filho era percebido não em termos da sua natureza e existência
, mas em termos morais . Ou seja: não se considerava que o Filho possuísse
igualdade de natureza com o Pai ( homoousios: homo
significa “ idêntico” e ousios
significa “ essência” ) . Os
Monarquianistas Dinâmicos postulavam que entre Jesus e os propósitos de Deus
existe um relacionamento meramente moral.
Um
dos defensores antigos do Monarquianismo Dinâmico era o bispo de Antioquia no
século III , Paulo de Samosata . Surgiu
um grande debate entre a Igreja Oriental
e a Escola de Antioquiana , de um lado , e a Igreja Ocidental e a Escola
Alexandrina , de outro lado. O enfoque do debate era o relacionamento entre o Logos e o homem Jesus. Harold O.J. Brown
observa que a forma que o adocionismo do Monarquianismo Dinâmico encontrou para
conservar a unidade da Deidade foi sacrificando a divindade de Cristo. O Monarquianismo Dinâmico é, portanto, uma
tentativa fracassada de sair do labirinto doutrinário , que termina num beco
sem saída , em uma heresia. Paulo de
Samosata teve Luciano como sucessor no Monarquianismo Dinâmico . o aluno mais destacado de Luciano era Ário
. Este estava por trás da controvérsia
ariana que resultou na convocação dos bispos em Nicéia e na elaboração do famoso Credo Trinitariano
( 325 d.C. ) . Antes, porém, examinemos o segundo tipo de Monarquianismo : o
Modalismo.
O
Monarquianismo Modalístico : A Segunda
Tentativa Fracassada
As
influências principais que estavam por trás do Monarquianismo Modalístico
eram o gnosticismo e o neoplatonismo.
Os monarquianos modalísticos
concebiam o Universo como uma unidade , todo organizado , manifestado numa
hierarquia de modos. Os modos ( assemelhados à círculos concêntricos ) eram
considerados vários níveis de manifestações de realidade que emanavam de Deus ,
“ O Único” que existe como “ existência pura” , como o Ser Supremo no ponto
mais alto da escala hierárquica ( influência neoplatônica ) . Os monarquianos
modalísticos ensinavam que a realidade diminuía-se à medida que uma emanação se
distanciava de “ O Único”, do qual emana , os modalistas consideravam que ela
existia numa forma inferior ( influência gnóstica ) . Pela proposição inversa, pensava-se que a
realidade aumentava ao progredir em direção a “O Único” ( também chamado a
Mente Divina ).
É
fácil ver as implicações panteísticas desse conceito da realidade , posto que
tudo quanto existe , supostamente tem sua origem nas emanações ( modos ou
níveis da realidade ) da essência do próprio Deus . Alguns modalistas empregavam uma analogia do
sol e dos seus raios . Os raios solares
são da mesma essência do sol , mas não são o sol. Os modalistas supunham que , quanto mais longe
os raios ficam do sol , tanto menos são pura luz solar, e que embora os raios
participem da mesma essência do sol , são inferiores a este, sendo meras
projeções dele. A aplicação cristológica dessa cosmovisão identificava Jesus
como uma emanação de primeira ordem da parte do Pai , reduzindo-o a um nível
abaixo do Pai no tocante a natureza de sua existência ou essência. Embora Jesus
fosse considerado a mais sublime ordem de existência à parte de “O Único” , Ele
não deixava de ser inferior a ele , e dependia dele quanto à sua existência ,
embora fosse superior aos anjos e à raça humana.
Sabélio ( século III ) era o maior defensor do
monarquianismo modalístico, e o responsável pelo seu maior impacto sobre a Igreja.
Originando-se nele a analogia do sol e
dos seus raios, negou ser Jesus deidade no mesmo sentido eterno que o Pai o é.
Essa idéia levou ao termo teológico homoiousios. O prefixo homoi significa “ semelhante” , e a raiz ,ousios , significa “ essência” . Sabélio, portanto, argumentava que a natureza
do Filho era apenas semelhante à do Pai; não era portanto idêntica à do
Pai. Sabélio foi condenado como hereje
em 268 , no Concílio de Antioquia . A diferença entre homo
( “idêntico” ) e homoi ( “semelhante” ) talvez pareça trivial , mas a letra “i” é a diferença fundamental entre as
implicações panteísticas do sabelianismo ( não confundir Deus com a sua criação
) e a plena divindade de Jesus Cristo,à parte da qual ficariam grandemente
prejudicadas as doutrinas da salvação. O
Monarquianismo Modalístico , ao abandonar a plena Divindade e Personalidade de
Cristo e do Espírito Santo, foi também
uma tentativa fracassada de sair do labirinto doutrinário.
Arianismo: A
Terceira Tentativa Fracassada
Embora
Ário fosse aluno de Luciano ,e, portanto, participasse da linha do
Monarquianismo Dinâmico proclamado por Paulo de Samosata , foi além deles na
complexidade teológica. Foi criado em
Alexandria , onde também foi ordenado presbítero pouco depois de 311, apesar de
ser um discípulo da tradição antioquiana . Nos meados de 318 , despertou a
atenção de Alexandre , o novo arcebispo de Alexandria . Este o excomungou em 321 por causa de suas opiniões heréticas a
respeito da Pessoa ,da natureza e da obra de Jesus Cristo. Ário esforçou-se para ser restaurado à Igreja
, não por arrependimento , mas a fim de que suas opiniões a respeito de Cristo
se tornassem a teologia oficial da Igreja. Nesse esforço procurou ajuda de alguns de seus
amigos mais influentes , inclusive Eusébio de Nicomédia e o renomado
historiador eclesiástico Eusébio de Cesaréia , bem como vários bispos
asiáticos. Continuou ensinando sem a
aprovação de Alexandre. Suas
especulações provocaram muitos debates e confusão na Igreja.
Pouco
depois da excomunhão de Ário, Constantino passou a ser o único imperador de
todo império romano. Constantino ficou
muito desgostoso ao descobrir que a Igreja estava vivendo tamanho caos devido a
controvérsia ariana que inclusive , ameaçava a estabilidade política e
religiosa do império. Apressou-se então a convocar o primeiro concílio
ecumênico, o Concílio de Nicéia , em 325. Ário ressaltava que Deus Pai é o
único Monarca e, portanto , que só Ele é eterno. Deus é “ ingênito” , ao passo que tudo o mais
, inclusive Cristo, é “gerado.” Ário
asseverava , incorretamente , que a idéia de ser “gerado” transmite o
conceito de ser criado. Ao mesmo tempo,
deu-se o trabalho de separar-se das implicações
panteísticas da heresia sabeliana , ao insistir que Deus não tinha
nenhuma necessidade interna de criar. Disse também , que Deus criou uma
substância ( lat. Substantia )
independente, que Ele empregou para criar todas as demais coisas . Essa
substância independente , primeiramente criada por Deus, acima de todas as
outras coisas , era o Filho.
Ário
propôs que a incomparabilidade do Filho
é limitada ao fato de ser a primeira e maior criação de Deus . A encarnação do Filho é concebida , no
pensamento ariano , como a união entre a substância criada ( o Logos ) com um
corpo humano . Ensinava que o Logos
ocupava o lugar da alma dentro do corpo humano de Jesus de Nazaré.Harnack tem
razão ao observar que Ário “ é monoteísta rigoroso somente no que diz
respeito à cosmologia; como teólogo é politeísta”. Ário ,
noutras palavras , na cosmologia reconhecia uma única Pessoa , que é Deus ; mas
na prática estendia a adoração ( reservada para Deus somente ) a Cristo, o
mesmo Cristo que declarara ( em outro contexto ) ter sido criado. A cristologia de Ário reduzia
Cristo a uma criatura e, como consequência , negava a obra salvífica do
Filho de Deus . Com isso , o arianismo
foi também uma outra tentativa fracassada de sair do labirinto doutrinário.
Pelo contrário , entrou por um corredor
sem saída.
