A interpretação bíblica na área da
escatologia, é uma das mais complexas, pois existem muitas formas de se
entender esse assunto. Durante a minha vida toda, eu procurei encontrar dentro de uma dessas interpretações,
uma que me trouxesse uma maior proximidade com a realidade verdadeira, e pude
verificar estudando as diversas escolas de interpretação que todas elas tem
pontos que são verdadeiros dogmas, e que não admitem contestações. Todas essas
formas de interpretações, tem pontos fortes e pontos fracos, não existe uma
única que possamos honestamente dizer que seja a dona da verdade total sobre
tão misterioso assunto.
Porém
chega um momento da vida em que nós temos que fazer uma escolha pessoal para
que tenhamos um ponto de partida em todos esses assuntos bíblicos. E após
examinar vários aspectos de interpretações sobre a segunda vinda de Nosso
Senhor Jesus Cristo, no meu ponto de vista, a que mais se adéqua ao ensinamento bíblico
geral é a que nos mostra que esta segunda vinda se dará em duas etapas, e que
eu, sintetizei no décimo-oitavo artigo de fé do Veredarius: “Eu
creio na segunda vinda pré-milenial de Cristo, em duas fases distintas:
1ª)
Invisível para o mundo, com a finalidade de arrebatar a Sua igreja fiel da
terra antes da grande tribulação.
2ª) Visível e corporal com a Sua igreja
glorificada, para Reinar sobre o mundo durante mil anos. (I Tess. 4. 16-17, I
Cor. 15.51-54, Apoc. 20.4, Zac. 14.5, e Jud. 14.)”; e tomando como ponto de
partida esses princípios será que existe alguma evidência bíblica de que haverá
um arrebatamento invisível da igreja?
1)
A primeira evidência está na própria palavra usada na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses:
“Dizemo-vos, pois, isso pela palavra do Senhor: que nós os que ficarmos vivos
para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor
descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo , e com a trombeta de Deus; e
os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados juntamente com eles
nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor.” I Tess. 4: 15-17. A palavra “arrebatados”
no grego é: harpadzô que é um derivado
de: haireomai, que é agarrar com várias implicações: capturar, alcançar,
arrancar, puxar, tomar à força. É também um verbo que significa: Agarrar,
espoliar, apanhar.
(I)
Referindo-se a animais de rapina (Jo 10.12; Gn 37.33; Ez 22. 25,27). Utilizado de forma metafórica: agarrar
com avidez ou ganância (Mt 11.12, cf. Lc 16.16).
(II)
Referindo-se àquilo que é apanhado de forma súbita (Mt 13.19; Jd
23), no sentido de roubar, saquear (Jo 10.28-29).
(III)
Tomar para si, fugir com pressa; referindo-se a pessoas (Jo 6.15;
At 8.39; 23.30; II Co 12.2,4; I Ts 4.17; Ap 12.5).
(Bíblia Palavras Chave – Editora CPAD- 2011- Pág. 2093)
2)
O outro ponto interessante é que o texto nos diz: “a encontrar o
Senhor nos ares”; a primeira coisa que percebemos é que o Senhor ficará nas
nuvens ou seja, “ares”, onde a igreja O encontrará, Ele não descerá a essa
terra. Já no profeta Zacarias no capítulo 14 e verso 4, onde se diz que na Sua
volta o Senhor Jesus, descerá à terra e os Seus pés estarão sobre o Monte das
Oliveiras, e os seus santos virão com Ele, em meio à uma grande convulsão
cósmica, que se supõe, seja o fim da Grande Tribulação, o que eu acredito que
seja uma interpretação correta. E a única forma de harmonizar estes fatos, é se
nós considerarmos que a Bíblia está
falando do mesmo acontecimento, porém em duas fases distintas, ou seja o
arrebatamento da igreja, antes do início da grande tribulação, e o seu retorno
em grande glória, visível a todas as tribos da terra, com os seus santos no fim
da grande tribulação.
