“Justiça
e juízo são a base do Teu trono; misericórdia e verdade, vão adiante do Teu
rosto.” Salmo 89: 14
“Nuvens
e obscuridade estão ao redor dEle; justiça e juízo são a base do Seu
trono.” Salmo 97: 2
A Origem Moderna Do Movimento Pentecostal
O movimento pentecostal de hoje tem os vestígios da sua origem, em uma reunião de
oração no Colégio Bíblico Betel em Topeka, Kansas, em 01 de janeiro de 1901.
Ali, muitos chegaram a conclusão de que falar em línguas era o sinal bíblico do
Batismo com o Espírito Santo. Charles Parham foi o fundador dessa escola, que
mais tarde iria para Houston, Texas. Um dos alunos dessa escola foi William J.
Seymour
nascido em 1870, filho de ex-escravos, católicos, converteu-se na igreja Metodista durante a sua adolescência.Logo entretanto, ele se uniu ao movimento da Igreja de Deus Reformada em Anderson, Indiana. Naquele tempo o grupo era chamado de: “Os Santos da Luz do Alvorecer”. Enquanto estava com aquele grupo de santidade, ele foi separado para ser um pregador. Em Cincinnati, Ohio, depois de um surto quase fatal de varíola, rendeu-se a chamada ministerial. A varíola o deixou cego de um olho, e com marcas na face, e, pelo resto da vida ele usou barba para esconder aquelas marcas. Em 1895, com 25 anos, mudou-se para Indianápolis onde inicialmente exercia a função de garçom e posteriormente de representante comercial.
Em Indianápolis frequentava a Igreja Metodista Episcopal, uma igreja predominantemente negra. Em 1905, mudou-se para Houston, onde passou a frequentar a recém-formada escola bíblica de Charles Fox Parham em uma cadeira colocada no corredor, por causa das leis de segregação racial (As Leis Jim Crow, foram leis estaduais e locais decretadas nos estados sulistas e limítrofes nos Estados Unidos da América, em vigor entre 1876 e 1965, e que afetaram os afro-americanos, asiáticos e outras raças. A “época Jim Crow” ou a “era de Jim Crow” se refere ao tempo em que esta prática ocorria. As leis mais importantes exigiam que as escolas públicas e a maioria dos locais públicos (incluindo trens e ônibus) tivessem instalações separadas para brancos e negros. Estas Leis de Jim Crow foram distintas dos “Black Codes (1800-1866), que restringiam as liberdades e os direitos civis dos afro-americanos. A segregação escolar patrocinada pelo estado, foi declarada inconstitucional pela Suprema Corte em 1954, no caso: Brown v. Board of Education. Todas as outras leis de Jim Crow foram revogadas pelo “Civil Acts de 1964”. O humilde servo de Deus suportou a injustiça com graça. Seymour foi um homem com aguçado intelecto.
Em poucas semanas ele se tornou bastante familiarizado com essa doutrina. Foi aí que aprendeu as doutrinas do movimento Holiness e desenvolveu a crença em glossolalia (mais conhecida como dom de línguas) como prova do batismo com o Espírito Santo. Durante esta época Seymour era pastor interino de uma pequena igreja de santidade no Texas. Neely Terry, uma mulher afro-americana que participou de uma pequena igreja liderada por Julia Hutchins em Los Angeles, fez uma viajem para visitar alguns familiares em Houston ao final de 1905, e estando em Houston, ela visitou a igreja de Seymour, onde ele pregou que a evidência do batismo no Espírito Santo era o falar em línguas, embora ele mesmo, não houvesse recebido o batismo no Espírito Santo, Terry ficou impressionada com o seu caráter e mensagem. De volta em sua casa na Califórnia, Terry sugeriu que Seymour fosse convidado para falar na igreja local. Seymour recebeu e aceitou o convite em fevereiro de 1906, ele recebeu ajuda financeira e a benção de Parham, em uma visita prevista para um mês. Seymour chegou a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906, e por dois dias pregou na igreja de Julia Hutchins na esquina da rua Nona com Avenida Santa Fé, durante seu primeiro sermão ele pregou que a evidência do batismo no Espírito Santo, era o falar em línguas estranhas. No domingo seguinte, 4 de março, ele voltou a igreja e soube que Hutchins fechara a porta com cadeado.
Os anciões não aceitaram o ensinamento de Seymour, principalmente porque ele não havia experimentado o que estava pregando. A condenação de sua mensagem também veio da Associação da Igreja de Santidade do Sul da Califórnia, com a qual a igreja de Hutchins estava filiada. Nesta época as igrejas de Holiness (“Santidade”), descendentes da Igreja Metodista, ensinavam que o Batismo com o Espírito Santo, a chamada “segunda benção”, significava uma santificação, e não uma experiência de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do Batismo no Espírito Santo. A mensagem de Parham, porém, foi que o Batismo no Espírito Santo deve ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas estranhas como evidência inicial do mesmo, Seymour logo foi excluído daquela congregação. Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro, nem passagem para voltar para Houston, Seymour foi hospedado por Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde, por Richard Asbery. Seymour ficou em oração, aumentando o seu tempo diário de oração para sete horas por dia, pedindo a Deus que lhe desse: “Aquilo que Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram.” Uma reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número 214. O grupo levantou uma oferta para poder trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour, que tinha recebido o Batismo no Espírito Santo, na cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou por Edward Lee que caiu no chão e começou a falar em línguas estranhas.
Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo caiu na reunião de oração na rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começaram a falar em línguas. Jennie Moore, que mais tarde se casou com Seymour, começou a cantar e a tocar piano, apesar de nunca ter aprendido a tocar o mesmo. A partir dessa noite a casa na Rua Bonnie Brae ficou lotada com pessoas buscando o Batismo no Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio Seymour recebeu o Batismo e o dom de línguas. Uma testemunha das reuniões na rua Bonnie Brae, disse: “Eles gritaram durante três dias e três noites. Era Páscoa. As pessoas vieram de todos os lugares. No dia seguinte foi impossível chegar perto da casa. Quando as pessoas entravam elas caiam sob o poder de Deus; e a cidade inteira foi tocada. Eles gritaram lá até as fundações da casa cederem, mas ninguém foi ferido. Durante esses três dias houve muitas pessoas que receberam o Batismo. Os doentes foram curados e os pecadores eram salvos assim que entravam.”
Sabendo que a casa na rua Bonnie Brae estava ficando pequena demais para as multidões, Seymour e os outros procuravam um lugar para se reunir. Eles acharam um prédio na Rua Azuza, número 312, que tinha sido uma Igreja Metodista Episcopal, mas depois de ser danificado num incêndio, foi utilizado como um estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros , e construir um púlpito com duas caixas de madeira, e bancos de tábuas, o primeiro culto foi realizado na Rua Azuza no dia 14 de abril de 1906. As reuniões começavam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e as vezes vão até as duas ou três horas da madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caídos no poder de Deus. As pessoas estão no altar três vezes por dia, e fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e reocupadas com os que estão buscando. Não podemos dizer quantas pessoas tem sido salvas, e santificadas, e batizadas com o Espírito Santo, e curadas de todo tipo de enfermidade.
Muitos estão falando em novas línguas e alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos da rua azuza: O irmão Seymour normalmente se sentava atrás de duas caixas de sapatos vazias, uma em cima da outra.Ele costumava manter sua cabeça dentro da caixa de cima durante a reunião, em oração. Não havia nenhum orgulho lá. Os cultos continuavam quase sem parar. Almas sedentas poderiam ser encontradas debaixo do poder quase qualquer hora, da noite ou do dia. O lugar nunca estava fechado ou vazio. As pessoas vieram para conhecer a Deus ´e Ele estava lá. Consequentemente, foi uma reunião contínua. A reunião não dependeu do líder humano. Naquele velho prédio, com suas vigas baixas e com chão de barro, Deus despedaçou homens e mulheres fortes, e os juntou novamente para a sua glória. Era um processo tremendo de revisão.
O orgulho e a auto-asserção, o ego e a auto – estima, não podiam sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio sermão funerário rapidamente. Nenhum assunto ou sermão foi anunciado de antemão, e não houve nenhum pregador especial para qualquer hora. Ninguém sabia o que poderia acontecer, ou oque Deus iria fazer. Tudo foi espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós queríamos ouvir de Deus, através de qualquer um que Ele pudesse usar para falar. Nós tivemos nenhum respeito das pessoas. O rico e educado foi igual ao pobre e ignorante, e encontrou uma morte muito mais difícil para morrer. Nós reconhecemos somente a Deus. Todos foram iguais. Nenhuma carne poderia se orgulhar na presença Dele. Ele não pode usar o opiniático. Essas foram reuniões do Espírito Santo, conduzidas por Deus. Teve de começar por um ambiente pobre, para manter o elemento egoísta, humano, ao lado de fora. Todos entraram juntos com humildade, aos pés Dele. Em outubro de 1906, Charles Parham foi convidado a falar em uma série de reuniões na Rua Azuza, mas foi rapidamente dispensado. Muitas razões podem ser dadas para a sua dispensa da Azuza.
Em primeiro lugar, Parham tinha conflitos pessoais com Seymour e queria ser a figura de autoridade principal do movimento que estava tomando lugar, mas os líderes presidentes da Missão de Fé Apostólica demoraram em fazer algumas mudanças em seus métodos de liderança. Parham não se conformava com a integração racial do movimento, e criticou as manifestações que ele viu nas reuniões: “Homens e mulheres, brancos e negros, se ajoelham juntos ou caem uns sobre os outros, uma mulher branca, talvez com riqueza e cultura, podia se ver lançada nos braços de um “homem negro”, e permanecia firmemente assim se estremecendo e sacudindo em uma louca imitação do pentecostes. Horrível,uma vergonha terrível.” Dessa visita de Parham a Missão da Rua Azuza, resultou em divisão do movimento e o estabelecimento de uma missão rival. A Missão da rua Azuza começou a diminuir a medida em que outras missões e igrejas abraçaram a mensagem e experiência do Batismo no Espírito Santo. O avivamento da Rua Azuza durou apenas três anos, mas foi um poderoso instrumento na criação do movimento pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje.
William H. Durham recebeu o Batismo no Espírito Santo em Azuza, formando missionários na sua igreja em Chicago, como E. N. Bell ( fundador da Assembléia de Deus dos EUA), Daniel Berg ( um dos fundadores da Assembléia de Deus no Brasil), e Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil). Apesar do trabalho de alguns grupos wesleyanos avivalistas, como Parham e D. L. Moody, o início do movimento pentecostal difundido nos Estados Unidos, é geralmente considerado como tendo começado com Seymour no avivamento da Rua Azuza.
nascido em 1870, filho de ex-escravos, católicos, converteu-se na igreja Metodista durante a sua adolescência.Logo entretanto, ele se uniu ao movimento da Igreja de Deus Reformada em Anderson, Indiana. Naquele tempo o grupo era chamado de: “Os Santos da Luz do Alvorecer”. Enquanto estava com aquele grupo de santidade, ele foi separado para ser um pregador. Em Cincinnati, Ohio, depois de um surto quase fatal de varíola, rendeu-se a chamada ministerial. A varíola o deixou cego de um olho, e com marcas na face, e, pelo resto da vida ele usou barba para esconder aquelas marcas. Em 1895, com 25 anos, mudou-se para Indianápolis onde inicialmente exercia a função de garçom e posteriormente de representante comercial.