A
Ortodoxia Trinitariana: Saindo
Do Labirinto
Trezentos
bispos da Igreja Ocidental ( alexandrina
) e da Igreja Oriental ( antioquiana ) reuniram-se em Nicéia, no grande
conflito ecumênico , que procuraria definir com precisão teológica a doutrina
da trindade . O propósito do concílio
era tríplice : (1) esclarecer os termos
usados para articular a doutrina trinitariana; ( 2 ) desmascarar e condenar os
erros teológicos que estavam presentes em vários segmentos da Igreja; e
(3) elaborar um documento que estivesse
em harmonia com os princípios bíblicos e as convicções compartilhadas pela
Igreja. O bispo Alexandre estava pronto
para a luta contra Ário . Os arianos
estavam confiantes de que seriam vitoriosos . Eusébio de Nicomédia preparou um
documento , no qual continham o ponto de vista defendido pelos arianos, que
foi, confiantemente , apresentado ainda no início do conflito. Por ter negado a divindade de Cristo,
provocou a indignação da maioria dos presentes que, com firmeza , rejeitou o
documento. Em seguida , Eusébio de
Cesaréia ( que não era ariano, embora
fosse representante da Igreja Oriental ) elaborou durante o debate um credo que
se tornaria o modelo para o Credo de Nicéia.
O
bispo Alexandre ( e os alexandrinos em geral)
ficou muito preocupado com as opiniões de Ário, pois elas poderiam
afetar a salvação pessoal, caso Cristo não fosse plenamente Deus no
mesmo sentido que o Pai é . Para levar o
homem à plena reconciliação com Deus , argumentava Alexandre , Cristo
forçosamente tem de ser Deus . O bispo Alexandre reconhecia a linguagem da
subordinação no novo Testamento, especialmente as referências a Jesus como: “
Unigênito” do Pai. Indicava que o termo
“gerado” deve ser entendido do ponto de vista judaico, pois os que empregavam o
termo na Bíblia eram hebreus. O uso hebraico do termo visa ressaltar a
preeminência de Cristo. ( Paulo fala
nesses termos, empregando a palavra “ primogênito” não com referência a origem
de Cristo, mas aos efeitos salvíficos da sua obra de redenção ( ver Cl 1.15,18.
). Alexandre respondeu a Ário , argumentando que a condição de o Filho ser o
Unigênito é antecedida nas Escrituras , conforme mostra João 1. 14 ( o Filho é
o Unigênito da parte do Pai ) , que indica que Ele compartilha da mesma
natureza eterna de Deus ( assim se
harmoniza com a”geração eterna” do Filho, segundo Orígenes ). Aos ouvidos de Ário , que não se retratou ,
isso soava como um reconhecimento de que Cristo fora criado. Estava se esforçando desesperadamente por
livrar a teologia das implicações modalísticas que , segundo as palavras que
posteriormente atribuídas ao seu opositor principal, Atanásio , incorriam no
perigo de “ confundir as Pessoas entre si “.
Era, portanto, crucial fazer a distinção entre Cristo e o Pai.
O
bispo Alexandre prosseguiu , declarando que Cristo é “gerado” pelo pai , mas
não no sentido de emanação ou criação .
Teológicamente , o grande desafio da Igreja Ocidental era a explicação
do conceito de homoousia sem cair na heresia modalística. Atanásio
geralmente recebe o crédito de ter sido o grande defensor da fé no Concílio de
Nicéia . A parte maior da obra de
Atanásio , porém , foi consumada depois desse grande concílio ecumênico.
Atanásio era inflexível , e embora deposto pelo imperador em três ocasiões
durante sua carreira eclesiástica , lutava com valentia em favor do conceito de
Cristo ser da mesma essência ( homoousios ) que o Pai , e não meramente
semelhante ao Pai quanto à sua essência
(homoiousios ) . Durante o seu
turno como bispo e defensor da ortodoxia ( conforme revelou ser ) , era
praticamente “ Atanásio contra o
mundo”. A escola alexandrina acabou
triunfando sobre os arianos, e Ário
voltou a ser condenado e excomungado. Na fórmula confessionária da doutrina da Trindade em Nicéia, Jesus Cristo é o “ Filho Unigênito
de Deus ; gerado de seu Pai antes da fundação do mundo, Deus de Deus , Luz de
Luz , Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus ; gerado , não feito ; consubstancial
com o Pai”.
Posteriormente
a Igreja viria empregar o termo “ proceder” em lugar de “geração” ou “gerado” ,
com o propósito de expressar a subordinação salvífica do Filho ao pai. O Filho
procede do Pai . Um tipo de primazia ainda é atribuída ao Pai com relação ao
Filho , mas essa primazia não é cronológica; o Filho sempre existiu como o
Verbo. Mesmo assim, o Filho foi “gerado” pelo Pai ou “procedeu” do Pai, e não o
Pai do Filho. Esse “proceder” do Filho em relação ao Pai ( Já no século VIII ,
chamada “filiação” ) é entendido teológicamente como um ato necessário da
vontade do Pai, de modo que fique impossível existir o conceito do Filho não
provindo do Pai. Daí a “ procedência” do
Filho estar eternamente no presente, um ato que perdura , nunca
terminando. O Filho, portanto, é
imutável ( não sujeito à mudança, Hb 13.8 ) , assim como o Pai é imutável ( Ml 3.6 ).
A filiação ,do Filho, certamente , não é no sentido de ter sido gerada
outra pessoa com a sua divina essência , pois o pai e o Filho são igualmente
Deidade e, portanto, da “mesma” natureza indivisível. O Pai e o Filho ( com o Espírito ) existem
juntos em substância pessoal ( o Filho e o Espírito são pessoalmente distintos
do Pai na sua existência eterna ).
Embora
a exposição das complexidades linguísticas do Credo de Nicéia pareça frustante
para nós hoje, levando-se em conta a distância de 1600 anos , é importante
considerarmos a necessidade crucial de se manter a fórmula paradoxal do Credo
de Atanásio : Um só Deus na Trindade , e a Trindade na Unidade”. A exatidão teológica é crítica , pois os
termos ousia, hupostasis, substantia e
substência nos oferecem um entendimento conceptual do que é a ortodoxia
trinitariana , como no caso do Credo de Atanásio: “ O Pai é Deus, O Filho é
Deus, e o Espírito Santo é Deus . E, porém , não são três deuses , mas um só
Deus”. Entre 361-381 , a ortodoxia
trinitariana passou por mais refinamentos , mormente no tocante ao terceiro
membro da Trindade , o Espírito Santo.
Em 381 , em Constantinopla , os bispos foram convocados pelo imperador
Teodócio , e as declarações da ortodoxia de Nicéia foram reafirmadas . Além disso, houve menção explícita do Espírito Santo em termos de deidade , como
o “ Senhor e Doador da vida , procedente do Pai e do Filho; o qual , com o Pai
e o Filho juntamente é adorado e glorificado ; o qual falou pelos profetas”
O
título “ Senhor” ( Gr.
Kurios ) , empregado nas Escrituras em alguns textos para atribuir e
explicitar a divindade , a divindade , é
destinado aqui ( no Credo de Nicéia –
Constantinopla ) ao Espírito Santo .
Logo , aquEle que procede do Pai e do
Filho ( Jo 15.26 ) subsiste pessoalmente
desde a eternidade dentro da Deidade , sem divisão ou mudança quanto à sua
natureza ( Ele é essencialmente homoousios
com o Pai e o Filho ).
As
propriedades pessoais ( as operações interiores de cada Pessoa dentro da
Deidade ) atribuídas a cada um dos membros da Trindade são assim entendidas : o
Pai é ingênito; o Filho é gerado ; e o Espírito Santo procede dEles. A
insistência nessas propriedades pessoais
não é tentar explicar a Trindade , mas fazer a distinção entre as fórmulas
ortodoxas trinitarianas e as fórmulas heréticas modalísticas. As distinções entre os membros da Deidade não
se referem à sua essência ou substância , mas ao relacionamento. Noutras palavras : a ordem de existência na
Trindade , no tocante ao ser essencial de Deus , está espelhada na Trindade
salvífica . “ São , portanto ,três , não
na posição, mas no grau ; não na substância , mas na forma ; não no poder , mas
na sua manifestação . O processo
contínuo da pesquisa da natureza do Deus vivo cede lugar , a essa altura , à
adoração . Juntamente com os apóstolos , os pais da Igreja , os mártires e os
maiores teólogos no decurso da história da Igreja , temos de reconhecer que “
toda a boa teologia termina com uma doxologia” ( cf. Rm 11.33-36 ) . Considere
esse hino clássico de Reginald Heber :
Santo!