3)
Um outro aspecto importante, é o que o apóstolo escreveu na sua
primeira carta aos Coríntios no capítulo 15 e no versos 51 e 52: “Eis aqui vos
digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados. Num momento, num abrir e fechar
de olhos, ante a última trombeta; porque
a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados.”
I)
Mistério: Objeto de fé ou dogma religioso que é impenetrável à razão
humana; tudo aquilo que a inteligência humana é incapaz de explicar ou
compreender, enigma; coisa ou elemento oculto, obscuro ou desconcertante,
segredo.
II)
Dormiremos: Eufemismo para a palavra morte.
III)
Seremos transformados: É a revelação que os mortos ressuscitarão e
terão os seus corpos materiais transformados em corpos espirituais glorificados,
e os vivos da mesma forma, terão seus corpos materiais transformados em corpos
espirituais glorificados sem passar pela morte física.
IV)
Num abrir e fechar de olhos: A
circunstância de tempo em que isso acontecerá, ou seja, isso acontecerá em uma fração
micrométrica de tempo. Muito rápido, súbito, subtaneidade.
V)
A última trombeta: O que significa a Última trombeta, e em que
cenário ela está inserida? O mistério ensinado por Paulo é a glorificação
corpórea subsequente a primeira ressurreição, que será efetivada de uma forma
extremamente rápida (Num abrir e fechar de olhos). Esse termo última trombeta,
só é mencionado uma vez na Bíblia, que é em I Coríntios 15.52. Alguns ensinam
que a última trombeta citada por Paulo, se refere a sétima trombeta do
Apocalipse. (Apoc. 11.15-19). Esta interpretação é muito complicada porque na
época em que Paulo escreveu esta carta, por volta do ano 55 DC, e o Apocalipse ainda não tinha sido escrito,
pois isso só aconteceu por volta do ano 90 DC.
Essa interpretação coloca o arrebatamento no meio da grande
tribulação, ou seja a associação da última trombeta de I Coríntios 15.52, com a
sétima trombeta de Apocalipse 11. 15-19. São dois conceitos totalmente
diferentes, a sétima trombeta do Apocalipse faz parte de um grupo de sete e tem
em seu contexto uma série de acontecimentos apocalípticos. Já a última trombeta
é uma trombeta que soará em um momento específico, com uma finalidade
específica. Há ainda outro ensinamento que se baseia ainda que de uma forma
equivocada nos ensinamentos de Cristo, que estão ilustrados em Mateus 24.
29-31. “E, logo depois da aflição
daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas
cairão do céu, e as potências do céu serão abaladas. Então aparecerá no céu o
sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o
Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E Ele
enviará os Seus anjos com rijo clamor de trombeta,
os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus.”
Então segundo esse ensinamento; esse “rijo clamor de trombeta”,
dessa passagem é interpretado como a última trombeta da Primeira carta aos
Coríntios 15.52. De modos que segundo essa interpretação não existe
arrebatamento, mas apenas a segunda vinda visível e imediatamente após a grande
tribulação. Particularmente eu acho que este ajuntamento dos escolhidos tem a
ver com o que está escrito no capítulo 24 de Mateus e os versos 31-46, “E quando o Filho do homem vier na Sua
glória, e todos os santos anjos com Ele, então se assentará no trono da Sua
glória. E todas as nações serão reunidas diante dele, e
apartará uns dos outros, como o pastor aparta
dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à
esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde benditos do
meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do
mundo. Porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e deste-me de beber;
era estrangeiro, e hospedastes-me. Estava nu, e vestiste-me, adoeci, e
visitaste-me; estava na prisão e fostes ver-me. Então os justos lhe
responderão, dizendo: Senhor quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou
com sede , e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos?
Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei lhes dirá: Em verdade vos digo que, que quando o fizestes
a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua
esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer, tive sede e não
me destes de beber. Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu não me
vestistes, e enfermo, e na prisão , não me visitastes. Então eles também lhe
responderão dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou
estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes
responderá dizendo: Em verdade vos digo que, quando à um destes pequeninos o
não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os
justos para a vida eterna.” . Eu acredito que na segunda vinda visível de
Cristo no fim da grande tribulação, quando Ele voltar em grande glória, e
debelar a grande revolta do Armagedom. A
batalha do Armagedom é a guerra final entre Deus e os governos humanos, nesta
época, encabeçados pelo Anticristo, Salmo 2. 1-3, A batalha do Armagedom
acabará de vez com todos os governos humanos, Daniel 2.44, a palavra Armagedom
aparece apenas uma vez na Bíblia, em Apocalipse 16.16. De uma forma profética o
Apocalipse revela que um lugar que em hebraico se chama: “Har-magedon”, os reis
de toda terra habitada, serão ajuntados para a guerra do grande dia de Deus, o
Todo-Poderoso. (Apocalipse 16.14). Jesus Cristo liderando um exército celestial
na Sua segunda vinda, logo no fim da grande tribulação, lutará contra todos os
inimigos de Deus, liderados pelo Anticristo, e os vencerá. (Apocalipse 19.
11-21). No sentido profético e escatológico o Armagedom é uma situação mundial
em que os poderes políticos da terra se unirão pela última vez em oposição ao
governo Divino.
A profecia do Armagedom não
é uma alegoria literária, nem uma lenda ou um mito, mas será um evento real de
proporções épicas e trágicas para todos aqueles que desafiarem o Todo-Poderoso.
Será uma reunião de forças militares reais no Oriente Médio, numa das terras
mais disputadas de todos os tempos – Uma terra que nunca conheceu a paz
duradoura. Será também uma batalha espiritual entre as forças do bem, com Jesus
Cristo à frente em poder e grande glória, e as forças do mal sendo lideradas
pelo Anticristo. Agora desde o início desses acontecimentos, cujo gatilho foi o
arrebatamento da igreja, diz uma profecia que está escrita em Zacarias 13. 8: “E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor,
que duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte
restará nela. E farei passar essa terceira parte pelo fogo, e a purificarei,
como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome e eu a ouvirei; direi: É
meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus.” Esta terceira parte que
sobreviverá a todo o caos desse período é que será ajuntada diante do grande
Rei Jesus Cristo, “ Com rijo clamor de trombeta”, no fim dos tempos, como está
descrito em (Mateus 24. 31-46). E embora essa profecia seja principalmente para
os judeus, muitos intérpretes consideram que essa proporção de sobreviventes
seja também de toda a terra gentílica e não
somente de toda terra judaica, como alguns mais
radicais consideram.
Dessa forma todos os
sobreviventes da grande tribulação, serão divididos em dois grupos: Os da
direita; as ovelhas, são os que os que forem achados dignos de participarem do
Reino Milenial, serão participantes desse Reino, e irão repovoar a terra, tanto
judeus como gentios “E acontecerá que,
todos os que restarem de todas as nações que vieram
contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor
dos Exércitos, e celebrarem a festa das cabanas. E acontecerá que se alguma das
famílias da terra não subir à Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos
Exércitos, não virá sobre ela a chuva. E, se a família dos egípcios não subir,
nem vier, virá sobre eles a praga com que o Senhor ferirá as nações que não
subirem a celebrar a festa das cabanas. Este será o castigo dos egípcios e o
castigo de todas as nações que não subirem a celebrar a festa das cabanas.
Naquele dia se gravará nas campainhas dos cavalos: SANTIDADE AO SENHOR; e as
panelas na casa do Senhor, serão como bacias diante do altar. E todas as
panelas em Jerusalém e Judá serão consagradas ao Senhor dos Exércitos, e todos
os que sacrificarem virão, e delas tomarão, e nelas cozerão. E não haverá mais cananeu na casa do Senhor dos Exércitos
naquele dia.” (Zac. 14. 16-22). Agora quanto ao grupo da esquerda “os
bodes”, estes não serão achados dignos de entrar no milênio, serão mortos e
aguardarão a última ressurreição para a condenação. O critério para essa
escolha se encontra principalmente em (Mateus 24. 31-46).