Em Indianápolis frequentava a Igreja Metodista Episcopal, uma igreja predominantemente negra. Em 1905, mudou-se para Houston, onde passou a frequentar a recém-formada escola bíblica de Charles Fox Parham em uma cadeira colocada no corredor, por causa das leis de segregação racial (As Leis Jim Crow, foram leis estaduais e locais decretadas nos estados sulistas e limítrofes nos Estados Unidos da América, em vigor entre 1876 e 1965, e que afetaram os afro-americanos, asiáticos e outras raças. A “época Jim Crow” ou a “era de Jim Crow” se refere ao tempo em que esta prática ocorria. As leis mais importantes exigiam que as escolas públicas e a maioria dos locais públicos (incluindo trens e ônibus) tivessem instalações separadas para brancos e negros. Estas Leis de Jim Crow foram distintas dos “Black Codes (1800-1866), que restringiam as liberdades e os direitos civis dos afro-americanos. A segregação escolar patrocinada pelo estado, foi declarada inconstitucional pela Suprema Corte em 1954, no caso: Brown v. Board of Education. Todas as outras leis de Jim Crow foram revogadas pelo “Civil Acts de 1964”. O humilde servo de Deus suportou a injustiça com graça. Seymour foi um homem com aguçado intelecto.
Em poucas semanas ele se tornou bastante familiarizado com essa doutrina. Foi aí que aprendeu as doutrinas do movimento Holiness e desenvolveu a crença em glossolalia (mais conhecida como dom de línguas) como prova do batismo com o Espírito Santo. Durante esta época Seymour era pastor interino de uma pequena igreja de santidade no Texas. Neely Terry, uma mulher afro-americana que participou de uma pequena igreja liderada por Julia Hutchins em Los Angeles, fez uma viajem para visitar alguns familiares em Houston ao final de 1905, e estando em Houston, ela visitou a igreja de Seymour, onde ele pregou que a evidência do batismo no Espírito Santo era o falar em línguas, embora ele mesmo, não houvesse recebido o batismo no Espírito Santo, Terry ficou impressionada com o seu caráter e mensagem. De volta em sua casa na Califórnia, Terry sugeriu que Seymour fosse convidado para falar na igreja local. Seymour recebeu e aceitou o convite em fevereiro de 1906, ele recebeu ajuda financeira e a benção de Parham, em uma visita prevista para um mês. Seymour chegou a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906, e por dois dias pregou na igreja de Julia Hutchins na esquina da rua Nona com Avenida Santa Fé, durante seu primeiro sermão ele pregou que a evidência do batismo no Espírito Santo, era o falar em línguas estranhas. No domingo seguinte, 4 de março, ele voltou a igreja e soube que Hutchins fechara a porta com cadeado.
Os anciões não aceitaram o ensinamento de Seymour, principalmente porque ele não havia experimentado o que estava pregando. A condenação de sua mensagem também veio da Associação da Igreja de Santidade do Sul da Califórnia, com a qual a igreja de Hutchins estava filiada. Nesta época as igrejas de Holiness (“Santidade”), descendentes da Igreja Metodista, ensinavam que o Batismo com o Espírito Santo, a chamada “segunda benção”, significava uma santificação, e não uma experiência de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do Batismo no Espírito Santo. A mensagem de Parham, porém, foi que o Batismo no Espírito Santo deve ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas estranhas como evidência inicial do mesmo, Seymour logo foi excluído daquela congregação. Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro, nem passagem para voltar para Houston, Seymour foi hospedado por Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde, por Richard Asbery. Seymour ficou em oração, aumentando o seu tempo diário de oração para sete horas por dia, pedindo a Deus que lhe desse: “Aquilo que Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram.” Uma reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número 214. O grupo levantou uma oferta para poder trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour, que tinha recebido o Batismo no Espírito Santo, na cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou por Edward Lee que caiu no chão e começou a falar em línguas estranhas.
Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo caiu na reunião de oração na rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começaram a falar em línguas. Jennie Moore, que mais tarde se casou com Seymour, começou a cantar e a tocar piano, apesar de nunca ter aprendido a tocar o mesmo. A partir dessa noite a casa na Rua Bonnie Brae ficou lotada com pessoas buscando o Batismo no Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio Seymour recebeu o Batismo e o dom de línguas. Uma testemunha das reuniões na rua Bonnie Brae, disse: “Eles gritaram durante três dias e três noites. Era Páscoa. As pessoas vieram de todos os lugares. No dia seguinte foi impossível chegar perto da casa. Quando as pessoas entravam elas caiam sob o poder de Deus; e a cidade inteira foi tocada. Eles gritaram lá até as fundações da casa cederem, mas ninguém foi ferido. Durante esses três dias houve muitas pessoas que receberam o Batismo. Os doentes foram curados e os pecadores eram salvos assim que entravam.”
Sabendo que a casa na rua Bonnie Brae estava ficando pequena demais para as multidões, Seymour e os outros procuravam um lugar para se reunir. Eles acharam um prédio na Rua Azuza, número 312, que tinha sido uma Igreja Metodista Episcopal, mas depois de ser danificado num incêndio, foi utilizado como um estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros , e construir um púlpito com duas caixas de madeira, e bancos de tábuas, o primeiro culto foi realizado na Rua Azuza no dia 14 de abril de 1906. As reuniões começavam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e as vezes vão até as duas ou três horas da madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caídos no poder de Deus. As pessoas estão no altar três vezes por dia, e fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e reocupadas com os que estão buscando. Não podemos dizer quantas pessoas tem sido salvas, e santificadas, e batizadas com o Espírito Santo, e curadas de todo tipo de enfermidade.