Santo! Santo! Deus Onipotente!
Tuas
obras louvam teu nome com fervor
Santo!
Santo! Santo! Justo e Compassivo!
És
Deus Triúno, excelso Criador!
A
Trindade E A
Doutrina Da Salvação
As
opiniões não-trinitarianas , tais como o modalismo e o arianismo , reduzem a
doutrina da salvação a uma charada divina.
Todas as convicções cristãs
básicas que se centralizam na obra da Cruz pressupõe a distinção pessoal
dos membros da Trindade . Refletindo ,
podemos perguntar se é necessário crer na doutrina da Trindade para ser salvo. A resposta histórica e teológica é que a
Igreja não tem usualmente exigido uma declaração explícita de fé na doutrina da
Trindade para a pessoa ser batizada. Mas a Igreja certamente espera uma fé
implícita no Deus Trino e Uno como aspecto essencial do nosso relacionamento
pessoal com os papéis distintivos de cada uma das Pessoas da Deidade , na obra
salvífica em prol da humanidade. A doutrina da salvação ( inclusive a reconciliação
, a propiciação, a redenção, a justificação e a expiação ) depende da
cooperação dos membros distintivos do Deus Trino e Uno ( Ef 1. 3-14 ). Por
isso, renunciar deliberadamente a doutrina da Trindade ameaça gravemente a
nossa esperança de salvação pessoal.
As
Escrituras incluem todos os membros da raça humana na condenação universal do
pecado ( Rm 3.23 ) , e por isso, todos “
precisam da salvação ; a doutrina da salvação requer um salvador adequado, ou
seja: uma cristologia adequada . Uma
cristologia sadia exige um conceito
satisfatório de Deus , isto é ,uma teologia especial e sadia – que nos trás de
volta à doutrina da Trindade. O conceito
modalístico da natureza de Deus deixa totalmente abolida a obra mediadora entre
Deus e as pessoas . A reconciliação (
IICo 5.18-21 ) subentende deixar de lado a inimizade ou a oposição . Qual inimizade é deixada de lado? As Escrituras que Deus está em inimizade
contra os pecadores ( Rm 5.9 ) , e que
as pessoas nos seus pecados também estão em inimizade contra Deus ( Rm 3.10-18;
5.10 ) . O Deus Trino e Uno é revelado
na Bíblia de modo explícito na redenção dos pecadores e na sua reconciliação
com Deus. Deus “envia” o Filho ao mundo
( Jo 3.16,17 ) . À sombra do calvário ,
Jesus se submete com obediência à vontade do Pai: “Meu Pai ,se é possível,
passa de mim esse cálice ; todavia, não seja como eu quero , mas como tu
queres” ( Mt 26.39 ).
O relacionamento sujeito-objeto entre o Pai e
o Filho fica claramente evidente aqui. O
Filho suporta a vergonha do madeiro maldito , trazendo a paz ( reconciliação )
entre Deus e a humanidade ( Rm 5.1; Ef 2.13-16 ). Enquanto a sua vida se esgota rapidamente do
seu corpo , Jesus , no Calvário olha para o céu , e pronuncia suas últimas
palavras : “ Pai , nas tuas mãos eu entrego o meu espírito” ( Lc 23.46 ). Se
duas pessoas distintivas não forem reveladas aqui, no ato salvífico da cruz ,
esse evento seria uma mera charada de um único Cristo ( que só poderia ser
neurótico ). No Modalismo , o conceito da morte de Cristo como uma satisfação
infinita está perdido. O sangue de
Cristo , é o sacrifício pelos nossos pecados ( I Jo 2.2 ). A doutrina de propiciação tem a conotação de
aplacar ou evitar a ira mediante um sacrifício aceitável. Cristo é o cordeiro
sacrificial de Deus ( Jo 1.29 ). Por causa de Cristo , a misericórdia de Deus é
oferecida em vez da ira que merecemos por causa dos nossos pecados . Sugerir , porém , como faz o Modalismo , que
Deus é uma só Pessoa e que faz de si mesmo a si mesmo uma oferta pelo pecado ,
estando Ele ao mesmo tempo irado e misericordioso, deixa parecer que Ele é caprichoso .
Noutras palavras : a Cruz seria um ato sem sentido no que diz respeito
ao conceito de uma oferta pelo pecado.
O
apóstolo João identifica Jesus como nosso Paracleto ( ajudador ou conselheiro ). Temos , portanto, alguém que fala com o Pai
em nossa defesa ( I Jo 2.1 ). Agir assim pressupõe um Juiz que é diferente do
próprio Jesus , antes de Ele desempenhar semelhante papel . Porque Cristo é o nosso Paracleto: “ Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente
pelos nossos , mas também pelos de todo mundo” ( I Jo 2.2 ). Temos, portanto, plena segurança da nossa
salvação porque Cristo , nosso ajudador , é também a nossa Oferta pelo
pecado. Jesus veio ao mundo não “ para
ser servido , mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” ( Mc 10.45
). O conceito de “resgate” e de suas palavras cognatas nas Escrituras é usado
com referência a um pagamento que garante a libertação de presos. A quem Cristo
pagou o resgate ? Se for negada a
doutrina ortodoxa da Trindade ( negando-se uma distinção entre as Pessoas da
Deidade , conforme o que quer o Modalismo ) , Cristo teria de ter pago o
resgate ou à raça humana ou a Satanás. Posto que a humanidade está morta em
transgressões e em pecados ( Ef 2.1 ),
nenhum ser humano teria o direito de exigir que Cristo lhe pagasse o resgate. Sobraria, portanto, Satanás para fazer a
extorsão de Cristo , em nível cósmico. Nós porém , nada devemos a Satanás . E a idéia de Satanás exigir resgate pela
humanidade é blasfêmia por causa das suas implicações dualistas ( a idéia de
que Satanás possui poder suficiente para extorquir de Cristo a própria vida
deste; ver João 10.15-18 ).
Pelo
contrário: o resgate foi pago ao Deus
Trino e Uno para satisfazer as plenas reivindicações da justiça divina contra o
pecador caído. Tendo o Modalismo
rejeitado o trinitarianismo , a heresia modalística perverte, de modo
correspondente , o conceito da justificação. Embora mereçamos a justiça de Deus
, somos justificados pela graça mediante a fé em Jesus Cristo somente ( I Co
6.11 ). Tendo sido justificados ( tendo sido declarados sem culpas diante de
Deus ) mediante a morte e ressurreição de Jesus,somos , portanto,declarados
justos diante de Deus ( Rm 4.5,25
). Cristo declara que o Espírito é
“outra” Pessoa distinta de si mesmo, porém do “mesmo tipo” ( allon, Jo 14.16 ).
O Espírito Santo emprega a obra do Filho no novo nascimento ( Tt 3.5 ),
santifica o cristão ( I Co 6.11 ) e nos dá acesso ( Ef 2.18 ), mediante o nosso
Grande Sumo Sacerdote, Jesus Cristo ( Hb 4. 14-16 ) , à presença do Pai ( II Co
5. 17-21 ). Um Deus que muda
inteiramente seus atos é contrário à revelação da natureza imutável do
Todo-Poderoso ( Ml 3.6 ). Semelhante
modalismo é deficiente no que diz respeitoà salvação, pois nega a alta posição
sumo-sacerdotal de Jesus Cristo. As Escrituras declaram que Cristo é nosso
intercessor divino à destra de Deus , nosso Pai ( Hb 7.23; 8.2 ). Fica claro que a doutrina essencial da
expiação vicária , na qual Cristo carregou
nossos pecados na sua morte , depende do conceito trinitarariano . O Modalismo subverte o conceito bíblico da
morte penal e vicária de Cristo como satisfação da justiça de Deus e, em última
análise , anula a obra da Cruz.