Existe também uma interpretação que nos remete ao livro de
Números: “Falou mais o Senhor a Moisés,
dizendo: Faze duas trombetas de prata; de obra batida as farás, e te serão para
a convocação da congregação, e para a partida dos arraiais. E quando as tocarem
ambas, então toda a congregação se congregará a ti à porta da tenda da
congregação. Mas quando tocar uma só, a ti se congregarão os príncipes, os
cabeças dos milhares de Israel. Quando, retinindo, as tocardes, então partirão
os arraiais que alojados estão da banda do Oriente. Mas quando a segunda vez,
retinindo as tocardes, então partirão os arraiais que se alojam da banda do
Sul; retinindo, as tocarão para as suas partidas. Porém ajuntando a congregação, as tocareis, mas sem retinir.”(
Núm. 10. 1-7). Então nós podemos ver aqui, quatro tipos de chamada:
1ª) Ambas as trombetas tocando: O povo deveria se congregar a
porta da tenda da congregação, para encontrarem-se com Moisés.
2ª) Uma só trombeta tocando, somente os príncipes e maiorais do
povo deveriam se congregar na porta da tenda da congregação para se encontrarem
com Moisés.
3ª) Ambas as trombetas tocando e retinindo: Era a partida dos
arraiais que estavam alojados da banda do Oriente.
4ª) ambas as trombetas, tocando e retinindo pela segunda vez: Era
a partida dos arraiais que estavam alojados da banda do Sul.
Esse primeiro toque, podemos considerar, como uma convocação
geral de todas as tribos da terra, para
uma reunião na porta da tenda da congregação: “ Vinde a mim todos vós que
estais cansados e oprimidos que eu vos aliviarei” (Mateus 11. 28). “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer
e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16.
15-16). Isto acontece através da proclamação do evangelho, ou seja, esta
proclamação “Chama para fora do sistema mundial” (Eclésia), os que creem para
se congregarem na presença de Cristo, do qual Moisés era um tipo, isto então
seria um tipo da igreja.
O segundo toque seria apenas com uma trombeta e somente os
príncipes, e os maiorais se reuniriam a porta da tenda da congregação, para
encontrarem-se com Moisés, e isto tem a ver com a chamada ministerial, “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a
edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de
Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” (Efésios
4. 11-13). “Esta é uma palavra fiel; se
alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.”(I Tim. 3. 1). “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom
ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que
tens seguido.” (I Tim. 4. 6).
Os outros dois toques tem a ver com a partida do povo, em duas
etapas :
O terceiro toque seria com as duas trombetas retinindo, isto
significava que os arraiais que estavam alojados da banda do oriente partiriam.
No mundo antigo o ponto cardeal de orientação era o leste (oriente), que estava
à frente deles, o oeste ficava atrás, o sul à direita e o norte à esquerda. A
importância do leste como ponto principal de orientação pode estar relacionado
ao nascer do sol e a sua importância na religião dos povos da antiguidade do
oriente. Na Bíblia o seu simbolismo aparece pela primeira vez em Gênesis. O
jardim do Éden estava localizado no leste (Gen. 2.8), e a sua entrada estava
também do lado leste Gen. 3.4. Após
pecarem, Adão e Eva deixaram o jardim e seguiram para o leste (Gen. 3.24). Este
movimento em direção ao leste com Cão, o filho mais velho, e culmina com o
movimento da raça humana em direção ao leste (Gen. 11. 2). Nesse contexto o
leste era simbolicamente ambivalente. O jardim ali colocado significava a
proteção e a segurança, e após o pecado, o leste se tornou a direção do exílio,
e esta direção representava a alienação de Deus.