Muitos estão falando em novas línguas e alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos da rua azuza: O irmão Seymour normalmente se sentava atrás de duas caixas de sapatos vazias, uma em cima da outra.Ele costumava manter sua cabeça dentro da caixa de cima durante a reunião, em oração. Não havia nenhum orgulho lá. Os cultos continuavam quase sem parar. Almas sedentas poderiam ser encontradas debaixo do poder quase qualquer hora, da noite ou do dia. O lugar nunca estava fechado ou vazio. As pessoas vieram para conhecer a Deus ´e Ele estava lá. Consequentemente, foi uma reunião contínua. A reunião não dependeu do líder humano. Naquele velho prédio, com suas vigas baixas e com chão de barro, Deus despedaçou homens e mulheres fortes, e os juntou novamente para a sua glória. Era um processo tremendo de revisão.
O orgulho e a auto-asserção, o ego e a auto – estima, não podiam sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio sermão funerário rapidamente. Nenhum assunto ou sermão foi anunciado de antemão, e não houve nenhum pregador especial para qualquer hora. Ninguém sabia o que poderia acontecer, ou oque Deus iria fazer. Tudo foi espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós queríamos ouvir de Deus, através de qualquer um que Ele pudesse usar para falar. Nós tivemos nenhum respeito das pessoas. O rico e educado foi igual ao pobre e ignorante, e encontrou uma morte muito mais difícil para morrer. Nós reconhecemos somente a Deus. Todos foram iguais. Nenhuma carne poderia se orgulhar na presença Dele. Ele não pode usar o opiniático. Essas foram reuniões do Espírito Santo, conduzidas por Deus. Teve de começar por um ambiente pobre, para manter o elemento egoísta, humano, ao lado de fora. Todos entraram juntos com humildade, aos pés Dele. Em outubro de 1906, Charles Parham foi convidado a falar em uma série de reuniões na Rua Azuza, mas foi rapidamente dispensado. Muitas razões podem ser dadas para a sua dispensa da Azuza.
Em primeiro lugar, Parham tinha conflitos pessoais com Seymour e queria ser a figura de autoridade principal do movimento que estava tomando lugar, mas os líderes presidentes da Missão de Fé Apostólica demoraram em fazer algumas mudanças em seus métodos de liderança. Parham não se conformava com a integração racial do movimento, e criticou as manifestações que ele viu nas reuniões: “Homens e mulheres, brancos e negros, se ajoelham juntos ou caem uns sobre os outros, uma mulher branca, talvez com riqueza e cultura, podia se ver lançada nos braços de um “homem negro”, e permanecia firmemente assim se estremecendo e sacudindo em uma louca imitação do pentecostes. Horrível,uma vergonha terrível.” Dessa visita de Parham a Missão da Rua Azuza, resultou em divisão do movimento e o estabelecimento de uma missão rival. A Missão da rua Azuza começou a diminuir a medida em que outras missões e igrejas abraçaram a mensagem e experiência do Batismo no Espírito Santo. O avivamento da Rua Azuza durou apenas três anos, mas foi um poderoso instrumento na criação do movimento pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje.
William H. Durham recebeu o Batismo no Espírito Santo em Azuza, formando missionários na sua igreja em Chicago, como E. N. Bell ( fundador da Assembléia de Deus dos EUA), Daniel Berg ( um dos fundadores da Assembléia de Deus no Brasil), e Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil). Apesar do trabalho de alguns grupos wesleyanos avivalistas, como Parham e D. L. Moody, o início do movimento pentecostal difundido nos Estados Unidos, é geralmente considerado como tendo começado com Seymour no avivamento da Rua Azuza.
O avivamento na rua Azuza foi o primeiro
avivamento pentecostal a receber atenção significativa, e muitas pessoas de
todo o mundo, tornaram-se atraídas por ele. A imprensa de Los Angeles deu muita
atenção ao avivamento de Seymour, ainda que de uma forma muito negativa, mas
que ajudou a alimentar o seu crescimento. O maior jornal de circulação da época
o “Los Angeles Time” enviou um jornalista ao local do movimento e a matéria foi
publicada no dia 18 de Abril de 1906. O jornalista chamou o acontecido de
“Torre de Babel”, criticou duramente o irmão Seymour, e chamou a igreja de
fanáticos – No mesmo dia a cidade de São Francisco sofreu um dos maiores
terremotos da sua história. Enquanto isso o movimento pentecostal crescia em
número e graça, para além dos limites de Los Angeles. Um número de novos grupos
menores iniciou-se inspirados nos acontecimentos deste avivamento, por exemplo:
C. H. Maison fundador da “Igreja de Deus em Cristo”, e na sua fundação mais de
350 pastores brancos se juntaram a Maison, e os pastores brancos eram liderados
por bispos negros. Esse foi um dos grandes milagres do pentecostes. A Igreja de
Deus em Cristo foi legalmente registrada no governo federal, e qualquer um que
fosse ordenado por eles, podiam conseguir uma redução nos impostos de até 50%
da taxa normal, então muitos pastores brancos frequentavam a igreja de Maison,
que lhes ordenava e lhes dava licença para abrirem novas filiais da Igreja de
Deus em Cristo. E isso fez surgir o pragmatismo no meio do movimento que era
essencialmente espiritual e uma vez entrando o pragmatismo estava preparado o
caminho para o preconceito, a separação e tudo o mais.