A
cristologia ariana é condenada pelas Sagradas Escrituras . O relacionamento entre o Pai , o Filho e o
Espírito Santo fundamenta-se na natureza divina que compartilham entre si, e
que , em última análise , é explicada em termos da Trindade. “ Qualquer que nega o Filho também não tem o
Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai” ( I Jo 2.23 ). O
reconhecimento apropriado do Filho requer fé na sua divindade , bem como na sua
humanidade . Cristo, como Deus, é
suficiente para satisfazer a justiça do Pai;
como homem, Ele cumpriu a responsabilidade moral da humanidade diante de
Deus. Na obra da Cruz , a justiça e a graça de Deus nos são reveladas . A eterna perfeição de Deus e as imperfeições
pecaminosas da humanidade são reconciliadas mediante o Deus-Homem , Jesus
Cristo ( Gl 3.11-13 ). A herança ariana , na sua negação da plena divindade de
Cristo , está sem Deus Pai ( I Jo 2.23 ) e, portanto, sem nenhuma esperança de
vida eterna.
A
Necessidade
Teológico-Filosófica Da Trindade
As
propriedades ( qualidades inerentes ) eternas e a perfeição absoluta do Deus
trino e Uno são decisivas para o conceito cristão da soberania de Deus sobre a
sua Criação . Deus ,sendo Trindade , é
completo em si mesmo ( soberano ) , e, consequentemente , a criação é um ato
livre de Deus , e não uma ação necessária de sua existência . Por essa razão , “ antes de ‘no princípio’
existia algo diferente de uma situação estática”. A fé cristã oferece uma revelação clara e
compreensível de Deus , proveniente de fora da esfera do tempo, pois Deus , como
Trindade, tem desfrutado de eterna comunhão e comunicação entre suas três
Pessoas distintas. O conceito de um Deus
pessoal e que se comunica , desde toda eternidade , está arraigado na teologia
trinitariana. Deus não existia em
silêncio e de forma estática para então, um certo dia , optar por romper a
tranquilidade daquele silêncio e então falar.
Pelo contrário : a comunhão eterna dentro da Trindade é essencial para o
conceito da revelação. ( A alternativa
de um Ser divino solitário que murmura de si para si na sua solidão é um pouco
inquietante. ) O Deus Trino e Uno tem se
revelado à humanidade , dentro da humanidade , de modo pessoal e proposicional.
A
personalidade de Deus , como Trindade , também é a fonte e significado da
personalidade humana . “ Sem semelhante
fonte “ , observa Francis Schaeffer ,
“sobra tão somente para os homens uma personalidade que provém do impessoal (
com o acréscimo do tempo e do acaso )”. Por
toda a eternidade o Pai amava o Filho , o Filho amava o Pai , e o Pai e o Filho
amavam o Espírito. “ Deus é amor” ( I Jo
4.16 ). Logo o amor é um atributo
eterno. Por definição , o amor é
necessariamente compartilhado com outro , e o amor de Deus é um amor que fez
que com Ele doasse a si mesmo. Por isso , o amor eterno dentro da Trindade outorga
sentido real ao amor humano ( I Jo 4.17 ).
Excurso:
O Pentecostalismo Da
Unicidade
No
acampamento de Reavivamento Mundial em Arroyo Seco de Los Ângeles , em 1913, surgiu uma séria
controvérsia . Durante um culto de
batismo , o evangelista canadense R. E.
McAlister argumentou que os apóstolos não invocavam o Nome trino e uno – Pai
,Filho e Espírito Santo – no batismo , mas batizavam no nome de Jesus somente. Durante a noite , John G. Schaeppe, um imigrante de Danzig ,
Alemanha , teve uma visão , e acordou o
acampamento , gritando que o nome de Jesus precisava ser glorificado . A partir
de então , Frank J. Ewart começou a
ensinar que aqueles que tinham sido batizados segundo a fórmula trinitariana precisavam do
novo batismo que invocava somente o nome de Jesus . Logo, outros
começaram a espalhar a “ nova questão” .
Juntamente com isso veio a aceitação
de uma só Pessoa na Deidade , agindo em modos ou cargos diferentes. O
reavivamento em Arroyo Seco acendera a centelha dessa nova questão. Em outubro de 1916 , O Concílio Geral Das
Assembléias De Deus foi convocado em St.
Louis com o propósito de formar barricadas de defesa para proteger a
ortodoxia trinitariana. Os representantes da Unicidade viram-se
diante de uma maioria que lhes exigia que aceitassem a fórmula batismal
trinitariana e a doutrina ortodoxa de Cristo , ou deixassem a comunhão . Cerca de um quarto dos ministros realmente se
retirou . Mas as Assembléias De Deus
estabeleceram-se na tradição doutrinária da “ fé pregada pelos apóstolos ,
atestada pelos mártires , substanciada nos Credos , exposta pelos pais”, ao
lutar em favor da ortodoxia trinitariana.
Tipicamente , o Pentecostalismo da Unicidade declara: “ Não cremos em
três personalidades separadas na Deidade , mas cremos em três cargos
preenchidos por uma só pessoa”.
A
doutrina da Unicidade ( Modalística ) tem, portanto, o conceito de Deus como um
só Monarca transcendente , cuja unidade numérica é rompida por três
manifestações contínuas feitas à humanidade como Pai , Filho e Espírito
Santo. As três faces do único Monarca
são realmente imitações divinas de Jesus , a expressão pessoal de Deus mediante
a sua encarnação . A idéia da
personalidade exige, segundo os Pentecostais da Unicidade , corporalidade e,
por essa razão acusam os trinitarianos de adotar o triteísmo. Pelo fato de
Cristo ser “ corporalmente toda plenitude da divindade” ( Cl 2.9) , os
Pentecostais da Unicidade argumentam que Ele é essencialmente a plenitude da
Deidade indiferenciada. Noutras palavras
: acreditam que a tríplice realidade de Deus é “ três manifestações “ do único
Espírito habitando dentro da Pessoa de Jesus .
Acreditam que Jesus é a personalidade única de Deus, cuja “essência”
como Pai no Filho e como Espírito através do Filho”. Explicam, ainda, que a pantomima divina de Jesus
é “ cristocêntrica, porque Jesus, como ser humano,é o Filho, e que como
Espírito ( na sua divindade ) Ele revela – e realmente é o Pai e envia – e
realmente é o Espírito Santo como Espírito de Cristo que habita no cristão.
Já
argumentamos que o sabelianismo do século III é herético . Na sua negação das distinções eternas entre
as três Pessoas na Deidade , o Pentecostalismo da Unicidade acabou caindo no
mesmo erro teológico do Modalismo clássico .
A diferença , conforme foi declarado antes, é que os Pentecostais da
Unicidade concebem a “ trimanifestação” de Deus como simultânea em vez de
sucessiva – sendo esta última a crença do modalismo clássico . Argumentam que , tendo por base Colossenses
2.9 , o conceito da personalidade
de Deus é reservado exclusivamente para
a presença imanente e encarnada de Jesus .
Por isso, os Pentecostais da Unicidade geralmente argumentam que a
Deidade está em Jesus, mas que Jesus não está na Deidade. Colossenses 2.9 afirma porém ( conforme a
Igreja formulou em Calcedônia em 451 ), que Jesus é a “plenitude da revelação
da natureza de Deus “ ( theothêtos ,
divindade ) mediante a sua encarnação .
A totalidade da essência de Deus está incorporada em Cristo ( ele é
plena deidade ) , embora as três Pessoas não estejam simultaneamente encarnadas
em Jesus . Embora os Pentecostais da
Unicidade confessem a divindade de Jesus
Cristo , o que eles realmente querem dizer é que Jesus, como Pai, é deidade , e
como Filho , é humanidade. Ao argumentarem
que o termo “Filho” deve ser entendido como a natureza humana de Jesus ,
e que o termo “Pai” é designação da natureza divina de Cristo, imitam seus
antecessores antitrinitários ( há muito tempo falecidos ) ao comprometerem as
doutrinas da salvação .