Esta alienação culminou com a escravidão no Egito, onde o povo
sofreu de uma forma intensa e terrível. Porém Deus os achou ali e os libertou,
e a partir daí, a sua marcha para o leste foi em direção da terra que mana
leite e mel. Para o profeta o Leste significava o exílio na Babilônia e a
presença salvadora de Deus. Ele finalmente viajou para a Babilônia e redimiu o
Seu povo (Ezequiel 10: 18-19 e 11:
22-23). O Leste tornou-se o lugar onde Deus agiu em favor do Seu povo, levando
a salvação (Apocalipse 16: 12). Então nessa caminhada o terceiro toque das
trombetas era para os arraiais do lado leste caminharem para o leste, em
direção da terra prometida, neste sentido a igreja espera o toque da última
trombeta que esta figurativamente tipificado nessa circunstância. A igreja está
simbolizada nos arraiais do leste, pois foi liberta por Deus na Pessoa bendita
de Jesus, e está caminhando para a terra prometida, “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim eu vo-lo teria
dito; vou preparar-vos lugar. E se eu for, e vos preparar, virei outra vez, e
vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (João
14. 2-3). Quando será isso? “Eis aqui vos
digo um mistério; Na verdade nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós seremos transformados.” (I Cor. 15. 51-52). E também: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em
Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor.” (I Tess. 4. 16-17). Notemos que a
partida dos arraiais era feita em dois grupos e os dois grupos tinham toque de
trombeta. Depois que o primeiro partia era a vez do segundo, cada um por sua
ordem.
O quarto toque seria também com duas trombetas retinindo isto
significava que os arraiais que estavam alojados da banda do sul partiriam. O
Sul é primariamente um símbolo negativo, mas o fato de ser representado pela
mão direita o torna positivo também. É negativo porque ao sul de Israel, estava
o deserto do Neguev, região onde a vida não prospera (Isaías 42: 15). Mas Deus
os guiava pelo deserto em direção a terra prometida (Isaías 48: 21).
Profeticamente isto nos mostra que Deus os guiará no pior deserto da sua
existência que será a Grande Tribulação, a qual acontecerá após a partida da
igreja, pelo arrebatamento. Então quando no fim da mesma (Grande Tribulação),
com o Seu retorno glorioso em que todo o olho o verá (Mateus 24: 27), Ele virá
e colocará os Seus pés sobre o Monte das Oliveiras (Zacarias 14: 4), nessa
ocasião o Monte das Oliveiras será fendido pelo meio e os judeus fugirão para
dentro dessa fenda, então em cima na terra o Senhor pelejará contra os
exércitos do Anticristo e os aniquilará (Zacarias 14: 12; IITessalonicenses 2: 8-9; Apocalipse 19: 21).
Depois disso, Deus enviará os Seus anjos, com rijo clamor de trombeta, para
ajuntar os Seus escolhidos (judeus e gentios), de toda a terra, que houverem sobrevivido
a todos os cataclismos da Grande Tribulação, e os congregará em dois grandes
grupos, um à direita e outro à esquerda, como está escrito em (Mateus 24:
31-46), onde o grupo da direita as ovelhas entrarão para participar do Reino
Milenial. Sendo que o grupo da esquerda, não aprovado, ou seja não serão
achados dignos de participar do Reino Milenial, serão destruídos por Deus.
Além disso existem evidências bíblicas tipológicas, que são muito
esclarecedoras e interessantes, por exemplo:
1) Temos a
figura de Enoque, que segundo a Bíblia, alcançou um testemunho tão grande de
ter agradado a Deus, que Deus o levou para Si (Gênesis 5: 24, e Hebreus 11. 5),
estes versículos nos dão a entender que quando ele foi tomado , não foi visto
por ninguém, e se por acaso foi; A Bíblia não o diz. Este é o motivo pelo qual,
a transladação de Enoque é associada com o arrebatamento da igreja. Se esta
interpretação for correta, então o arrebatamento seria semelhante. Este
pensamento não é um dogma, mas uma analogia intuitiva. Um outro aspecto derivado desse mesmo fato, é o caso da
interpretação pré-tribulacionista, de que a igreja não passará pela grande
tribulação, pois só após a tomada de Enoque é que veio o dilúvio. É claro que
não podemos fazer disso uma interpretação literal, porém uma interpretação em
linhas gerais, pois o dilúvio veio 669 anos depois do translado de Enoque,
porém como os homens daquela época viviam em média 900 anos, e sob este ponto
de vista, poderíamos considerar esse aspecto sem grandes problemas; o que para
a média de vida atual seria um exagero. Outro aspecto interessante é que Enoque
é um indivíduo, e a igreja é chamada ou tipificada como “A noiva do Cordeiro”,
ou seja uma pessoa , ainda que seja uma quantidade incontável de pessoas, ainda
assim, a sua tipologia é de uma pessoa.