No movimento da Rua Azuza as lideranças
expressivas eram negros e mulheres, o que contrariava a cultura da época, ou
seja era uma contracultura. No ínicio do avivamento a integração entre raças,
homens e mulheres era muito natural e normal, pois o Espírito Santo era muito
presente no meio deles, cumprindo o que está escrito em Gálatas 3.28: “ Nisto não há judeu nem grego; não há servo
nem livre; não há macho nem fêmea; pois todos vós sois um em Cristo.” Com o cumprimento desse
versículo, o Espírito Santo deu a resposta para um mundo segregacional e
racista 50 anos antes da legislação dos direitos civis. Vendo o que aconteceu
naqueles dias, temos a consciência do que acontece no meio dos homens quando o
Espírito Santo está se manifestando com a sua presença e o seu poder.
Logo
cedo os pentecostais foram incentivados por seu entendimento de que todo o povo
de Deus poderia profetizar nos últimos dias antes da segunda vinda de Cristo.
Eles olharam para as passagens bíblicas sobre o Pentecostes, em que Pedro citou
a profecia contida em: Joel 2.28 – 29: “E há de ser que, depois, derramarei o Meu
Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os
vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os
servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o Meu Espírito”. Assim, quando a experiência de falar em línguas
(Não apenas isto, mas uma verdadeira efusão dos Dons espirituais se
manifestavam na igreja: Palavra da sabedoria, palavra da ciência, o dom da fé,
os dons de curar, operação de maravilhas, dom de profecia, o dom de discernir
os espíritos, dom de variedades de línguas e também de interpretação de
línguas. ), espalhou-se entre os homens e as mulheres da Rua Azuza, um sentido
urgente tomou conta, quando eles começaram a olhar para a segunda vinda de Cristo. No início os
pentecostais se viam como peregrinos na
sociedade, dedicando-se exclusivamente a preparar o caminho para a volta de
Cristo.
O Pentecostalismo, como qualquer outro
movimento importante, deu origem a um grande número de organizações com
diferenças políticas, sociais e teológicas. O movimento inicial foi
contracultural: Afro-americanos e as mulheres foram importantes líderes do avivamento
da Rua Azuza, o que ajudou a espalhar a mensagem Pentecostal muito além de Los
Angeles. Com o avivamento começando a diminuir, no entanto, diferenças
doutrinárias começaram a surgir, com a pressão da evolução social, cultural e
política da época e isso começou a afetar a igreja. Como resultado, mais
divisões, isolacionismo, sectarismo e mesmo o aumento do extremismo já eram
aparentes. Isto se torna uma advertência para nós, pois quando vemos nas
igrejas a manifestação do preconceito, da soberba, do autoritarismo, da falta
de consideração entre o povo e a liderança, e da liderança contra o povo, onde
muitas vezes prevalece a hipocrisia, onde vemos uma pessoa falar uma coisa e
fazer outra, onde não há transparência e sinceridade, a não ser nas palavras,
mas não nas ações. Onde o rancor e a retaliação está na ordem do dia, ou seja
quem pode mais, chora menos.
Quando
Cristo encontrou Pedro após a sua ressurreição, Ele não foi agressivo com o
mesmo apesar de o mesmo o haver negado por três vezes, mas o acolheu com amor e
compaixão, levando-o ao arrependimento e a contrição, e ainda dando-lhe uma
responsabilidade de cuidar da sua igreja. Porém hoje se alguém ousar falar
alguma coisa que não seja aquilo que agrade a todo o mundo, quero dizer a todos
os “líderes”, os mesmos, que não tem a sabedoria de Cristo, então partem para a
retaliação usando os púlpitos para liberar a sua agressividade, e o seu poder
eclesiástico para retaliar e podar o tal que ousou pensar fora da cartilha
denominacional, e ainda se justificando cheios de uma falsa indignação como se
estivessem defendendo a igreja contra uma heresia; e nem sequer param para
analisar o que foi falado, pois eu tenho a nítida impressão que os mesmos não
conseguem nem sequer interpretar um texto com clareza e com consciência, ou
seja , deixam-se levar pelo emocionalismo e pelos pruridos denominacionais e clericais,
e com isso perdem a capacidade de julgar os fatos com equilíbrio emocional e
com a verdadeira sabedoria.
Agora voltando ao movimento da Rua Azuza, já
era possível sentir que as coisas não durariam muito pois a igreja se deixava
moldar pela cultura secular. Durante o período de 1907 a 1914, houve muita
discussão sobre o assunto da situação entre brancos e negros e uma agitação
tomava corpo nas igrejas do que se deveria fazer. Esses pastores, na verdade,
não queriam ficar sobre a liderança dos negros. Muitas comunidades evangélicas
da época eram intolerantes quanto a questão racial e caçoavam dos pastores
brancos que eram dessas igrejas pentecostais. Então desviando-se dessa direção
que o Espírito Santo havia indicado para seguirem, pela pressão da cultura
social, os pastores brancos se organizam e vão para Hot Springs no Arkansas, em
abril de 1914, sem convidar os seus irmãos negros, fazem uma reunião; chegando
a um consenso de que todos os pentecostais brancos se colocariam sob a égide do
título: “Assembléia de Deus”. Enquanto os irmãos negros continuariam na “Igreja
de Deus em Cristo”; e na incapacidade de explicar uma coisa dessas, eles se
justificaram dizendo que: Uma igreja branca evangelizaria melhor os brancos ,
enquanto uma igreja negra evangelizaria melhor os negros, simples assim!!! A
verdade é que eles não quiseram pagar o preço que teriam de pagar se
mantivessem a postura dada pelo Espírito Santo, e então se “conformaram” com a
cultura secular. A partir de 1924 os pentecostais americanos passaram a ter
vidas separadas, nessa época William Seymour já havia falecido.