É
certo que Jesus declarou : “ Eu e o Pai somos um” ( Jo 10.30 ). Mas isso não
significa que Jesus e seu Pai sejam uma só Pessoa ( conforme argumentam os Pentecostais da
Unicidade ) , pois o numeral grego neutro hen
( “um” ) é empregado pelo apóstolo João em vez do masculino heis .
Logo, a referência é à união essencial , e não a identidade absoluta. Conforme já foi declarado , a distinção tipo
sujeito-objeto entre o Pai e o Filho é revelada com grande clareza nas
escrituras, quando Jesus, na sua agonia
, ora ao Pai ( Lc 22.42 ). Jesus também
revela e defende a sua identidade ao apelar o testemunho do Pai ( Jo 5.31,32
). Jesus declara de modo explícito : “
Há outro [ Gr. Allos ] que testifica
de mim” ( v. 32 ). Aqui , o termo allos denota , mais uma vez , uma pessoa
diferente daquela que está falando . Também
em João 8. 16-18 , Jesus diz: “ E, se, na verdade , julgo, o meu juízo é
verdadeiro , porque não sou eu só , mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o
testemunho de dois homens é verdadeiro.
Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou”. Aqui Jesus cita o Antigo Testamento ( Dt
17.6; 19.15 ) com o propósito de revelar, mais uma vez , a sua identidade
messiânica ( como sujeito ) , apelando
ao testemunho de seu Pai ( como objeto )
a respeito do próprio Jesus . Insistir (
como fazem os Pentecostais da Unicidade ) que o Pai e o filho são numericamente
um só, serviria apenas para desacreditar o testemunho que Jesus deu de si mesmo
como Messias.
Além
disso , os Pentecostais da Unicidade ensinam que, para a pessoa ser verdadeiramente
salva , é preciso que seja batizada “ em nome de Jesus” somente . Com isso dão a entender que os trinitarianos
não são cristãos verdadeiros . Nisso, os
Pentecostais da Unicidade incorrem no erro de colocar as obras como meio de
salvação, contrariando o que a Bíblia
diz : a salvação pela graça , mediante a fé somente ( Ef 2. 8,9 ). No Novo
Testamento , encontramos por volta de 60 referências que falam da salvação pela graça somente
mediante a fé , independentemente do batismo nas águas. Se o batismo foi um
meio necessário à nossa salvação , porque o Novo Testamento não enfatiza
fortemente tal doutrina? Pelo contrário
: vemos Paulo dizendo: “ Cristo enviou-me não para batizar , mas para
evangelizar; não em sabedoria de palavras , para que a cruz de Cristo não se
faça vã” ( I Co 1.17 ). Deve ser mencionado , ainda , que Atos dos
Apóstolos não pretende preceituar uma
fórmula batismal para ser utilizada pela Igreja , pois a frase “ em nome de
Jesus” não ocorre exatamente da mesma maneira duas vezes em Atos. No sentido de
reconciliar o mandamento de Jesus no sentido de batizar “ em nome do Pai ,e do
Filho , e do Espírito Santo” ( Mt 28.19 ) , com a declaração de Pedro: “cada um
de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” ( At 2.38 ) , consideraremos três
explicações possíveis.
(1 )
Pedro desobedeceu ao mandamento claro do seu Senhor . Isso, obviamente , nem é uma explicação , e
deve ser descartada por ser ridícula.
( 2
) Jesus estava falando em termos ocultos , que exigiriam algum tipo de
perspicácia mística antes de ser possível compreender seu sentido. Noutras palavras , Ele realmente estava nos
mandando batizar somente em nome de Jesus, embora alguns não percebam esse
significado velado de nosso Senhor. Não
há, porém , a mínima justificativa para se tirar tal conclusão. É contrária ao
gênero específico de literatura bíblica envolvida ( didático-histórico ) e
também , pelo menos por implicação , à impecabilidade de nosso Senhor Jesus
Cristo.
( 3
) Uma explicação melhor é fundamentada na autoridade apostólica de Atos, no que
diz respeito as credenciais ministeriais dos apóstolos . Quando a frase “ em
nome de Jesus Cristo” é invocada pelos apóstolos em Atos , significa “ com a
autoridade de Jesus Cristo” ( cf. Mt 28.18 ). Por exemplo: em Atos 3.6 os
apóstolos curam mediante a autoridade do nome de Jesus Cristo. Em Atos 4, os
apóstolos são convocados para serem interrogados a respeito das obras poderosas
que faziam: “ Com que poder ou em nome de qurm fizestes isso? ( v. 7 ). O apóstolo Pedro cheio do Espírito Santo ,
adiantou-se e proclamou corajosamente: “ Em nome de Jesus Cristo , o Nazareno,
aquele a quem vós crucificaste e a quem Deus
ressuscitou dos mortos , em nome desse, é que este está são diante de
vós” ( v. 10 ) . Em Atos 16.18 , o
apóstolo Paulo libertou , “ em nome de Jesus Cristo” , uma jovem da possessão
demoníaca.
Os
apóstolos estavam batizando ,curando, libertando e pregando, mediante a
autoridade de Jesus Cristo. Conforme
escreveu Paulo: “ E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em
nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus pai” ( Cl 3.17 ). Concluímos , portanto , que a declaração
apostólica “ em nome de Jesus Cristo” equivale a dizer : “ pela autoridade de
Jesus Cristo”. Não existe, portanto,
nenhum motivo para acreditar que os apóstolos fossem desobedientes ao
imperativo do Senhor , que mandou
batizar em nome do Pai , do Filho e do Espírito Santo ( Mt 28.19 ), ou que
Jesus estava usando linguagem oculta , pelo contrário: no próprio livro de Atos
, os apóstolos batizavam pela autoridade de Jesus Cristo , em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo. A doutrina da
Trindade é o caráter distinto da revelação que Deus fez de si mesmo nas
sagradas Escrituras . Fiquemos pois firmes em nossa confissão de um só Deus “
eternamente existente em si mesmo...
como Pai, Filho e Espírito Santo”.
Para
aqueles cujos corações tem sede do Deus Vivo , e se aproximam de Deus com humildade
e reverência , o Todo Poderoso abrirá os seus infindáveis tesouros e os derramará copiosamente para saciá-los
abundantemente , pois o Pai quer se revelar aos seus filhos e tem prazer
naqueles que querem conhecê-lo com um coração puro e uma disposição santa . Meu
amado irmão em Cristo, se você é um desses bem aventurados , então esse pequeno
mas sólido estudo muito o ajudará.
Com
Amor Em Cristo Veredarius
Bibliografia
( 1 ) Teologia Sistemática
Stanley M.
Horton
Casa Publicadora Das Assembléias
De Deus ( CPAD )
1ª Edição 1996 - pág.
126-128
( 2 ) O Novo Dicionário Da Bíblia
Editor organizador:
J. D. Douglas M. A., B. D., Ph. D.
Editor Da Edição Em
Português
R. P. Shedd, M. A., B. D. , Ph. D.
Sociedade Religiosa
Edições Vida Nova
2ª Edição 1995 – Reimpressão 2003 - pág.
406
( 3 ) idem (2 )
pág. 406-407
( 1* ) idem (2 )
pág.407
( 2* ) idem ( 2 )
pág. 407-408
( 3* ) idem ( 1 ) pág. 141-151
( 1** ) Palestras Introdutórias
À Teologia Sistemática
Henry Clarence Thiessen
B.D., Ph.D., D.D.