Por outro lado, Noé que
recebeu o impacto do dilúvio,estava coma sua família, o que é muito
significativo, porque Israel é chamado por Deus de “Meu Povo”, e por outro
lado, Israel (como nação), passará por um negro período, chamado de “Angustia
de Jacó” ou “ A Septuagésima semana de Daniel”, porém se a angústia é muito
grande,ainda assim estará sobre o controle do Altíssimo, com um propósito
definido. Assim como Noé foi guardado com a sua família naquele grande
cataclismo, da mesma forma Israel será guardado pelo Senhor em todo esse
terrível evento.
Outro ponto interessantíssimo é que Noé nasceu exatamente 69 anos
após o arrebatamento de Enoque. Tudo isso é uma analogia intuitiva, baseada em
uma lógica interpretativa, porém não é nem pode ser dogmático.
2) Temos também
a figura do próprio Cristo, quando da sua primeira vinda Ele se manifestou
primeiramente aos que o esperavam (Lucas 2:25-38), e só depois Ele apareceu
publicamente na Galiléia e em Nazaré (Lucas 4: 14-32; João 1: 31). Outro fato interessante
é que o Antigo Testamento predizia a vinda de Cristo, porém alguns versículos
anunciavam os Seus sofrimentos (Salmos 62 e 69), enquanto outros falavam da Sua
glória (Salmos 2 e 72). Os profetas não compreendiam como ambos poderiam ser
verdadeiros (I Pedro 1: 10-12).Referindo-se a primeira vinda o profeta Miquéias
disse que Cristo sairia de Belém (Miquéias 5: 2), Enquanto Zacarias disse que
Ele viria à Jerusalém, montado em um jumento (Zacarias 9: 9), por que caminho
ou por que terra veio Ele realmente? Por ambos. Como menino Ele veio a este
mundo nascendo em Belém de Judá (Mateus 2: 1), trinta e três anos mais tarde
Ele se apresentou oficialmente como Rei, entrando triunfalmente em Jerusalém
(Mateus 21: 1-11).
Outro aspecto interessante é que quando Ele ressuscitou,
ninguém mais O viu, a não ser os Seus próprios discípulos. Para os demais Ele
era completamente invisível, ainda que para os discípulos Ele era bem real;
Tomé,por exemplo, colocou os dedos nas Suas feridas. Quando finalmente Ele foi
assunto aos céus; nenhum incrédulo presenciou, mas somente os Seus discípulos,
e enquanto os mesmos olhavam para cima, dois anjos se colocaram ao lado deles,
e lhes disseram: “Que da mesma forma que Ele havia subido, haveria de voltar”
(Atos 1: 9-11). Se as palavras significam o que elas estão dizendo, então isto
significa que Ele voltará da mesma forma em que os discípulos o viram subir, ou
seja,completamente invisível para o mundo. Todavia isto não é dogmático mas uma
analogia intuitiva.
Prezados irmãos e amigos do Veredarius, a
escatologia é uma das matérias mais complexas da teologia,por isso precisamos
estudar muito e nos aplicarmos com disciplina. Existem muitas escolas de
interpretação e também muitas pessoas que dizem não se importar com nenhuma
interpretação , a não ser a Bíblia, porém todos os mesmos demonstram um
radicalismo extremo, o que é muito prejudicial. Devemos ter em mente que muitas
vezes temos parte da verdade, mas não toda a verdade, em termos de
interpretação, por isso temos que ser humildes e analisarmos o que os outros
dizem sobre determinados assuntos e tirarmos as nossas próprias conclusões.
Espero ter contribuído com este pequeno trabalho . Que Deus em Cristo vos
abençoe.
Veredarius
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