Em 1948 quando
os pentecostais americanos formaram a:
“Associação Nacional de Evangélicos”, os negros não foram convidados,
então eles também formaram a:
“Associação de Igrejas Pentecostais da América”, e isto foi criticado no
mundo todo. Os movimentos europeus e antiamericanos, acharam que isto era uma
grande tragédia. As igrejas americanas foram muito criticadas por mandar
dinheiro para a África, mas não fazer nada pelos negros da América.
O Milagre de Memphis
Depois de 80 anos de separação alguns líderes
da “Assembléia de Deus” americana, e da “Igreja de Deus em Cristo”, se uniram
para uma reconciliação em 1994, na cidade de Memphis. Então Thomas E. Trask
Presidente geral das Assembléias de Deus Americanas , e o bispo G. E.
Patterson, da Igreja de Deus em Cristo, se comprometeram com esta causa, e em
uma cerimônia pública posterior; um pastor branco lavou os pés de um pastor
negro, ao mesmo tempo em que um pastor negro lavava os pés de um pastor branco.
Também o bispo Charles Blake, da Igreja de Deus em Cristo, lavou os pés do pastor
Thomas E. Trask e também o pastor Thomas E. Trask, fez o mesmo, com o bispo
Charles Blake. Sendo que desta forma 80 anos de injustiça e separação foram
reparados, em parte, publicamente diante de Deus e do mundo.
Como temos visto até aqui, Deus se manifestou
no meio dos homens em 1906, através da instrumentalização de pessoas que eram
rejeitadas pela sociedade da época no que se refere a liderança e a iniciativa;
que eram os negros as mulheres e os pobres, e esta manifestação levou tudo a
sua frente, como se fosse um tsunami espiritual, nenhuma resistência foi
suficiente, pois o avivamento transbordou pelas fronteiras americanas e avançou
pelo mundo afora salvando, transformando, libertando e curando com
demonstrações de poder espiritual que não podiam ser negados, pois nunca tinham
sido vistos nessa geração, com tal abundância e grandiosidade, e apesar das
muitas resistências a pregação do evangelho, na época dos fatos, nunca houve um
avanço tão poderoso e rápido pelo mundo, na história; como o foi nessa época,
com a exceção talvez do tempo dos apóstolos. Mas como foram homens falhos que
Deus usou, a marca da imperfeição humana, legou esta mancha sombria que foi o golpe que os
pastores brancos deram nos pastores negros e também nas incipientes lideranças
femininas que foram esvaziadas dali para frente. Isto foi algo triste e
deprimente mas que no caso citado, foi reparado, em parte, através da
reconciliação em 1994, na cidade de Memphis.
E uma
das coisas que me chama muito a atenção é que todo este problema foi gerado e
acontecido não no meio do povo simples, mas no meio das lideranças. Nos dias de
hoje também é muito perceptível que uma grande parte dos problemas atuais das
igrejas, principalmente pentecostais e neopentecostais também está no meio das
lideranças, pois as mesmas com o poder de decisão nas suas mãos, não buscam
sabedoria de Deus, e não se esforçam para que a igreja do Senhor seja melhor
qualificada, ficam acomodados nos seus postos bem remunerados, e vão
acompanhando a corrente, não se esforçam para tomar atitudes que venham mudar
esse estado de coisas. É bem verdade que existe um remanescente fiel, mas que
não consegue vencer a resistência da maioria, são como Jeremias modernos
tentando lutar contra um clero poderoso, porém cego e corrompido e de uma
grande agressividade que não medem esforços para calar esse remanescente fiel.
Usam a Palavra de Deus para ameaçar, intimidar do alto das suas autoridades e
não demonstram nenhuma compaixão, como Cristo fazia com aqueles que o
prejudicavam, fazendo esforços hercúleos para reconquistá-los para o Reino do
Pai; como foi no caso de Pedro e até mesmo com Judas que o traiu, ainda no
derradeiro instante, tentou trazê-lo de volta, mas o mesmo não o aceitou. No
dia em que os líderes pentecostais e neopentecostais, se despirem das suas
agressividades e intolerâncias, e se revestirem da humildade de Cristo, de
verdade e de fato; e não apenas de língua, como acontece atualmente; a igreja
renascerá novamente, como foi nos dias desse grande servo de Deus: William J.
Seymour.
O Movimento Pentecostal no Brasil
A mensagem pentecostal chegou no Brasil por
intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram
em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos
Estados Unidos. Porém vindo ao Brasil em 20 de abril de 1910, Louis Francescom,
um ítalo-americano, mais ou menos sete meses antes de Gunnar Vingren e Daniel
Berg, Pregando também a mensagem pentecostal, só que vindo pelo sul do Brasil.
Francescom realizou o primeiro batismo em Santo Antonio da Platina, Paraná,
batizando o italiano Felício Mascaro e mais dez pessoas; depois dirigiu-se para
a cidade de São Paulo, onde foram batizadas mais vinte pessoas. Durante alguns
anos, os fiéis reuniram-se sem denominação e após adquirirem o primeiro prédio,
na cidade de São Paulo, foi escolhido o nome “Congregação Christã do Brasil”,
oficializado quando da realização da Convenção, em 1936. Alterado nos anos de
1960 por questões internas substituiu-se “do” pela contração “no”. Possuiu
maioria italiana até a década de 1930, quando então passaram a preponderar as
demais etnias; desde 1950 está presente em todo território brasileiro e em
diversos países. Nos anos de 1927, na cidade de Niagara Falls, NY, houve uma
convenção da Congregação Cristã, quando foram definidos os seus “doze Artigos
de Fé”.