1ª Edição
Em Português - 1987 - pag. 34-43
( 2** ) idem ( 1**
) pág. 86-87
( 3** ) idem ( 1 )
pág. 157-187
“Creio na inspiração verbal da BÍBLIA
SAGRADA,única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão"
Introdução
No mundo existem livros e livros,alguns são
religiosos ou sagrados, científicos, históricos, romances, prosa, poéticos,
etc. Porém o único que se auto declara como inspirado por Deus; é a BÍBLIA:
Prov. 30. 5-6, Isaías 55.11, Mat. 4.4, Sal. 68.11, Isaías 44.23, Hb.6.5. Há
mais de cinco séculos em primeiro lugar na lista dos mais impressos,
traduzidos, vendidos, lidos e comentados do mundo. A BíBLIA é o livro sagrado
do judaísmo e do cristianismo que inaugurou a invenção da tipografia por
Gutenberg, em 1450; e desde então seu texto já foi impresso em centenas de
idiomas.
O significado da BÍBLIA
De modos que para mim a BíBLIA é autoritativa,infalível, inspirada e
inerrante e que a interpretação correta é a Gramático-Histórica, enquanto a
tradução é a de Equivalência Formal, pois os seus princípios já são vistos nos
primeiros séculos da igreja e que foram encampados pela reforma e que
posteriormente foram codificados durante o Escolasticismo Protestante, portanto
deste ponto de vista a BÍBLIA é um livro Divino-Humano, isto é, foi inspirado
por DEUS e escrito por homens santos de DEUS, 2Tim. 3.16 e 2 Ped. 1.19-21.
Calvino um dos grandes líderes da reforma tinha um dístico admirável : ``orare
e labutare´´que significa em português: orar e trabalhar; orar porque a BÍBLIA
é um livro divino e trabalhar (estudar, pesquisar, etc.) porque a BÍBLIA também
é um livro humano.
A perseguição contra a BÍBLIA
A Bíblia é uma coleção de textos divididos em duas
partes: O Velho Testamento e o Novo Testamento.O Novo Testamento foi escrito
durante o século posterior a morte de Jesus Cristo, em grego, com algumas
palavras em aramaico e, se constitui em permanente Best seller, apesar disso é
o livro mais perseguido do mundo. Antes da reforma o catolicismo tentou
destruí-la e muitas pessoas pagaram com a vida por amá-la, possuí-la ou
escrevê-la, haja visto, o que aconteceu com William Tyndale que foi colocado em
uma estaca e queimado vivo tornando-se em um mártir no ano de 1536. Tudo isso
só porque ele havia imprimido a Bíblia na versão inglesa, e isto continuou por
muito tempo depois da reforma.
O meu avô possuía uma Bíblia na década de trinta em
Pernambuco, o que naquela época, era um caso raro, mas isso era escondido do
padre local, pois se o mesmo soubesse disso, a Bíblia seria confiscada
imediatamente. O meu pai dizia que vinha gente de longe para ver e ler a Bíblia
na sua casa. Este era o tratamento que o catolicismo dava as Escrituras
Sagradas e aos que a possuíam. Depois vieram os liberais negando que a Mesma
era a Palavra de Deus, depois o comunismo que foi e é um grande destruidor de
Bíblias; hoje há também os muçulmanos grandes perseguidores da Bíblia e do
cristianismo, sem falar dos ateus e agnósticos que tudo fizeram para destruí-la
e que ainda tentam, mas, nada conseguem pois está escrito que: Passarão os céus
e a terra mas as Palavras deste Livro não passarão At. 24.35. A mídia moderna é
um exemplo dessa má vontade para com o Livro Sagrado; os comediantes fazem
piadas e blagues contra Ela, os intelectuais e os artistas desdenham-na
impiedosamente e qualquer pessoa que demonstre levá-la à sério nestes meios é
hostilizada imediatamente, pois, são consideradas crédulas, fracas
intelectualmente e fora de moda.
A Falta De Visão Da Igreja Na Defesa Da Bíblia
Por outro lado a igreja que recebeu a Bíblia
(Palavra De Deus) com a finalidade de : Ensiná-la, divulgá-la, obedecê-la e
guardá-la (isto não sou eu que digo, mas, o disse um dos Pais da igreja do
segundo século,Tertuliano de Cartago, quando afirmou que: As ESCRITURAS são
propriedade da igreja (*). A igreja não foi fiel quanto a ser guardiã das
ESCRITURAS e através de seus líderes modernos e despreparados, entregou-A aos
comerciantes, editoras e demais mercenários da Palavra que só se importam em
ganhar dinheiro com a Mesma. Por causa disso vicejam traduções da Mesma não
do``Textus Receptus´´ que foi o alicerce da reforma; mas Sim o `` texto
crítico´´ de Alexandria quer seja integral ou misturando-o com o ``Textus
Receptus´´ em maior ou menor porcentagem, dependendo apenas dos objetivos dos
tradutores (traidores) , ou editoras apóstatas onde as Sociedades Bíblicas se
vendem ao ecumenismo, e querem agradar gregos e troianos. Ao sabor dessa moda
vão quase todas as versões: Atualizada, Linguagem De
Hoje, NVI, Genebra, Bíblia Víva, Thompson, Século 21, etc.
Infelizmente até a poética Revista e Corrigida está contaminada por essa praga,
as únicas que ainda merecem confiança são as: Almeida Corrigida Fiel (ACF) da
Sociedade Bíblica Trinitariana,a Bíblia Apologética do ICP e a Bíblia De Estudo
Da Mulher da Editora Atos, e quem diz isso são pessoas esclarecidas e que amam
a Palavra De Deus (**).
A Falta
De Visão No Meio Pentecostal
Nos meios
pentecostais de onde eu sou oriundo, salvo Raríssimas exceções; impera a
superficialidade e a Subjetividade, pois interpretando erroneamente a Obra do
Espírito Santo, não se estuda seriamente a Bíblia, esperando que O Mesmo faça o
trabalho de Pregação e ensino, portanto a exegese é fraca e defeituosa pois o
texto é interpretado alegoricamente e misticamente ficando atrelado à
fertilidade da imaginação do pregador, que na falta de um bom preparo usa e
abusa de alegorias do misticismo e das mirabolantes demonstrações de poder
espiritual; onde pulos, gritos, choros e todo o tipo de manifestação teatral é
usada para preencher a falta de conteúdo e de unção verdadeiras. E quando digo
isto, digo por experiência própria, pois tenho acompanhado por longos anos. Eu
creio no poder de Deus e da Palavra, em gênero , número e grau, e sei o
potencial que existe na Mesma para salvar, libertar, curar e transformar, e
que, como o sol quando está na sua força nada se furta ao seu brilho e calor;
assim também a Palavra quando ungida opera poderosamente, sem precisar dessas
muletas estéticas. Por outro lado eu reconheço que cada pessoa tem o seu estilo
conforme o seu perfil psicológico, porém, tudo tem que ser com ordem e
decência, ademais independentemente disso, o conteúdo a interpretação e a
aplicação da Palavra são inegociáveis na pregação bíblica.
Os
Perdedores De Tudo Isso
Na falta
desses cuidados, o grande perdedor é o povo evangélico em geral; que não é
preparado para o Reino de Deus adequadamente, não podendo aplicar a sua
cidadania celeste de forma plena já aqui nessa terra, e, também perde a
capacidade de pensar com maturidade sobre o seu importante papel na sociedade terrena
dessa época, papel esse, que, é de importância fundamental para a transformação
do homem pecador em um súdito consciente do reino de Deus, e de influência
transformadora da sociedade humana em uma sociedade justa e temente a Deus.
A Firme
Convicção Do Meu Coração
Imbuído
por esta convicção eu tenho a certeza que, a única forma de começar uma mudança
nesta situação é proibindo todas as versões que não sejam do ``Textus
Receptus´´ , e que não sejam 100% do Mesmo nas igrejas, e que os pastores e
líderes evangélicos se tornem, e já não é sem tempo, em guardiães da Palavra
Escrita, pois senão os mesmos darão contas a Deus pelo seu desleixo, pois tendo
recebido a autoridade para isso, (se é que são verdadeiros pastores!!!), não a
usam e não movem um dedo sequer, enquanto os ímpios mutilam a Palavra De Deus,
causando incalculáveis prejuízos espirituais e eternos para o Reino de Deus e
para as almas humanas.Vou dar aqui apenas três exemplos de mutilação e o
Significado da gravidade das mesmas para a interpretação da Palavra; dentre
milhares que existem no texto crítico das bíblias modernas.
1)
Jo. 6.47
: tiram ``em mim´´ no final do versículo para agradar aos universalistas.( ¹ ).
2) Jo.
8.59: enfraquecem “ocultou-se” (EKCRUBÊ) , que Pode ser o milagre de ficar
invisível ao Inimigo para: “esconder-se” que pode Dar uma idéia cômica ou
covarde e além disso, extirpam o resto do verso ( ² ).
3)
Apoc.12.18: acrescentam
esse versículo 18 que não existe no “TEXTUS RECEPTUS” e ainda está
errado.(³)
OBS: Para
maiores esclarecimentos acessar:
“7
categorias de Bíblias em português”
“Porque
continuamos com as Almeidas tradicionais”
(¹),(²),(³) Bíblia NVI
Sociedade Bíblica Internacional
4ª edição- 2000
pag. 833, 836, e 964
Um
Exemplo Dessa Confusão
Outro
motivo pelo qual as Bíblias deveriam ser harmonizadas é que quando se faz uma
leitura
Responsiva
na igreja pelos seus membros torna-se uma coisa exdrúxula, uma verdadeira
Balburdia
pois cada membro tem uma versão diferente, mas deveria haver uma harmonia na
leitura para que; se por ventura estiver no local uma pessoa não evangélica ela
pudesse entender o texto, mas pelo que eu posso ver os líderes não estão
preocupados, em que a palavra seja inteligível, pois então tão bem acomodados
na subjetividade, que fazem as coisas mecanicamente e sem objetividade.
Como a
Igreja perdeu a propriedade da Bíblia Sagrada
Agora
darei um exemplo de como a Bíblia tornou-se propriedade dos ímpios (no caso em
questão a Bíblia NVI), que é uma das que mais vendem em nossa época.
Em 1809
foi fundada em Nova Iorque, “A New York Bible Society” que posteriormente em
1970, mudou de nome para “IBS - International Bible Society”. No início era
composta de crentes dedicados que distribuiam as Escrituras baseadas no único
texto digno de respeito naquela época: o TEXTO RECEBIDO (TEXTUS RECEPTUS), que
era a base para o Novo Testamento e o Texto Massorético de Bem Chayyin para o velho
textamento.
Os anos
se passaram e os ataques ao Texto Recebido aumentaram, ate que em 1881, surge
um texto grego falso produzido por dois heréticos incrédulos chamados “Westcott” e “Hort”. Em 1970, com o nome mudado para International Bible Society (IBS)
e em parceria com a “Wycliff Bible Translators”, começaram a trabalhar para a
consecução de uma nova versão, e em 1978 nasceu a NVI – New International
Version, baseada no texto crítico de Westcott e Hort que, difere em 9.970
palavras do Texto Recebido. No final da década de 80, a “IBS” entrou no Brasil
onde atende pelo nome de: Sociedade Bíblica Internacional. A SBI usa na NVI um
texto grego falso e corrompido que é uma estranha mistura de dois manuscritos
provenientes de Alexandria, Egito, note, que esta cidade era o berço do
gnosticismo, foi o lugar onde germinaram as mais perversas heresias da igreja
cristã. Durante os anos em que a NVI esteve sendo preparada (1968-1978), duas
pessoas da comissão eram homossexuais. Uma delas era Virgínia Mollenkot que
declarou, sem a menor cerimônia: meu lesbianismo sempre tem sido parte de
mim...
As
Bíblias Alexandrinas são de propriedade da “News Corps” (enquanto a Bíblia King
James é auto financiada). Por exemplo: o dono do copyright da NVI é Rupert
Murdoch, um jornalista do Chicago Tribune chegou a chamar Murdoch de “Príncipe
das Trevas”.
GLOSSÁRIO
1. O método Gramático Histórico; é o
nome que se dá ao sistema de interpretação oriundo da reforma (mas que os seus princípios
já existiam desde o primeiro século da igreja) cujo os proponentes se
caracterizam pelas seguintes atitudes (entre outras) para com a Bíblia.
A- Recebem-na como Palavra de Deus,
inspirada, autoritativa, infalível, suficiente e única regra de fé e pratica.
Assim, desejam submeter-se a ela, pois a consideram como estando acima de suas
confissões e tradições.
B- Entendem que ela como texto, tem
somente um sentido, que é aquele pretendido pelo autor humano inspirado, esse
sentido é geralmente o sentido natural e óbvio do texto, e para descobri-lo,
acreditam que ela é o seu melhor interprete, por conseguinte dedicam-se a
estudá-la, pois também reconhece que ela foi escrita por homens de cultura e
línguas diferentes, vivendo em momento histórico também diferente.
C- Professam que a mensagem central
das escrituras é clara a todos, e que seus pontos essenciais são
suficientemente revelados de forma que, pelo uso dos meios normais, qualquer
pessoa sob a iluminação do Espirito Santo pode ter conhecimento salvador
dessa mensagem.
D- Reconhecem que as diferenças
doutrinárias existem entre si próprios e são decorrentes, não de erros ou
contradições das escrituras, mas incapacidade deles, causada pelo pecado e
pelas limitações humanas, de compreender perfeitamente a revelação perfeita de
Deus.
E- Esforçam-se para continuamente
rever seus pressupostos teológicos e características denominacionais a luz das
escrituras. Entretanto, não rejeitam o legado hermenêutico das gerações
anteriores.
2. O Escolasticismo
Protestante refere-se ao desenvolvimento teológico pós reforma nas igrejas
reformadas e que se estendeu até o século XVIII. Seu trabalho foi fazer uma
obra de sistematização dentro das fronteiras criadas pelas grandes confissões
reformadas, ele é chamado de escolástico primeiramente por causa do método
teológico que ele usou na formulação de seus sistemas doutrinários. O
escolasticismo protestante do final do século de XVI e século XVII foi
auxiliado pelo aumento da abertura da teologia protestante para o uso da razão
e filosofia, especificamente para o Aristotelismo Revisado do final da
renascença.
3. A teologia liberal foi um
movimento teológico cuja a produção se deu entre o final do século XVIII e o
inicio do século XX. Relativizando a autoridade de Bíblia, o liberalismo
teológico estabeleceu uma mescla da doutrina Bíblica com a filosofia e as
ciências da religião. Ainda hoje um autor (teólogo) que não reconhece a
autoridade final da Bíblia, em termo de fé e doutrina, é denominado pelo
protestantismo ortodoxo de teólogo liberal.
4.
Agnóstico
é aquele que considera os fenômenos sobrenaturais inascessiveis a compreensão
humana. A palavra deriva do termo grego” agnostos” que significa
“desconhecido”. No sentido religioso, agnóstico é aquele que não acredita na
existência de Deus, porém não nega essa possibilidade; por se encontrar em um
patamar racionalmente inacessível, diferente do ateu que nega a existência de
Deus ou qualquer entidade superior.
5.
No Brasil
o termo mídia foi criado a partir do aportuguesamento do inglês “média”para
designar a função, o profissional, a área, o trabalho de média ou o ato de
planejar, desenvolver, pensar ou praticar mídia nas agencias de publucidade.
Nos artigos que escrevia para a “Folha de São Paulo” de Nova York,o jornalista
Paulo Francis, passou a escrever mídia ao se refereir a grande impremsa, e
depois passou a usar mídia para os meios de comunicação em geral. Não demorou
muito para que toda imprensa brasileira, tanto os jornalistas bem conceituados
como também apresentadores de auditórios e artistas, passassem a se referir aos
meios de comunicação como mídia, e com a popularização da informática hoje o
termo é também usado para designar os discos de cd e DVD.
6.
Blague
significa história engraçada imaginada para enganar, piada gracejo, mentira,
embuste para divertir.
7.
Tertuliano
foi um prolífico autor das primeiras fases do cristianismo. Nascido em Cartago,
na província Romana da Africa, ele foi um primeiro autor cristão a produzir uma obra
literária em latim, ele também foi um notável apologista cristão e um polemista
contra a heresia, é considerado um dos Pais da Igreja.