Agora voltando aos pioneiros da
mensagem pentecostal assembleiana, nós sabemos que a princípio frequentaram a
Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam na Suécia. Eles traziam a
doutrina do Batismo com o Espírito Santo, com a glossolalia ( o falar em
línguas estranhas ), como evidência inicial do Batismo com o Espírito Santo. A
manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos
Estados Unidos, e também de forma isolada em outros países, principalmente
naquelas que eram conduzidas por Charles Parham, mas teve seu apogeu inicial
através de um dos seus principais discípulos; um pastor leigo e negro, chamado
de William J. Seymour, na Rua Azuza, Los Angeles em 1906. A nova doutrina
trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em
duas assembléias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do
pentecostalismo foram desligados, e em 18 de junho de 1911, juntamente com os
missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de:
“Missão de Fé Apostólica”, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas
sem qualquer vínculo administrativo com William J. Seymour. A partir de então
passaram a se reunir na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde em 1918, a
nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se “Assembléia de
Deus” em virtude da fundação da Assembléia de Deus nos Estados Unidos, em 1914,
em Hot Springs, Arkansas, mas pela segunda vez, sem qualquer vínculo ou ligação
institucional com a igreja dos Estados Unidos. Não há qualquer evidência
histórica ou documental que Gunnar Vingren, soubesse dos interêsses que estavam
por trás do movimento que estavam envolvidos na fundação da Assembléia de Deus
americana.
Gunnar Vingren era formado em teologia pelo
Seminário de Teológico Sueco de Chicago, era a favor da mulher no ministério
(sua mulher era a prova disso), na década de 20, consagra uma mulher ao
diaconato, no Rio de Janeiro. E em sua época as mulheres participavam, não
apenas ouvindo, mas falando e dando palpites nas reuniões da igreja. Em todas as fotos oficiais de convenção tem
mulheres. Registra em seu diário que pregou na Congregação Cristã. E também
tinha manifestações de “risos no Espírito” de forma que não podia continuar
pregando. Tudo isto está registrado no livro: “Diário de um Pioneiro”, e também
no jornal : “Boa Semente.” Gunnar não era (como os demais Suecos e toda liderança
assembleiana da época), contra o ensino teológico e formação em seminários
teológicos, era a favor da mulher no ministério e era aberto a outras igrejas
de sua época. E tinha um pentecostalismo bem original. Ficou pouco tempo na
liderança, era um homem doente, como ele mesmo diz: “A igreja está bem liderada
por minha mulher e os obreiros”, quem liderava efetivamente era Frida.Após
levar um golpe da liderança nordestina e sueca da década de 1930,foi embora
morrendo logo em seguida, É laureado como herói atualmente, mas em vida foi
voto vencido em todos os seus projetos. Essa irmã, Frida Vingren, é a maior
heroína assembleiana, e ao mesmo tempo a maior injustiçada da história
assembleiana. Em 1917 ela sai sózinha e solteira da Suécia, passa nos EUA e vem
para o Brasil, para casar com Vingren.
Aqui canta, ora, prega, escreve mais de
80% do jornal ( Boa Semente), faz cultos no presídio, na central do Brasil,
escreve música, poesia, organiza a Harpa, escreve atas, enfim, dirige a igreja.
Seu marido desde o primeiro mês no Brasil é um homem doente de malária, é ele
quem carrega o piano! É exatamente por isso que ela tem muitos inimigos ( desde
os pastores nordestinos que não querem ser dirigidos por uma mulher, ao seu
contemporâneo Samuel Nystrom, que é contra a liderança feminina), No
livro: “História da Convenção”,
publicado pela CPAD, o jornalista Silas Daniel, resgata algumas cartas nada
amistosas que Nystrom e Gunnar, trocaram.
Frida Vingren articulou-se como escritora de
diversas matérias, nos jornais oficiais da AD, como os jornais Boa Semente, O
Som Alegre e Mensageiro da Paz (este último agregou os dois primeiros). Ela
escrevia mensagens evangelísticas e traduzia vários outros textos e hinos da
língua escandinava. Foi também comentarista das Lições Bíblicas da Escola
Dominical (hoje revista Oficial da CGADB para a Escola Dominical) na década de
1930. Além de excelente escritora, Frida sempre se dedicou à música. Cantava,
tocava órgão, violão e compunha hinos de grande valor espiritual. Vinte e três
hinos da harpa, são de sua autoria, e alguns destes tem forte essência
escatológica. Frida ao que parece não foi simplesmente uma colaboradora no
processo de implantação da AD. Ela foi, juntamente com seu marido, a principal
líder da igreja entre 1920 e 1932. Gedeon de Alencar alega que, Daniel Berg é
inexpressivo como liderança e Vingren é doente, ficou pouco tempo na liderança,
fica a dúvida sobre quem de fato dirigia e dava “as cartas” nessa igreja em
seus primeiros anos: Frida Vingren. O modelo de liderança de Frida Vingren,
segundo relata Gedeon de Alencar, incomodou muito a liderança masculina da AD.
Frida é o modelo de uma líder completa, numa época em que as mulheres ainda não
participavam da vida política do Pais, nem mesmo como eleitoras, mas a AD
permite que elas, excepcionalmente, sejam pastoras e ensinadoras. O que
incomoda então é a influência de Frida Vingren? Com certeza. Ele prega, canta,
toca, escreve poesia textos escatológicos, visita hospitais, presídios, realiza
cultos e – nada comum – dirige a igreja na ausência do marido (e na presença
também), na foto dos missionários que participaram da Convenção de Natal que
foi realizada no Rio Grande do Norte em 1930, ela é a única mulher que
aparece. Onde estão as outras esposas
dos missionários e pastores? Frida chega a escrever um texto no Mensageiro da
Paz, disciplinando a conduta dos obreiros. Ela é vista como uma mulher
extraordinária.