8.
Germinam,
desenvolve-se com força, manifestam-se copiosamente.
9.
Textus
Receptus é um conjunto de manuscritos de origem bizantina (antioquia), que
vieram juntamente com eruditos do oriente, quando de sua fuga para o ocidente
devido a invasão militar islâmica de Bizancio sendo que cada um desses
manuscritos continha uma parte ou todo o novo testamento, sendo eles na quase
totalidade de versos concordantes entre si, tendo sido intensamente utilizados
por intelectuais e pelas igrejas até aquele momento.esse conjunto de
manuscritos formou a base para o que depois veio a ser conhecido como
“Textus Receptus”, o mesmo foi utilizado para a criação de varias outras
traduções da Bíblia, para varias outras línguas; como a Bíblia de Lutero
em1552, a de Tyndale 1526, a do Rei James em 1611 e também para a tradução de
João Ferreira de Almeida para o português em 1681. É importante nesse
ponto de notarmos que o Textus Receptus diretamente ou através de uma das suas
traduções, foi aceito pelas igrejas protestantes após a reforma, e que esta
posição se manteve intocável, no Brasil, até meados do século XX.
10.
Durante
os séculos XIX e XX apareceu uma outra base para o novo testamento no grego
que é usada para a maioria das traduções do Novo Testamento. Este, o Texto
Crítico, difere largamente do texto tradicional, pois omite muitas palavras,
versículos e passagens contidas no Textus Receptus e traduções saídas dele. As
versões modernas baseiam-se no Novo Testamento que vem de um pequeno grupo de
manuscritos gregos do século IV em diante. Dois desses manuscritos,
reconhecidos superiores ao Bizantino, por muitos eruditos modernos são: o
Manuscrito Sinaíticus e o Vaticanus, estes originam-se de um tipo de texto
conhecido como texto Alexandrino, pois vem do Egito. Este texto, foi nomeado pelo
críticos textuais, Westcott e Hort como texto neutro. Esses dois manuscritos
formam a base do Novo Testamento grego, chamado de Texto Crítico.
11.
A
Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil tem como atividade: traduzir, publicar
e distribuir Biblias no Brasil e em todo mundo. Foi fundada em 1968 e
relaciona-se com a Britânica (Trinitarian Bible Society), que existe desde
1831.tendo assumida a responsabilidade da distribuição da Bíblia em português
sempre com o cuidado de que seja a versão mais fiel possível ao texto
original “Massorético” no Velho Testamento e “Textus Receptus” no Novo
Testamento sendo estes dois textos os mais usados pelos reformadores a partir do
século XVI, período em que surgiram as Bíblias identificadas como do povo realmente
evangélico.
12.
ICP é
Instituto Cristão de Pesquisas
13.
Subjetividade
é o mundo interno de todo e qualquer ser humano. Este mundo interno é composto
por emoções, sentimentos e pensamentos. Na teoria do conhecimento, a subjetividade
é o conjunto de idéias, significados e emoções, que por serem baseados no ponto
de vista do sujeito, são influenciados por seus interesses e desejos
particulares.
14.
Exegese é
a interpretação profunda de um texto Bíblico, jurídico ou literário. A exegese
como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas.a tarefa de exegese dos
textos sagrados tem uma prioridade e anterioridade em relação aos outros
textos, isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas
na tarefa de interpretar e dar o seu significado.
15.
Alegoria
é a expressão de uma idéia através de uma imagem, um quadro, um ser vivo e etc.
é uma representação que transmite outro significado em adição ao significado
literal de um texto. Em outras palavras, empregamos a alegoria quando queremos
falar indiretamente de algo, usando outra idéia, normalmente por meio de uma
ligação de moral.
16.
Misticismo
do grego “mystikos”, é um iniciado em uma religião de mistérios, e a busca da
comunhão com a derradeira realidade, divindade, verdade espiritual ou Deus,
através da experiência direta ou intuitiva. O misticismo se define como um tipo
de religião que enfatiza a atenção imediata da relação direta e íntima com
Deus, ou com a espiritualidade ou com a consciência da divina presença.
17.
Cidadania
do latim “civitas”, cidade, é o conjunto de direitos e deveres ao qual o
indivíduo esta sujeito em relação a sociedade que vive.
18.
Imbuir, é
embeber, impregnar, encher, embutir, persuadir e convencer-se.
19.
Exdrúxulo
é algo fora do comum, estranho, esquisito, excêntrico.
20.
Balburdia
é uma confusão muito barulhenta, algazarra, circunstância tumultuada,
pandemônio.
21.
Em torno
do século VI, um grupo de competentes escribas judeus teve por missão reunir os
textos considerados inspirados por Deus, utilizados pela comunidade Hebraica
em um único escrito. Esse grupo recebeu o nome de “Escola de Massorá”. Os
massoretas escreveram a Bíblia de Massorá, examinando e comparando todos os
manuscritos bíblicos conhecidos da época. O resultado desse trabalho ficou
conhecido posteriormente como o “Texto Massorético”. Escrito em hebraico
antigo, com letra quadrada, os massoretas levantaram a pronúncia tradicional do
texto de consoantes (o hebraico não tinha vogais), graças a um sistema de
pontuação inventados para atender a situação vocálica. Com isso eles
padronizaram uma pronúncia das palavras do texto, tornando-o igual para qualquer
pessoa que o lesse após a época que iniciou-se a compilação. Nessa época o
hebraico já não era um idioma popular e havia principalmente por parte da
comunidade hebraica muita dificuldade de pronunciá-lo corretamente, conforme
pronúncia original. Os massoretas são considerados os Pais da gramática da
língua hebraica atual. O termo “Massorá”, provem da língua hebraica que
significa “tradição”. Portanto, massoreta era alguém que tinha por missão a
guarda e a preservação da tradição.
22.
Sendo 39
livros o do canon judaico do Velho Testamento (o mesmo que hoje é chamado de
Texto Massorético de Ben Chayyin), a coleção das exatas palavras do Velho
Testamento em hebraico e aramaico, durante séculos copiados a Mão pelos
cuidadosos massoretas, foi editado por Jacób Ben Chayyin finalmente depois da
invenção da imprensa. Impresso e publicado por Daniel Bomberg em Veneza em 1524
e 1525 como a segunda grande Bíblia rabínica.
23.
Defini-se
o processo de tradução por equivalência formal como sendo o processo pelo qual
se traduz palavra a palavra o mais fiel possível o texto em questão, mas
temos que entender que este processo não é um processo mecânico; pois, vários
fatores influenciam neste processo.
24.
Best
Seller ou Bestseller em inglês significa o mais vendido, literatura de massa.
25.
Copyright em inglês significa: direito autoral,
direitos autorais ou direito de autor
Bibliografia
(*) Uma História Ilustrada Do Cristianismo
10 volumes- volume 01- A Era Dos Mártires:pag. 121-128
1ª edição 1980 Justo L. Gonzales
Edições Vida Nova
(**)http://solascriptura.org/bibliologiatraducões/
``7 categorias de Biblias em portugues´´
``porque continuamos com as Almeidas em tradicionais´´
Com amor em Jesus Cristo, Nosso Senhor
veredarius
Eu ,sou um estudioso das escritura, tenho por finalidade de ler.estudar ,observar,pesquisar,analisar,baseando em fatos ,a bíblia em seu conteúdo total, assim tendo tal poder em mãos,percebo que muitas versão das escritura esta trazendo prejuízo para a igreja,eu sou contra sim por versão que esta fugindo das escrita original,facilitando abertura do pecado dentro da igreja,pastores tendo medo de ser servo de Deus,estão passando sendo servos do Homem ,senhor doutores teológico como vocês ,irão comparecer diante de Deus,ou sua fé ja esfriou !!!
ResponderExcluirPrezado irmão Cléber, é sempre um prazer responder para as pessoas que tem interesse em conhecer a Palavra de Deus, pois o conhecimento é uma das chaves da sabedoria.
ExcluirDeus o abençoe.