Ivar Vingren, seu filho, argumenta que a esposa do irmão
Vingren, foi uma missionária fiel, perseverante e zelosa, que além do cuidado
pela família, soube participar e no trabalho do seu esposo. Grande é a multidão
de almas que ela ganhou para Jesus, durante esses anos de luta junto com o seu
esposo. É muito complicado vê-la somente como colaboradora ou à sombra de
Vingren, Frida desabafa: “Gunnar tem estado enfermo a tanto tempo, que faz
muito tempo que ele nem tem podido participar do trabalho”. Por causa da
enfermidade de Gunnar Vingren, este não teve o tempo e a energia suficiente
para poder assumir o trabalho. Quem assume o trabalho integralmente é Frida,
apesar de Samuel Nystrom (teórica e documentalmente) , ser o segundo dirigente
da igreja na ausência de Gunnar Vingren.
O fato é que Frida Vingren, com o agravamento
da enfermidade do seu marido, foi preterida pela liderança nacional. Em 1932,
por causa do estado de saúde de Gunnar, toda a família Vingren é “obrigada” a
voltar à Suécia para cuidar da saúde de Gunnar. Neste mesmo ano, antes de
voltar para a Suécia, o casal Vingren sofre com a morte da sua filha caçula.
Frida perde o que lhe é mais precioso, no período de dois anos, (1932-1933).
Perde sua filhinha, é forçada pelas circunstâncias explícitas (doença do
marido), e implícitas ( A oposição da liderança masculina e nacionalista), a
deixar o trabalho eclesiástico por ela exercido e suportar a perda (por
falecimento), do seu marido.
Sete anos
depois do falecimento de Gunnar, Frida também entra pelas portas das mansões
celestiais, e as obras das suas mãos a acompanharam e naquele dia, tudo se
revelará. Frida Vingren é o típico modelo de mulher pentecostal que exerceu o
seu ministério pastoral na periferia do poder clerical, é o protótipo de
liderança silenciada, e infelizmente marginalizada nas AD.
Este resumo da história do avivamento da rua
Azuza, nos mostra como Deus opera maravilhas quando acha um instrumento de
acordo com a sua vontade. Através de um homem sem nenhuma qualificação humana
que o apresentasse a sociedade, saído das mais baixas classes da população,
rejeitado pelos homens e até por aqueles que, pelo fato de conhecerem a
verdade, deveriam ser mais compassivos, mas não o foram.
Deus levantou uma
grande obra que perdura até os nossos dias. Mas o que aprendemos aqui é que os
homens sempre voltam a cometer os mesmos erros. Os que mais prejudicaram o
movimento foram sempre os “líderes”, quando deveriam ser os guardiões do mesmo.
Nos EUA, os negros foram prejudicados cruelmente. Com justificativas falsas e
dissimuladas, as mulheres também. Custa-nos crer que homens que proclamam a
Palavra de Deus possam agir com tamanha astúcia. Aqui no Brasil não foi
diferente, pois o tratamento cruel que as “lideranças nacionais junto com os
missionários suecos” deram ao casal Vingren, foi abominável. Por causa de
diferenças doutrinárias que poderiam ser resolvidas, com civilidade e dentro do
amor cristão, resvalaram para a politicagem com o intuito de tomar o poder a
qualquer custo. Foi algo inominável. E o pior de tudo isso é que os líderes
atuais das AD, nunca se desculparam nem se retrataram pelo agravo que foi feito
a à esses amados irmãos; muito pelo contrário, apagaram da história os feitos
heróicos dessa mulher, valorosa e nunca reconheceram o mal que lhe causaram.
Eu
estou a tanto tempo na AD, e nunca fiquei sabendo de uma coisa destas! Mas
agora Deus levantou pessoas para resgatar essa injustiça, pessoas estas a quem
eu fico muito grato por levantarem o véu desse fato lamentável. E é com prazer
que coloco todos os créditos daqueles que fizeram tal revelação da história
passada para nos conscientizar, que tudo que os homens fizerem nesta terra,
será revelado, mais cedo ou mais tarde, e nada ficará escondido. Isto é uma
advertência para os “líderes de hoje”. O que vocês estão fazendo com a igreja
de Jesus cristo, será revelado no futuro, ainda que vocês hoje digam e afirmem
que estão trabalhando para “Deus”, e não para os seus “próprios ventres”, a
história ira julgá-los no futuro, se não estiverem andando e edificando dentro
da justiça e da verdade, voces serão desmascarados, sem dúvidas.
“ A justiça e a Verdade São a Base do Trono
de Deus”
Com amor em Cristo
Veredarius
Bibliografia
A História do Avivamento da Rua Azuza
Frank
Bartleman
Dicionário do Movimento Pentecostal
Isael
de Araújo
Editora
CPAD
Entrevista Com o Sociólogo Gedeon Freire de
Alencar
Para o
Blog de Teologia Pentecostal
Gunnar Vingren: O Diário de Um Pioneiro
Ivar
Vingren
Editora
CPAD
Todo o Poder aos Pastores, Todo o Trabalho ao
Povo, e Todo Louvor a Deus:Assembléia de Deus: Origem, implantação e Militância
1911-1946
Gedeon
Freire de Alencar (Dissertação: Mestrado em Ciências da Religião – Curso de
Pós-Graduação em Ciências da Religião, Universidade Metodista de São Paulo, São
Bernardo do Campo/SP, 2000
Sexismo e Religião: Rumo a Uma Teologia Feminista
Editora
Sinodal, São Leopoldo/RS, 1993
Rosemary
Radford Ruether
Documentário: O Avivamento da Rua Azuza
Escrito
Por: Leon Isaac Kennedy e Tim Story
Produzido
Por: Matt Long
História da Convenção
Editora
CPAD
Silas
Daniel
Desenho de Capa:
Ipibicara.wordpress.com
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